Olá, pessoal! Você conhece a história da Heineken? Hoje damos continuidade à nossa série histórica “Cada Cerveja, uma História” com o Surra de Lúpulo!
Na bancada do programa temos Ludmyla, mais conhecida no instagram como IPAcondríaca, Henrique Boaventura, do SdL e do Brassagem Forte e Gabriel Gurian, do Comer História (e também do podcast especial Beber História).
Vamos explorar a trajetória da Heineken, desde suas origens na Holanda até o status de uma das cervejas mais amadas do mundo. Pegue sua cerveja favorita e embarque conosco nessa viagem pelo tempo e pelos sabores!
Heineken: Cada Cerveja, uma História
Quando a Heineken foi fundada? Onde? Por quem?
A Heineken tem início oficial em 15 de fevereiro de 1864, em Amsterdã, nos Países Baixos. O holandês descendente de alemães Gerard Adriaan Heineken adquiriu uma cervejaria chamada De Hooiberg (“O Monte de Feno”, ou “O Palheiro”), com a herança recebida do pai, um comerciante de manteiga e queijos com vida próspera numa República em franca decadência financeira.
Heineken se lançou ao empreendimento, sem saber nada sobre cerveja. Antecipou, com 22 anos de idade, sua emancipação legal para acessar a herança do pai e adquiriu O Palheiro, cervejaria existente desde 1592, “época em que as pessoas tomavam cerveja no café da manhã, no almoço e no jantar”; mas que já não passava bem havia anos. Precariedade infraestrutural e dos próprios processos de produção, levando a um negócio sofrível. Mas a gerência do Gerard fez com que a coisa se reerguesse e prosperasse.
A fábrica produzia ales, cervejas de alta fermentação. Em 1866, em crescimento, ele comprou o terreno em Amsterdã onde hoje fica a rua Stadhouderskade, fábrica icônica e histórica e que hoje é o museu da Heineken, o Heineken Experience. Ali, foi inaugurada a fábrica De Vijfhoek, “O Pentágono”, que tinha uma estrela pendurada na porta. Seria um spoiler?
E no final daquela década – ainda sem saber nada, ou quase nada, do fazer cervejeiro -, Geraard contrata um mestre-cervejeiro alemão para O Pentágono, Wilhelm Feltmann II. E muito bem, já que as lagers bávaras vinham em franco crescimento no continente europeu, inclusive nos Países Baixos, e que também seriam o carro-chefe de uma grande concorrente nos anos 1870, a De Amstel. A percepção desse crescente mercado das lagers em terras neerlandesas suscitou uma guinada marcante na produção das fábricas do Gerard, com a implementação de receitas da terra natal daquele mestre-cervejeiro alemão; e a expansão, também, para Roterdã, com uma nova fábrica. É nessa época também que a primeira cerveja produzida pela companhia do Gerard leva o nome de Heineken.
Nem só de sucesso vive o ser humano, mas dá pra dizer que as coisas correram bem para Heineken dali em diante.
A garrafa da Heineken sempre foi verde?
Nem sempre! No início, as garrafas da Heineken eram marrom-âmbar, comuns no século XIX. Além de serem fáceis de produzir, o vidro escuro ajudava a proteger a cerveja da luz, preservando sua qualidade. A mudança para o verde aconteceu nos anos 1930 como estratégia de marketing. A cor, já presente no rótulo desde o final do século XIX, foi escolhida para destacar a marca no mercado, associando-a a um conceito de produto premium.
Essa identidade visual se consolidou entre os anos 1950 e 1960 sob a liderança de Alfred Heineken, neto do fundador, que enxergou no verde um símbolo de exclusividade e qualidade. Hoje, a garrafa verde é um dos ícones mais reconhecíveis da marca e parte essencial de sua história.
Garrafa WOBO
A garrafa WOBO (World Bottle) foi uma iniciativa inovadora da Heineken nos anos 1960, visando unir sustentabilidade e design. Idealizada por Alfred Heineken após observar praias caribenhas repletas de garrafas vazias e a escassez de materiais de construção acessíveis, a WOBO foi projetada para servir tanto como recipiente de cerveja quanto como tijolo para construção.
Desenvolvida em parceria com o arquiteto John Habraken, a garrafa possuía laterais planas e uma base côncava, permitindo seu empilhamento e encaixe, facilitando a construção de paredes sem a necessidade de cortes ou adaptações. Em 1964, foram produzidas 100.000 unidades em tamanhos de 350 ml e 500 ml.
