No programa de hoje, vamos falar da iniciativa inédita que é o Prêmio Brasil Artesanal de Cerveja. Parceria entre a Abracerva e a CNA, a premiação tem como objetivo reconhecer e valorizar as melhores cervejas produzidas por pequenos e médios produtores em todo o Brasil. Nesse bate papo, contamos com Fernanda Silva, engenheira de alimentos, assessora técnica do CNA e responsável pelo programa dos alimentos artesanais e tradicionais, e Bárbara Soares que, além de nossa mecenas e apoiadora, é uma grande sommelier de competência imensurável, gastrônoma e que já esteve muito aqui no Surra com a gente. Ouça ou leia o episódio completo do Surra de Lúpulo abaixo:
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Prêmio Brasil Artesanal de Cerveja
O que é a CNA e qual seu papel? Essa é a 11ª edição desse prêmio, mas é a primeira vez que ele se envolve com a cerveja. Conta para a gente qual o propósito do prêmio? E quais categorias já foram agraciadas com ele?
“Atualmente, está sendo realizada a 11ª edição, a primeira a focar em cervejas, refletindo a diversidade e a riqueza dos produtos artesanais do Brasil. O grande objetivo é regionalizar o programa, permitindo a realização de mais concursos ao longo do ano e aumentando a visibilidade e o reconhecimento dos produtos brasileiros.”
Fernanda explica e contextualiza que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é a principal instituição que representa os produtores rurais em todo o país. Com uma estrutura central em Brasília e federações em todos os estados, a CNA atua como defensora dos interesses dos produtores em diversos âmbitos. Há mais de 30 anos, a CNA tem sido uma voz importante para o agronegócio, no entanto, em 2018, identificou-se a necessidade de criar um programa voltado para pequenos e médios produtores.
Assim, nasceu o Programa dos Alimentos Artesanais Tradicionais, que busca apoiar esses produtores em áreas como regulamentação, tributação, crédito, organização coletiva, capacitação e assistência técnica, com um foco especial na comercialização. Dentro desse contexto, os concursos de qualidade têm sido uma ferramenta fundamental para promover diversos produtos brasileiros. Desde o primeiro concurso em 2019, que destacou chocolates, queijos, azeites, vinhos espumantes e cafés, a CNA não parou de expandir essa iniciativa.
“Nós da CNA temos um programa que se chama AgroBR. É um programa em parceria junto com a Apex. Todos esses produtores que participam dessas premiações, na sequência, os nossos consultores entram em contato para saber se há um interesse na exportação desse produto.”
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Qual a importância de um prêmio inédito e único desses acontecer no mercado cervejeiro artesanal neste ano, cheio de desafios para o nosso mercado? E explica para gente os moldes de inscrição, avaliação e premiação?
“A existência dessa premiação da CNA é um apoio crucial para cervejarias de pequeno porte, especialmente em um momento em que a economia enfrenta instabilidade, inflação alta e aumento dos custos de insumos.”
Bárbara destaca que com o mercado cervejeiro sendo particularmente sensível, muitos negócios estão lutando para se manter, e profissionais do setor enfrentam dificuldades para encontrar trabalho. Desde a pandemia, esse cenário tem sido ainda mais desafiador para o setor de cervejas, que precisa constantemente se reinventar para superar as crises.
A recente discussão sobre a reforma tributária foi citada por Bárbara como outro ponto crítico que afeta o setor, tornando essa premiação ainda mais relevante. Segundo ela, o concurso organizado pela CNA é inédito por oferecer não apenas medalhas, como em outros concursos comerciais, mas também prêmios em dinheiro, o que representa um grande incentivo para as cervejarias participantes.
Além disso, os jurados técnicos convidados para compor o corpo de avaliação do concurso também recebem um apoio financeiro inédito, que inclui até mesmo passagens aéreas, algo que ela nunca havia visto em seus 12 anos de experiência com concursos de alimentos e bebidas. Isso torna a premiação um incentivo não apenas para as cervejarias, mas também para os profissionais envolvidos, criando uma oportunidade valiosa de networking e valorização da carreira.
