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Cervejeiro caseiro, ser ou não ser? Com Leandro Oliveira, do Cerveja Fácil

ONDE OUVIR:
Foto de capa do programa do surra de lupulo 186, com leonardo oliveira na capa e o título "cervejeiro caseiro"

No programa de hoje do Surra de Lúpulo, vamos olhar para os cervejeiros caseiros deste Brasil. Àqueles que já fazem cerveja em casa, mas também àqueles que ainda não criaram coragem para se dedicar a esse hobby. Chamamos Leandro Oliveira, dono do maior canal para o cervejeiro caseiro do YouTube, Cerveja Fácil. Ouça agora na íntegra:

✨ Deixamos o nosso agradecimento aos Mecenas Empresariais: Cerveja da CasaIris PayCervejaria UçáViveiro Van de Bergen, The Beer Agency, Prussia Bier e Passaporte Cervejeiro.

 

Mão masculina e branca segurando cevada sobre um barril de madeira. Frente à cevada se encontra lúpulo e dois copos com cerveja

 

Em nossa pesquisa, Retrato dos Consumidores de Cerveja, temos uma pergunta que quer saber qual o envolvimento das pessoas com a cerveja. E neste ano, nós pedimos que a pessoa marcasse apenas uma opção, aquela na qual ela mais se identifica dentro desse grande mercado. E pasmem, dentro do universo de 8734 – mais de 26%, se percebem como cervejeiros e cervejeiras caseiros.

Isso é muito emblemático e por isso, tivemos a ideia de fazer o episódio de hoje; um olhar para o cervejeiro caseiro do Brasil. Para começar, vamos ouvir o áudio do Douglas sobre a importância do cervejeiro caseiro no mercado:

 

📻 Áudio do Douglas: Tem três pontos principais onde o cervejeiro tem relevância no mercado cervejeiro: primeiro é como consumidor, ele está mais disposto a experimentar coisas novas, consumir cervejas extremas, lançamentos… Outro ponto, acho que como disseminador da cultura cervejeira, ele acaba introduzindo o meio cervejeiro para a família. Acaba sendo o primeiro contato com a cerveja artesanal. E também pela renovação do mercado, de pessoas que não estão preocupadas com lucro e sim de fazer o que se ama e viver disso.

 

Qual papel você enxerga do cervejeiro caseiro para a construção do mercado de cervejas especiais? 

 

Cerveja sendo servido em copo nonick

Leandro Oliveira em 06’48’’: É bem legal essa questão de apresentar, talvez ser o primeiro ponto de contato das pessoas com cerveja artesanal. Apresentar e explicar. É legal porque o cervejeiro caseiro explica muito melhor que promoter de evento, ele entrega de modos mais simples o que são os estilos de cerveja. Fora, levar para uma pessoa que não tinha, ou você levou nas férias e bebeu na rua, isso ajuda demais.

 

Lud complementa que o cervejeiro caseiro é um dos consumidores que mais gasta dinheiro no mercado cervejeiro.

 

Você notou nestes anos, nos quais você produz conteúdo e cerveja caseira: você acredita que aumentou ou diminuiu o interesse neste hobby?

 

Leandro Oliveira em 10’28’’: Tem momentos históricos. Desde que comecei o canal a tendência tem sido de crescimento muito grande. A pandemia assolou o mundo, e com isso a gente teve um boom muito grande de cerveja artesanal feita em casa. A pessoa já estava em casa, tinham tempo… Mas isso também adiantou uma demanda, as pessoas querendo fazer cerveja. A pandemia acabou e muita gente que fazia cerveja, parou. Agora tem muita gente parando, muita brewshop fechando as portas. Quem ficava fazendo cerveja, agora só faz de vez em quando. E a gente do YouTube, também sofre, antes da pandemia os números do canal estavam melhores. São fatores macroeconômicos que afetam, mas tá perigando. Muita gente desistindo. 

 

Leandro Bulkool complementa que os dados apontam para uma desaceleração do mercado.

 

Lud em 14’42’’: Vou trazer meus dois centavos aqui, primeiro trazendo o depoimento do Sandro, que é o nosso mecenas, que tem um brewpub em Niterói. Ele falou “os cervejeiros caseiros gastam mais com cervejas que muitos consumidores. Vejo muito no meu bar”. O que eu acho é que o cervejeiro caseiro não é necessariamente um geek, mas ele é um nerd da cerveja. Agora eu, que tenho experiência só de 2 brassagens que eu participei, e eu lembro do movimento de confraria aqui no Rio, que é bastante intenso, existe um festival de confrarias que era gigantesco – e aí, cara, a gente sentiu um decréscimo disso. Cada um levava seus barris, seu mini kegs, e bebiam cervejas no bar. Pode ser pelos motivos que vocês trouxeram por aqui. E aí acho que o gancho sequencial é trazer o depoimento de pessoas que pararam de fazer cerveja em casa.

 

📻 Áudio do Giovani: Bom, alguns pequenos motivos me levaram a parar. Uma delas é o espaço que ocupa, gastava 10/20l. Depois que meu filho nasceu, ficou difícil ter espaço pra produção. Outro ponto é o aumento do valor de produção. 

