No episódio 74 do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, a literatura cervejeira nacional é o foco com Diego Masiero, co-fundador da editora Krater, especialista no tema no Brasil.
Eventos cervejeiros: o início
Formado em Educação Física, Diego se define como um agitador cultural. Em 2009, ficou intrigado ao conhecer cervejas artesanais em San Diego, mas foi em 2011 que fez seu primeiro curso na área.
Em 2013, deixou o serviço público e a educação física pra trás e em 2014, iniciou carreira na produção de eventos cervejeiros, entendendo que a parte de Comunicação e Relações públicas eram mais a sua praia, não ficando tanto na parte industrial.
Literatura cervejeira
Conhecendo cada vez mais sobre o mercado cervejeiro e tudo o que está em volta do meio, Diego observou que a literatura cervejeira era praticamente nula em português, com os entusiastas tendo que recorrer aos livros em inglês para estudar sobre cerveja artesanal, o que não é acessível e bem solitário, dificultando a troca e difusão de conhecimento.
Ao identificar como uma demanda dos cervejeiros e pesquisadores, em 2017 deus os primeiros passos e em 2018 lançou a Krater, editora com foco no assunto cervejeiro nacional.
Inicialmente, foi tratado como um negócio paralelo para ele e seu sócio, pois é difícil transformar em um negócio viável, mas 2019 foi um ano marcante para a editora e a intenção é expandir comunicando com propósito e fortalecendo a rede.
Na pandemia, com os eventos parados, a editora recebeu mais atenção e afeto, de acordo com Diego.
Incentivo à literatura brasileira
Diego conta que desde o início, a missão da Krater é produzir conteúdo nacional, não diretamente pela editora, mas provocar o interesse dos profissionais brasileiros pelo assunto, incentivando a produção. O único título produzido no Brasil atualmente é o guia feito por André Lopes, o Advogado Cervejeiro, que já participou do Surra de Lúpulo.
Ouça o episódio com o Advogado Cervejeiro
Para ajudar a difundir e popularizar a produção de literatura, a Krater lançou um edital junto com a Academia da Cerveja visando revelar novos talentos e visões sobre o mercado cervejeiro no mundo editorial.
“A gente tem uma primeira etapa onde todos os projetos inscritos vão estar disponíveis para leitura. Os projetos ficam ali até o fim de novembro. Depois, a gente tem uma etapa de voto popular, da comunidade cervejeira ampliada, com qualquer leitor. Daí a gente tira as 10 mais votadas, que serão submetidas à avaliação de um corpo de jurados, composto por 11 integrantes. A partir dessa seleção, as três primeiras propostas vão ser apresentadas em um formato de pitching, meio reality show, ao vivo, por cada um dos proponentes. É uma campanha bem longa. A gente conclui o processo em março e a produção ainda tem alguns meses”.
Diego acredita que esse projeto é importante para criar material brasileiro que vai ajudar a desenvolver a escola cervejeira do país.
Dificuldades do mercado editorial
Com o edital lançado, Diego espera encontrar e ter em mãos produções originais para diversificar o catálogo da Krater, mas sempre teve dificuldade
“A materialização de um livro leva tempo e o retorno financeiro não é um fenômeno. A gente entende a dificuldade, mas ao mesmo tempo sabe da importância da valorização”.
“Saímos de 2 publicações no início de 2020 e chegamos a 7. Até o fim do ano teremos mais 2 publicações. Experimentamos um crescimento apesar da pandemia. Não é uma explosão, mas vamos crescendo aos poucos”.
Diego deixa claro que eles não são outsiders e entendem as dificuldades do projeto, mas continua porque vê uma crescente demanda do mercado por produtos literários cervejeiros. Para o futuro, acredita que se aproximar de associações pode ser benéfico para ambos os lados
“A gente tem um desejo de aproximação com as associações, pra verem na gente como um espaço pra mostrarem seus projetos e como uma forma de arrecadar recursos”.