A premiação não só oferece apoio às cervejarias, que podem usar as medalhas conquistadas como uma poderosa ferramenta de marketing, mas também fortalece o mercado cervejeiro em um momento de grande sensibilidade. Ela acredita que esse tipo de concurso inédito veio para dar o suporte necessário aos pequenos e médios produtores, alinhando-se à missão da CNA de fomentar o crescimento e a sustentabilidade do setor.
“Muitas vezes, sommeliers são convidados para participar de concursos, mas, como o Brasil é um país muito grande, as passagens aéreas podem ser caras. Isso faz com que alguns profissionais não consigam participar, seja por falta de tempo ou por não conseguirem se programar. Esse tipo de apoio financeiro é muito importante para que os jurados possam participar. O que achei mais bacana na iniciativa da CNA é que o júri será composto por profissionais de todas as regiões do Brasil, valorizando gente do norte, nordeste, sul, centro-oeste e sudeste, e não apenas de alguns estados. Isso é realmente fantástico.”
As inscrições do Prêmio Brasil Artesanal de Cerveja começaram 2 de agosto e vão até 15 de setembro. INSCREVA-SE hoje mesmo!
Vocês acreditam que além da premiação em dinheiro, ser escolhido o melhor (a melhor cerveja) neste prêmio traz outros benefícios às empresas que participam?
Fernanda explicou que um dos grandes diferenciais desse concurso é que, ao contrário de outros concursos de vinhos e azeites, os produtores não precisam pagar para participar. Ela contou que já recebeu várias ligações perguntando sobre o valor da inscrição, mas explicou que não há cobrança, justamente para dar oportunidade àqueles que não podem arcar com as taxas. Para muitos pequenos produtores, mesmo um valor simbólico pode ser um obstáculo. Por isso, a decisão de não cobrar é uma forma de inclusão.
Além do prêmio em dinheiro para os cinco primeiros colocados, o concurso oferece selos de ouro, prata e bronze, registrados no INPE, que os produtores podem usar em suas embalagens. Esses selos têm um impacto significativo, aumentando a visibilidade e o valor dos produtos no mercado. Ela deu o exemplo de produtores que, após ganharem o concurso, esgotaram seu estoque em uma semana e precisaram criar listas de espera para a próxima produção. Para os consumidores, a presença de um selo de qualidade faz diferença na escolha de um produto, pois indica que ele foi aprovado por especialistas.
O apoio da CNA vai além da premiação. Eles continuam promovendo os produtores vencedores, como no caso de uma produtora de chocolate que venceu o concurso de 2019 e, até hoje, é convidada para feiras e entrevistas. Fernanda mencionou que, na Expo Inter, 15 produtores foram convidados para participar, incluindo uma produtora de cachaça que ficou em quarto lugar. Essa visibilidade não é restrita aos primeiros colocados; todos os finalistas se beneficiam, ganhando notoriedade e abrindo portas para novas oportunidades.
Ela citou um exemplo marcante da Semana Internacional do Café, onde um produtor de azeite que participou do concurso conseguiu fechar uma parceria com uma multinacional para seu óleo de abacate, mostrando que o impacto do concurso vai muito além de vender produtos. As feiras e eventos proporcionam contatos e parcerias valiosas, abrindo novos mercados para os produtores. Fernanda concluiu dizendo que o concurso não beneficia apenas os ganhadores, mas toda a cadeia produtiva, mantendo-se em evidência na mídia por um longo tempo e lembrando constantemente a importância desses produtos e seus produtores.
Vocês mencionaram o júri popular depois que o júri técnico fez as avaliações. Podem explicar melhor como esse júri popular funciona?
