No programa de hoje, do Surra de Lúpulo, vamos falar sobre a jornada da nossa convidada ao decidir começar pelo bar e, em seguida, abrir um Brewpub. Com vocês, Júlia Fraga, criadora do Ambar Cervejas Artesanais e do Tank Brewpub, em São Paulo. Ouça na íntegra:
Antes do bar e do Brewpub
Júlia em 5’49’’: Vamos lá, gente. Eu sou a Júlia, e sou sócia em dois estabelecimentos comerciais aqui em São paulo, focados em cervejas artesanais. Um é o Ambar cervejas artesanais e o outro é o Tanque, um brewpub, no largo da batata. O Tanque é um brewpub, produzimos todas as cervejas que vendemos lá. O Ambar é um bar de cervejas, então trabalhamos com rótulos do Brasil inteiro, apesar de acabar sendo mais de São Paulo por estar mais perto. Também tem rótulo do tanque no Ambar. Os dois estabelecimentos ficam abertos o dia inteiro, então a qualquer momento que você for, vai estar aberto para servir uma cerveja para você. Falando um pouco da minha trajetória, eu era recém formada na faculdade de administração e tive uma grande inspiração no meu pai, que é empreendedor. Pela disciplina que eu cursei, sempre tive muito empreendedorismo no curso, então sempre quis ter o meu próprio negócio. Eu cheguei a trabalhar no RH da IBM, mas sabia que não queria fazer carreira em grandes empresas. Então sempre fiquei com aquela pulga atrás da orelha de com o que empreender, em qual mercado, tinha que ser um mercado em ascensão. Depois tirei férias, viajei, e quando voltei, o Fábio, meu marido e sócio – ele começou a beber cerveja artesanal. E quando voltei, acabei focando nesse mercado. Vi que naquela época, em 2014, não tinha tanto estabelecimento focado em cerveja artesanal, com hospitalidade completa, seja em atendimento, cozinha… A cerveja artesanal costumava estar em eventos de food truck. E isso acabou linkando com a minha vontade de empreender num mercado que está crescendo. E o Fábio também queria empreender com as mesmas questões que eu, e aí veio esse insight. Por que não trabalhar com hospitalidade e cerveja artesanal e começamos nossa carreira? E ele topou.
Júlia complementa que precisou fazer diversos cursos para entender o mercado e conhecer cervejas de ponta a ponta.
Primeiro veio o Ambar e depois veio o Tank Brewpub. Os planos sempre foram esses?
Júlia em 13’14’’: Todo o conhecimento de gestão vem do curso de administração, então eu tinha uma bagagem grande para isso. Eu acho que teve a oportunidade de mercado da época, que era um mercado ainda menor do que é hoje. E ainda teve questões de idade, porque quando você é jovem você não pondera muito os riscos. Eu estava construindo a minha carreira na época, não tinha muito a perder. Claro, eu ia perder o investimento, mas ainda assim me entreguei. A ideia sempre foi crescer. A gente nunca quis abrir um bar para curtir um bar. Fizemos isso para fazer carreira mesmo, entregar um serviço ao cliente. A ideia era fazer o Ambar e ver onde a gente vai crescer. […] Para construir o brewpub foi de 2018 a 2020.
Atualmente vocês empreendem em dois negócios distintos, dentro do mesmo segmento, quais são os maiores desafios em cada um desses negócios?
Júlia em 21’16’’: Eu acho que por mais que sejam negócios distintos, a cerveja artesanal é uma consequência. Porque o que mais dá trabalho é ter um bar ou restaurante, toda essa estrutura dá muito trabalho. Eu tenho essas duas estruturas e o maior desafio é manter uma equipe treinada, receptiva, regrada. Quando você lida com pessoas é um grande desafio e você tem que deixar tudo alinhado com a equipe. Como o Tank Brewpub é pós-pandêmico ele já veio com um turn over maior, já o Ambar ele começou a ter um turn over maior pós-pandemia. Você recrutar todo mundo, treinar todo mundo, e deixar todo mundo pronto pro atendimento, é um desafio que leva tempo. Mas como os bares são passageiros na vida das pessoas, geralmente são muito jovens. A gente acaba correndo contra o tempo para ter tempo de treinar as pessoas.
O que você aprende no Ambar te ajuda no Tank e vice versa?
Júlia em 24’44’’: O Tank ajuda muito o Ambar porque o Ambar compra a cerveja do Tank. Então é uma via de mão dupla que a gente acaba construindo estoque do Ambar e conseguimos vender essas cervejas mais baratas. Mas são complementares e eles se falam diretamente. Óbvio que o Tank Brewpub tem a fábrica, mas eu não sou mestre cervejeira. Eu faço lançamento, identificar qual cerveja devo lançar, mas a diferença de trabalho é só a fábrica mesmo.
Como criar uma carta de cervejas para o bar e, da mesma forma, como definir quais receitas criar dentro do brewpub?
Júlia em 26’04: A ideia do Tank Brewpub sempre foi entregar diversos estilos de cervejas. A gente nunca quis focar somente em cervejas hitadas, somente um estilo. A gente sempre quis entregar diversos tipos de cerveja. Vai encontrar diversos estilos difíceis de se encontrar em brewpub. Mas os estilos mais ingleses são mais difíceis e consequentemente vende menos, mas a gente tem que ter. E isso linka com aquilo de ensinar os consumidores sobre a cerveja artesanal. Agora, pro Ambar, como a gente é ponta do mercado, a gente já conhece os fornecedores e mantemos sempre uma pluralidade de estilos. Você não consegue saber qual cerveja vai engatar até ela acabar.
Como foi manter de pé o Ambar Cervejas Especiais durante a pandemia? Quais decisões você acredita que acertaram e quais você mudaria?
Júlia em 39’29’’: No pós-pandemia o turn over aumentou. O que eu mencionei, acho que cada um aproveitou esse momento que tava todo mundo perdido e foi tentar coisa nova, se arriscar, ir pra cidade natal. Vi muita gente saindo porque tinham outros planos. Notei isso principalmente no Ambar, que tinha uma equipe consolidada e sólida, mas vi muita gente indo pra outra cidade, indo pra outro mercado. O Tank Brewpub abriu já na pandemia, então não teve esse histórico, mas acompanhou esse turn over.
Júlia diz que o delivery não deu tanto lucro, por mais que tenha sido bom.
Obrigada Júlia, pelo papo incrível!
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Escute também: Surra de Lúpulo #164: Conexão Cerveja Brasil com Giba, da ABRACERVA
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O que bebemos durante o programa? Júlia bebe Carambar, do Tank Brewpub. Lud bebe água. Leandro bebe Dry Stout, da Rueira
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