 

📻 Áudio do Maurício: Primeiro, eu parei por conta da preguiça mesmo, de ter que ficar lavando panela etc. Segundo, porque ficou cada vez mais difícil conseguir pagar os insumos das cervejas. 

 

Leandro Oliveira em 18’16’’: Sabe o que eu acho engraçado? Eu acompanho desde sempre. Vendo essas tendências, vendo grupos cervejeiros e vendo comentários. E cara, eu sei que eu sou um só, mas eu tento justamente fazer um tipo de conteúdo mostrando que dá pra fazer [cerveja] rápido, barato, só que eu sou um só e não adianta, não vou conseguir transformar tendências enormes. E assim, o cervejeiro caseiro é megalomaníaco, tá sempre comprando os melhores e maiores equipamentos. […] Então trabalhamos com receitas propositalmente de baixo custo, e no geral, a gente tenta sempre apresentar o preparo das cervejas de forma mais acessível. É sempre bom falar “calma, você não precisa fazer 50 litros, começa com 10 litros”.

 

Faz de conta que eu botei na cabeça que quero ser cervejeiro caseiro ou cervejeira caseira, quais são os primeiros passos e equipamentos? 

 

foto de brinde com cerveja entre vários pessoasLeandro Oliveira em 23’13’’: Mas aí tem formas e formas de você começar. Modéstia à parte, eu recomendo demais que você se inscreva no canal do Cerveja Fácil. Eu recomendo também, você fazer um curso – pode ser online. Porque aí você vai se dedicar, vai sentar e vai ouvir pra aprender. Se você quiser aprender pelo YouTube dá também. Eu recomendo que você comece com equipamento de 10 litros num sistema de uma panela só. É um fermentador e um bag, né. Esse tipo de kit é o que tem o melhor custo benefício. Porque você terminou a brassagem, dá pra deixar em cima do armário. Daí eu recomendaria inicialmente, fermentar dentro de um isopor, um cooler, para combater o calor do RJ. Caso você tenha um espaço um pouco maior, de repente uma geladeira usada ou um frigobar. Aí pra armazenar, você pode envasar em garrafa pet. Desse jeito você consegue aproximadamente 9 litros de cerveja.

 

📻 Áudio do Leandro Almeida: Bom, eu comecei a fazer cerveja porque é uma bebida que esteve presente em toda a minha vida; as festas da família e tudo o mais. Outro motivo é porque sou do interior, sou de Taquarituba (SP), uma cidade muito pequena, que também é famosa por estar perto de Agudos. Eu ouvi muito quando estava crescendo que a água de Agudos era a melhor pra fazer cerveja. E aí ficava eu e meu tio comparando as cervejas da Ambev com as de Agudos. E também, eu colecionava tampinhas de cerveja. E enfim, eu comecei a fazer cerveja por causa disso, pelas memórias.

 

📻 Áudio de Cinthia: Eu comecei a fazer cerveja deve ter uns 7 anos já, e foi um período da minha vida em que eu estava tentando decidir carreira, trabalho, dinheiro e tudo isso estava me deixando muito mal porque eu achava que tudo que era satisfatório pra mim eu só poderia fazer depois de resolver essas questões. Aí chegou uma época que eu tava bem mal, em depressão, e cerveja sempre foi algo que eu ia comprar com o meu pai, sempre gostei de experimentar cerveja com ele. E aí quando eu decidi fazer cerveja, foi algo de muito autoconhecimento porque é algo que ocupa minha vida, meu tempo livre, é meu hobby e minha principal fonte de felicidade. Pra mim, fazer cerveja e a própria cerveja sempre me trouxeram novas pessoas e momentos legais.

 

Leandro Oliveira em 34’06’’: Emocionante as palavras. Eu comecei porque eu me apaixonei por cerveja. Aí comecei a trabalhar numa loja de cerveja porque eu queria entender esse universo. É muito vasto, mas não era intimidador pra mim, cada conhecimento, cada estilo que eu degustava eu me sentia muito bem, me sentia um bom profissional. Conseguia melhorar as peças de design que eu fazia, e conseguia trocar ideias com os clientes também. E para estudar mais ainda, faltava fazer a cerveja. Pra entender de fato o que acontece com o malte, lúpulo e a levedura. E aí caí de cabeça. E a gente tá sempre estudando, aprendendo e melhorando. Quando sai cerveja boa você fica muito contente, é um hobby pra você e pros outros.

 

Lud em 35’48’’: Nossa, me identifiquei muito com os áudios, principalmente com o do Leandro Almeida. A questão de colecionismo, curiosidade, bebedeira na família… Eu tinha tudo pra ser uma cervejeira caseira. Me faltou química, meus amigos, química! E sobre o comentário da Cínthia, mecenas do surra e do brassagem, que é uma cervejeira de mão cheia. Queria agradecer a todos os relatos, mas queria valorizar a vulnerabilidade que a Cinthia mostrou. Acho isso muito importante.

