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Surra de Lúpulo Ep.119 – Mitos Cervejeiros com Henrique Boaventura

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No episódio de hoje do Surra de Lúpulo, vamos dar continuidade ao bate papo de mitos cervejeiros, aquelas fake news que rolam na mesa de bar e todo mundo acredita. Pra isso, chamamos o incrível Henrique Boaventura, cervejeiro caseiro desde 2012, Juiz Nacional da BJCP, sommelier e host do podcast Brassagem Forte. Ouça na íntegra:

 

 

Mito cervejeiro 1: Cervejas puro malte são um atestado de qualidade?

 

Boaventura em 7’43”: Já vou começar dizendo que isso é um mito, ta? Se a gente soubesse a quantidade de desgraça que é feita usando somente malte… e olhando pro outro lado, a gente vê a quantidade de cervejas que são lindas, saborosas, são ricas de sabores que são feitas usando adjuntos não maltados, a gente ficaria abismado. Aqui eu acho que o departamento de marketing age forte. Ele coloca cerveja puro malte como ponto de diferenciação de cervejas que levam adjunto. É muito relacionado para mim, direcionado pelo departamento de marketing. 

 

Mito cervejeiro 2: Cerveja artesanal é mais forte que cerveja mainstream?

 

Boaventura em 10’18”: O que a gente se refere quando fala mais forte? A gente tá falando de cerveja mais alcoólica, sabor mais intenso? Independente da resposta que a gente dê pra essa pergunta, a gente pode considerar um mito. A cerveja artesanal é ou deveria ser uma cerveja que preza por qualidade, aroma, e sabores de qualidade. Se a gente olha no mercado essas linhas de lagger mainstream, principalmente as baratas que encontramos no mercado, a gente tem uma diferença de sabor muito pequena. E elas estão muito orientadas pelo departamento de marketing a agradar pessoas que não estão buscando uma cerveja diferente. Quando a gente olha outros estilos, a gente tem toda uma preocupação de rotatividade que a cerveja vai ter, então pode ocorrer de alguns estilos olhando para intensidade inferior pra ficar dentro do budget. Pra ficar no orçamento que a cervejaria tem pra fabricar aquele estilo. Quando no mercado artesanal é inverso; em geral as cervejarias estão buscando mais intensidade de aromas e sabores para se destacar, buscando intensidade de sabores. 

 

Mito cervejeiro 3: Existe adição de banana e cravo nas cervejas que possuem essas características sensoriais?

 

Boaventura em 13’57”: Esse aí é mito. Mas pode ser feito, tá? A gente pode adicionar esses aromas e sabores na cerveja. Só que não vai ser exatamente o mesmo resultado que a gente tem de uma cerveja que tem esses sabores adicionados como resultado de um processo da fabricação da cerveja. Aqui a gente tá falando principalmente das cervejas alemãs de trigo. Esse aroma de banana e cravo são subprodutos de fermentação. 

 

Mito cervejeiro 4: A Guinness usou durante muitos anos a bexiga de peixe em suas receitas. 

 

Boaventura em 17’08”: Como diria Luva de Pedreiro, receba! Porque isso é verdade. A Guinness realmente usava bexiga de peixe para fazer a sua cerveja. Não só a Guinness, muitas cervejarias do Reino Unido usavam e ainda usam uma substância chamada isinglass, que é obtida na bexiga do peixe seca. Esse isinglass é uma forma de colagem, usado para fazer a clarificação da cerveja e também do vinho.  

 

Mito cervejeiro 5: a água de determinada região é mais propícia que outras para confecção de algumas receitas de cerveja?

 

Boaventura em 22’37”: Históricamente é verdade até certo ponto. A questão de que determinadas águas de certas regiões são mais propícias para certas cervejas. Eu diria que é mais propício a gente falar que essas águas são mais apropriadas para criar estilo. Depois dessa série de malte que a gente tá fazendo no Brassagem Forte, a gente vai fazer uma série sobre águas. Tem certos íons presentes na água que acentuam sabores – alguns sabores específicos. 

 

Mito cervejeiro 6: Cerveja boa é aquela que vem trincando, que sai do “cu da foca”?

 

Boaventura em 27’11”: É um mito total. A gente vive nesse país tropical, e ao contrário de outros países, a gente anda na rua com o sol tentando matar a gente. E uma cerveja extremamente gelada é o que todo mundo quer e as cervejas mainstream querem vender cerveja. Só que envolve outro fator que envolve cervejas extremamente geladas; o que acontece quando a gente bebe essas cervejas em temperaturas muito geladas é que elas vão adormecer momentaneamente nossas papilas gustativas e vai diminuir nossa capacidade de sentir aromas e sabores. Então o que acontece é basicamente isso, adormecemos nossos sistemas gustativos para tomar uma cerveja ruim. 

 

Mito cervejeiro 7: É correto afirmar que levedura cervejeira mesmo que em quantidades pequenas produz monoetileno glicol como subproduto da fermentação?

 

Boaventura em 32’41”: Primeira coisa, isso é um mito. Monoetileno glicol e dietileno glicol são substâncias frutos de um processo químico e não são produtos de processo de fermentação. Por que estamos falando sobre isso? Porque existiu um caso de uma cervejaria que dentre o seu processo fazia uso do dietilenoglicol e isso tinha um vazamento dentro de um dos tanques de fermentação e acabou virando um caso famoso. Esse produto é mais tóxico que o monoetileno glicol, mas ambos são muito nocivos para a saúde. Eles são metabolizados pelo nosso fígado e 8g de dietileno glicol é o suficiente para matar um adulto. Agora vocês se perguntam, por que usar um produto desses? Esse produto é usado para abaixar a temperatura dos líquidos sem congelar. 

 

Mito cervejeiro 8: Existe de fato uma bolinha dentro da lata da Guinness? 

 

Boaventura em  37’19”: É verdade! Dentro da latinha de Guinness tem uma bolinha, que em inglês se chama widget, mas no brasil vamos chamar de trequinho (risos). Esse trequinho é responsável por fazer com que a lata de guinness tenha um efeito e uma sensação na boca semelhante ao que a gente tem quando servido da torneira. A Guinness tem uma apresentação quando a gente serve ela no copo, e o trequinho é basicamente uma esfera plástica que tem um micro furo e quando eles estão envasando a cerveja, esse processo é feito sob pressão usando nitrogênio. Quando a gente abre a lata, a pressão se equaliza. E como dentro do trequinho tem muito mais pressão, ela vai cuspir cerveja e nitrogênio no líquido. Fazendo com que milhões de bolhas surjam formando aquele colarinho bonito. Esse trequinho foi patenteado em 69, é velho pra caramba.

 


 

👉Ouça também Surra de Lúpulo: Receitas Cervejeiras com Beto Tempel

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