Engana-se para quem pensa que a cultura da cerveja artesanal no Brasil é recente. Do que se tem conhecimento, em 1908 a Cervejaria Canoinhense (SC) foi fundada e pode ser considerada a mais antiga do nosso país. De lá pra cá, muitas cervejarias abriram e fecharam, o mercado evoluiu bastante e, hoje, o Brasil é o terceiro produtor de cervejas do mundo.
O mercado das cervejas artesanais segue muito aquecido e, a todo momento, surgem novas cervejarias e receitas de todos os tipos e para todos os gostos. Esse crescimento é alavancado principalmente porque as microcervejarias encontram nas fábricas maiores todo tipo de consultoria, desde da composição empresarial, até o registro da cervejaria no MAPA e, claro, a produção, envasamento e distribuição em ambiente propício para o crescimento saudável.
Falamos com três fábricas que produzem para cervejarias ciganas, para entender melhor os prós e contras do uso desse serviço. O principal ponto positivo é que a cervejaria cigana, fazendo uso do espaço, expertise e estrutura das fábricas maiores, pode crescer sua produção até que tenha maturidade empresarial para mudar para uma fábrica própria, ou seja, o investimento inicial será menor e, consequentemente, o risco também diminui.
De acordo com Marcelle Lopes, da Cervejaria Lagos, ainda há um ponto muito importante que deve ser avaliado pelas microcervejarias: “ter uma fábrica demanda uma experiência muito diferente do que produzir e vender cerveja: requer mão de obra qualificada para operação e manutenção, entre outras funções. Tudo isso irá diluir a atenção de outros setores como o de distribuição, marketing e comercial, que, na minha opinião, são prioridades difíceis e caras de terceirizar”.
Ainda sobre os prós de terceirizar a produção, Pedro Henrique, da Brewpoint, indica o “ganho de competitividade através do ganho de escala”. Já Mônica Mendonça, da Angels & Devils, comenta um dos riscos que as cervejarias ciganas correm, mesmo com uma produção pequena: “às vezes a marca produz apenas uma vez, pois não consegue escoar o produto, mesmo sendo um volume pequeno. Com isso, o trabalho de registro do produto junto ao MAPA, por exemplo, é perdido. A marca some das prateleiras”.
Estudos indicam que só se torna viável financeiramente investir em uma fábrica própria quando se atinge um volume de venda mensal fixo de 30 mil litros/mês, ou seja, antes disso é muito arriscado fazer um investimento tão alto.
No entanto, ficou claro para nós que as cervejarias ciganas devem usar o recurso das grandes fábricas até certo ponto e, depois, partir para o mercado num voo solo com sua fábrica própria, buscando competitividade no mercado com preços mais acessíveis.
Serviço:
Onde: Saquarema (RJ)
Produção: 70 mil l/mês
Principais cervejarias que produzem lá: Cervejaria Kumpel, Jourdan Cerveja Artesanal, Valentino Ales, Cerveja Artesanal Bonadiman, Cervejaria Víbora,Jecay Cervejaria, Cervejaria Labirinto, Three Monkeys Beer, Cervejaria Invocada, RockBird Craft Brewery, D’alaje, Gaspar Family Brew, 3Cariocas,Hocus Pocus entre outras.
Onde: Petrópolis (RJ)
Produção: 70 mil l/mês
Principais cervejarias que produzem lá: Cervejaria BREWPOINT, Duzé,Imperatriz Bier, Cervejaria da Corte, Cervejaria RadicAle, Cervejaria Le Voyage, Raiz, Cervejaria Resenha Informal, Dream Bier
Onde: Friburgo (RJ)
Produção: 4 mil l/mês
Principais cervejarias que produzem lá: Tio Ruy e Melhores Cervejas do Mundo