 

Leandro Bulkool em 36’38’’: Eu acho legal que sempre tem esse relato emocional sobre a produção. Não é só a curiosidade ou vontade de fazer, né. Eu vivi uma parte disso quando veio a pandemia e eu passei a cozinhar todos os dias, e aí eu fui descobrindo um prazer naquilo. Eu descobri nesse tempo de cozinhar, um prazer mesmo. E olha que eu não cozinho rápido, faço tudo com calma, no meu tempo. E aí me dá aquela sensação de prazer e de pausa no dia, com tranquilidade. Claro que se você assiste à série O Urso, é impossível equiparar paz e cozinha.

 

Quais são os maiores erros que os cervejeiros e cervejeiras caseiras cometem no começo das suas produções?

 

Foto do processo de fermentação da cerveja caseiro dentro de garrafas de 10 litrosLeandro Oliveira em 38’28’’: Cara, são várias. Tem um que é meio difícil que é uma moeda de dois lados. É uma pessoa que nunca para de estudar e nunca faz cerveja. Ela fica cheia de ideias, e acha que tem que estudar tudo antes de começar. E tem gente que não cursa nada e quer fazer tudo. Mas assim, a maioria dos cervejeiros caseiros no começo podem não controlar direito a fermentação, isso deixa a cerveja meio desequilibrada, né. Por isso que eu falo, pega um cooler, joga a levedura quando a temperatura estiver certa. Esse é o principal problema. Tem também a sanitização, que é algo fácil de resolver porque é só higienizar bem os equipamentos e o ambiente de preparo. Agora, tem gente que se empolga e quando vê só faz 50 litros e aí tem muita coisa pra limpar. Façam de 10 litros, é mais tranquilo. Ou faça 20 litros, mas faça de um jeito tranquilo. Pegue um equipamento que você vai usar sempre e só vai.

 

Leandro Bulkool, aqui do Surra, levanta a possibilidade de Brewshops alugarem pequenos espaços para cervejeiros caseiros que queiram fazer suas cervejas.

 

Sobre adaptação, clonagem ou construção de receitas de cerveja. O que você recomenda?

 

Leandro Almeida em 56’50’’: Não recomendo que você comece clonando. Vai ser uma experiência frustrante. Você vai querer a Red Ale da marca X, e você pode até ter pego a receita com o cervejeiro criador dessa Red Ale. Não vá com expectativas muito altas. No começo, tenha a expectativa de fazer uma boa Red Ale. Você ainda vai aprender, tenha calma, não comece com um clone. Faça receitas já prontas, seja a do Leandro ou da Brewshop. Siga as instruções, pegue um kit pronto, receita pronta. Depois tente adaptar. Se não ficar bom, faça de novo e vá ajustando. Mas primeiro aprenda a fazer.

 

📻 Áudio do Rogério: Sou cervejeiro caseiro, ou era, não sei muito bem. Comecei a fazer cerveja inspirado em um namorado de uma amiga que fazia cerveja. Aprendi, comprei material. Aí passei a fazer cerveja por um tempo. Na época, morava em uma casa que tinha muito equipamento, então fazia bastante e também fazia com uma confraria da qual faço parte. Quando me mudei, parei de fazer porque o apartamento é bem menor. Preciso comprar um Single Vessel. Por enquanto não estou fazendo. E de vez em quando vou lá na confraria. Gosto muito dessa experiência de estar fazendo, ter outras pessoas, estarmos bebendo juntos, aprendendo, trocando experiências. É um momento de socialização muito bom. Isso também alivia nosso estresse do dia a dia.

 

📻 Áudio do Alex: É o seguinte, galera. Comecei a fazer cerveja caseira em 2014, quando surgiu a expansão mesmo desse mercado. E basicamente comecei porque queria provar cervejas novas feitas por mim mesmo. Já estava em um momento em que estava provando cervejas diferentes da mainstream, tomando bastante cerveja importada e artesanal. Aí fiquei sabendo que já tinha muita gente fazendo cerveja em casa, e aí me entreguei, né. Mas na época a formação era em inglês. Mas aí fiz curso de introdução e depois curso de cerveja caseira. E comecei a fazer cerveja no meu apartamento e depois me mudei para uma casa. Mas sempre querendo criar receitas novas e diferentes. Acho que o objetivo do cervejeiro caseiro é criar novas receitas, novos sabores, novos aromas. Acho que isso potencializa o fomento do mercado de cerveja artesanal, no momento em que você consegue abrir a cabeça das pessoas para a experimentação.

 

Lud em 54’01’’: Uma coisa que a gente não debateu diretamente, mas que vimos na nossa pesquisa, é a importância das confrarias e Acervas na manutenção desse hobby. E o Alex falando dessa era pré-conteúdos à beça, né. Porque hoje a gente tem muito mais conteúdo. E é isso, cada um tem um motivo para fazer cerveja.

 

Gostaram do episódio? Queremos notícias de quem topa adentrar no mundo dos cervejeiros caseiros, hein!

Até a próxima!

 

✨Leia também: Surra de Lúpulo #176: Nitrogênio na Cerveja com Estevão Chittó

✨O que bebemos durante o programa? Leandro bebe água com gás; Lud bebe Sour de Goiaba, da Jyba; Bulkool bebe água.

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