Apesar da inovação, a WOBO enfrentou resistência interna na Heineken, especialmente do departamento de marketing, que temia impactos negativos na imagem da marca e possíveis problemas legais relacionados ao uso inadequado das garrafas. Consequentemente, o projeto não foi amplamente implementado. Atualmente, estruturas construídas com as garrafas WOBO podem ser vistas no jardim de Alfred Heineken e no museu da Heineken em Amsterdã.
A garrafa WOBO permanece como um exemplo pioneiro de design sustentável e reutilização de materiais, antecipando conceitos modernos de economia circular e reciclagem.
E a estrela vermelha?
A estrela vermelha, símbolo marcante da Heineken, tem raízes na Idade Média, onde representava a proteção dos mestres cervejeiros. Ela surgiu nos rótulos da marca no final do século XIX e, no início do século XX, foi usada para diferenciar as garrafas engarrafadas nas próprias plantas da Heineken das produzidas por terceiros.
No entanto, durante a Guerra Fria, a estrela vermelha gerou associações indesejadas ao comunismo. Para evitar controvérsias, ela foi temporariamente alterada para branco. Apenas em 1991, com a queda da União Soviética, a estrela vermelha voltou a ser usada nos rótulos, reafirmando sua conexão histórica com a marca.
Em 2021, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade, a Heineken lançou uma edição limitada com a estrela verde. Apesar de algumas polêmicas, como o projeto de lei na Hungria em 2017 que visava proibir símbolos totalitários, a estrela vermelha permanece um dos elementos mais icônicos e indissociáveis da identidade visual da Heineken.
Primeira medalha de qualidade
Em 1875, a Heineken ganhou a Medalha de Ouro na Exposição Internacional da Indústria Marítima e Fluvial, em Paris. Um primeiro reconhecimento notável em país estrangeiro que ajudou a posicionar a marca no mercado europeu como sinônimo de qualidade.
O próximo grande marco veio no final da década seguinte, também na capital francesa. Na Exposição Universal de 1889, uma das mais destacadas, quando foi inaugurada a Torre Eiffel, a Heineken foi agraciada com um Grand Prix, a maior distinção do evento em sua categoria, poucos anos depois da incorporação da sua levedura-A à produção. Esse marco é celebrado pela Heineken até hoje!
Essas exposições foram mesmo grandes palcos, de tecnologia, inovação e internacionalização, entre os séculos XIX e XX.
A Heineken é detentora de quais marcas?
Produção Global: A Heineken opera aproximadamente 140 cervejarias em mais de 70 países, empregando cerca de 85.000 pessoas. Em 2009, a produção anual foi de 121,8 milhões de hectolitros de cerveja, posicionando-a como a terceira maior cervejaria do mundo na época.
Presença no Brasil: No Brasil, a marca possui 15 cervejarias e 31 centros de distribuição, oferecendo um portfólio com 22 marcas de cerveja e 6 bebidas não alcoólicas. A empresa conta com mais de 13 mil colaboradores no país.
Expansão no Mercado de Cervejas Artesanais: Para se adaptar às novas tendências, a Heineken adquiriu marcas de cervejas artesanais, como a Lagunitas nos EUA, ampliando seu portfólio e atingindo novos públicos.
Algumas das marcas da Heineken: Birra moretti, Amstel, Murphys, Eisenbahn, Tiger, Lagunitas, Blue moon e Sol
Pode-se dizer que a tecnologia usada na Heineken 0,0 foi inovadora?
A Heineken 0.0 não é totalmente sem álcool: ela contém 0,3% de teor alcoólico, ainda considerada segura para dirigir ou para gestantes, segundo a marca.
Feita com os mesmos ingredientes da receita original, a 0.0 passa por destilação a vácuo para remover o álcool, e, depois, recebe saborizantes para se aproximar do sabor tradicional da Heineken. Essa etapa extra a diferencia de outras cervejas sem álcool, que costumam parar no processo de remoção do álcool, possivelmente para reduzir custos.
Com o mercado de cervejas sem álcool crescendo e marcas como Heineken e cervejarias artesanais investindo em qualidade, é possível que a percepção desse segmento evolua.
Referências bibliográficas:
SMIT, Barbara. A História da Heineken: a cerveja que conquistou o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Beba local. Beba melhor.
Apoie o nosso trabalho virando um Mecenas do Surra de Lúpulo: Financiamento Coletivo na APOIA.se | Crowdfunding Pontual e Mensal
Este podcast é produzido pela BAC Produções e Comunicação, e está disponível no Spotify, YouTube ou na sua plataforma de áudio preferida.