Bárbara explicou como funciona o júri da premiação, destacando que ele traz um diferencial interessante, incluindo um júri popular, o que é algo inédito para concursos cervejeiros no Brasil, especialmente com essa magnitude e com premiação em dinheiro. Segundo ela, embora já tenha havido concursos com júri técnico e popular em Brasília, essa é a primeira vez que um concurso com essa repercussão e visibilidade, proporcionada pela CNA, inclui ambos os tipos de avaliação.
Ela destacou que o júri popular oferece uma oportunidade para que as pessoas deem seu feedback sobre o que estão degustando, sem a necessidade de seguir critérios técnicos rigorosos. Os jurados populares não precisam se preocupar com aspectos como visual, aroma, sabor e retrogosto, mas simplesmente expressar se gostaram ou não da cerveja, tudo em degustação às cegas. O júri popular contribui com 50% da pontuação final, o júri técnico com 40%, e a história da cervejaria ou do produtor com 10%, somando os 100% da avaliação.
Na etapa do júri técnico, por outro lado, os jurados farão uma análise detalhada dos parâmetros como sabor, aroma, corpo e sensação na boca. Bárbara mencionou que a CNA usa um sistema próprio de avaliação, diferente dos guias comerciais como o da Brewers Association, que é comumente utilizado. No sistema da CNA, cada jurado recebe um tablet para registrar suas pontuações e observações, o que permite fornecer feedback direto ao produtor. Ela ressaltou que esse sistema é muito eficiente e que o júri popular, por sua vez, segue uma abordagem mais simples e acessível.
Quais são os outros parceiros que estão juntos com o CNA para a realização dessa premiação?
Fernanda ressalta a importância dos parceiros na organização da premiação, destacando o papel fundamental de instituições como Abracerva, Sindicerv e do Papo de Sommelier, liderado por Babi. Elas explicaram que, embora esta seja a 11ª edição do concurso e a equipe já tenha ganhado experiência ao longo dos anos, seria impossível realizar um evento dessa magnitude sem a colaboração de especialistas e instituições renomadas, que oferecem todo o suporte e expertise necessários.
O planejamento do concurso começou no ano anterior, por volta de setembro e outubro. Fernanda já conhecia Babi, que havia realizado um excelente trabalho para a CNA em feiras, trazendo sua vasta experiência como sommelier na harmonização de produtos. Quando surgiu a ideia de organizar o concurso, Babi prontamente abraçou o projeto e sugeriu as parcerias com Sindicerv e Abracerva, duas das maiores referências no setor de cervejas no Brasil. A partir daí, a equipe entrou em contato com os representantes dessas instituições para verificar o interesse em participar.
Fernanda também destacou a importância de reconhecer o esforço e o apoio desses parceiros. Ela mencionou que figuras como Babi, Giba, Bia e outros representantes das instituições estão dando o máximo para que o evento seja um sucesso, e que nada mais justo do que oferecer suporte, incluindo despesas de viagem, como uma forma de incentivo e agradecimento. Ela enfatizou que o concurso não seria possível sem a contribuição desses profissionais, que merecem ser reconhecidos pela CNA.
Além disso, quando esses especialistas estiverem em Brasília, a CNA planeja gravar vídeos com eles, abordando curiosidades sobre cervejas, para compartilhar com o público. Essa iniciativa visa não só a valorização dos avaliadores, mas também a educação e o engajamento da sociedade em relação ao concurso. Com um grande número de seguidores nas redes sociais, especialmente no Instagram, a CNA quer destacar esses especialistas e mostrar quem são os responsáveis pela avaliação das cervejas.
Finalmente, Bárbara e Fernanda mencionaram que, embora a seleção dos especialistas seja feita com critérios democráticos, trazendo nomes de diferentes estados brasileiros, elas deixam a escolha dos melhores profissionais a cargo dos parceiros, reconhecendo a importância tanto da visibilidade para os especialistas quanto da contribuição deles para o sucesso do evento.
tim-tim e até a próxima
Beba melhor. Beba com moderação.
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