Fala, pessoal! Por aqui, seguimos subvertendo a ordem, e hoje vamos para mais um papo da série Boteco do Surra com o incrível boêmio Xico Sá. Xico é escritor, jornalista, e já participou de programas como Papo de Segunda, do canal GNT, e Amor e Sexo, da Globo. Ouça na íntegra:

 

 

Querido Xico Sá, fala pros ouvintes qual é o seu nome completo? 

 

 

Xico em 04 ’21”: Francisco Reginaldo de Sá Menezes! Nome de homem de respeito do interior, né? Mas lá em casa todo mundo tem um primeiro nome de santo, tem José, umas quatro Marias, e o segundo nome é todo com R. Nome de santo e uma letra. 

 

 

 

Segundo nossas apurações, é verdade que o Reginaldo do seu nome é uma homenagem?

 

Xico em 05 ’09”: Acabou virando uma lenda pernambucana porque eu fiz um trabalho com o Reginaldo Rossi. E aí falei que a música dele sempre foi importante pra história da minha mãe. Acabou se construindo essa história… Essa lenda pegou e foi pra Wikipédia, agora não tem volta. É uma lenda legal e eu deixo ela correr.

 

A boêmia sempre esteve presente na sua família, Xico? Já ouvi que o segundo escritório dos jornalistas é no bar. Isso é verdade?

 

 

Xico em 07 ’06”: Ah sim, muito tempo com pai e mãe. Depois mais do meu pai. E sempre foi, a família inteira sempre foi muito aquele clima de seresta do interior. Aquela música romântica, Ângela Maria, minha educação sentimental sempre foi muito em cima da boêmia e da canção romântica nacional, que hoje é denominada brega. A família muito de farra, além dos casamentos, batizados, marcamos muito pra beber e ouvir música pra chorar.

 

Tem boteco perfeito para criar um ambiente prévio de Amor e Sexo? Como é ele?

 

 

Xico em 10 ’55”: O Boteco ideal existe, mas a gente vai mudando ele ao longo da trajetória, da boemia, mas é o seu boteco. As vezes que eu quis inventar a moda nessas ocasiões, eu me dei mal. Passei a adotar o enfrente o seu boteco. Por que escolher outro boteco quando você está com outra pessoa? E essa traição com seu boteco? O meu conselho hoje é nunca traia o seu boteco. É melhor arriscar e encontrar os canalhas dos seus amigos numa ocasião especial, e montar um jogo em outra arena, outro canto e se dar mal.

 

 

Durante o Papo de Segunda ou Crônica, você já lidou com algum tema que tenha sido difícil de tratar? 

 

 

Xico em 15 ’22: De 2014 pra cá, por volta da campanha política eleitoral, isso ficou difícil até no almoço de domingo. Isso vale para todos os lugares que eu passei, estadão, folha de são paulo, jornal do brasil antigo. Tempo de eleição é sempre mais difícil trabalhar. Tem coisas que são proibidas. Podemos falar sobre isso? Mas no papo de segunda foi sempre um lugar mais aberto para eu falar de coisas até mais tabus, sempre foi liberar geral. O que tem de às vezes constrangedor em programa ao vivo é você mesmo que pisou na bola, e tal. Teve uma vez que exagerei no machismo, além do que a gente já carrega. Ao longo das temporadas eu consegui consertar, mas como era ao vivo, tv ao vivo que é coisa rara no brasil, tem esses deslizes. Mas nada que não pudesse consertar no programa seguinte ou ao longo da temporada. 

 

 

O jornal de papel vai acabar? Já houve um tempo onde ninguém se informava fora do jornal impresso. A internet chegou e mudou tudo. Como você vê a informação de verdade sendo preservada? Fake news é um sintoma atual ou sempre existiu?

 

Xico em 21 ’40”: As fake news, com essa dimensão, quase que com uma dimensão religiosa que existe agora. Acho que nunca vivemos isso. Recentemente estudei muito sobre a guerra de canudos e sua relação com a imprensa, e já havia fakes news nessa época. Mas com a dimensão de hoje, a mentira como religião fanática, a gente nunca enfrentou isso. E realmente quando falamos da imprensa tradicional, como jornal impresso, nunca enfrentamos essa falta de credibilidade como enfrentamos hoje. Esse vilão de fake news vem muito forte, vem em todas as correntes do whatsapp do mundo, nas correntes de telegram. Mas eu creio que a gente consiga eliminar cem por cento as fake news, mas eu aposto que a gente retome um cenário de normalidade. Onde prevaleça a notícia verdadeira. Com muita educação, podemos chegar num bom termo em logo mais, uns cinco anos… É impossível uma convivência saudável nos tempos de hoje. A eleição já foi um bom passo, mas a gente já venceu um grande obstáculo em termos de fake news. Já o jornal do papel, que eu tanto amo, sou um gutenbergano. O que foi manchete de ontem na capa dos portais, tá na capa no dia depois. Ainda sou viciado no jornal de papel, mas creio que teremos um pequeno nicho de publicações impressas. Revistas literárias, jornal dedicado a uma pequena comunidade x. Em larga escala já foi. 

 

 

Qual é a sua visão sobre o cancelamento? É uma resposta popular? e o cancelamento de pessoas que atuaram de forma que é repreensível hoje, mas de forma aceitável antes?

 

 

Xico em 29 ’02”: Eu até acho que o brasileio é generoso no cancelamento. Ele coloca no purgatório, a pessoa não elimina. Elas voltam logo logo pro jogo. É tudo tão rápido que o cancelamento é rapidamente esquecido. Nada é eterno. Você vê cada caso absurdo, mas em 15 dias o cara volta. Muda o cabelo e pronto. E alguns casos são muito sérios, como casos de racismo, coisas pesadas, e você vê a pessoa voltando. Não vejo ninguém saindo de jogo e não voltando. Tem um pequeno castigo, mas sempre volta. Tudo o que é infame, volta. 

 

Quando que você lançou o seu primeiro livro e hoje já somam quantos? E o que mudou do Xico do primeiro para o último?

 

 

Xico em 38’08’’: Eu tinha feito muita coisa ali no começo dos anos 80, mas em publicações artesanais e amadoras. A gente tinha uma cooperativa, e publicamos mais de cem livros. Mas comecei a publicar crônicas no início dos anos 90. Mudou muita coisa. Meu primeiro livro veio da coluna que eu tinha na Folha, a Coluna Macho. Tinha a coluna gay e também tinha a coluna macho, que era de ter ali uma página de diversidade, e minha história estava muito em cima do auge do metrossexualismo. E eu fazia uma crônica tirando uma onda com os metrossexuais. E esse meu primeiro livro, tem muito disso. Mas nessa época, já tratava de uma forma delicada os relacionamentos. Hoje, eu pegaria esse livro e reescreveria todas. Mesmo considerando o espírito da época, eu acho tudo absurdo. Tiraria tudo de circulação. E não é só a questão do politicamente correto, são as opiniões mesmo. Evolui muito. 

 

Qual é a sua bebida? Você bebe cervejas de outros estilos, as famosas artesanais?

 

Xico em 47 ’59”: Não tenho conhecimento, não tenho análise técnica, mas tenho conhecimento do gosto da cerveja. No lugar que eu chego, eu tomo a cerveja do lugar. O uauá, no sertão da bahia, bebi uma cerveja de umbu maravilhosa! Uma das melhores artesanais que tomei, de todos os tempos. Em outro lugar que vou muito, Gonçalves, no sul de minas, eu vou experimentar a cerveja do lugar.

 

Xico complementa que umbu é o que sobra do sertão, depois da seca. Então conhecer uma cerveja de umbu, foi uma alegria em sua vida, pois é uma fruta que mata a fome de muita gente. Umbu é uma pequena fruta, um pouco maior que uma uva; ela é azeda e é muito rica em nutrientes. Umbuzeira, tem uma raiz cheia de água, mesmo em tempos de seca. Todo mundo que vive no sertão tem esse afeto ao umbu.

 

Com esse paladar hoje é mais para o salgado, doce ou amargo?

 

Xico em 51 ’38”: O gosto do sertão é mais voltado pro salgado né, carne seca e carne de sol, etc. É uma culinária feita com base na falta de geladeira. 

 

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👉 Escute também: O mercado cervejeiro envelheceu?

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🍺 O que bebemos durante o programa? Lud bebe Ipa, da Brosbeer, Leandro bebe Pale Wale, da Prussia bier e Xico Sá bebe água.

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Nana Ottoni

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