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“Surra de Lúpulo” Ep.89 – Italian Grape Ale com Diego Simão, Ivan Tisatto e Lázaro Araújo

ONDE OUVIR:
capa do episodio do surra de lupulo sobre italian grape ales

Você conhece as cervejas Italian Grape Ale? Quantas dúvidas vem à sua cabeça? É um estilo? É uma cerveja? É melhor do que vinho? Como são feitas e quais as possibilidades? Para responder a essas e outras perguntas, Leandro e Ludmyla (a IPAcondriaca) chamaram Diego Simão (da CozaLinda) e Ivan Tisatto em conjunto com Lázaro Araújo (ambos da Cervejaria Donner) para trazer todas as respostas e algumas (só algumas!) tretas.

 

A origem do Italian Grape Ale

 

Até onde a gente sabe, a Italian Grape Ale surgiu na Itália, como o nome já diz e, segundo a nomenclatura, eles mantém um estilo específico em toda cerveja que tem adição de uva. A gente vê isso no Brasil também, dessas cervejas aparecendo com nome Italian Grape Ale, e cada cervejaria direcionando pra um estilo. Nós mesmos aqui na Donner temos 2 estilos [de Italian Grape Ale], os estilos mais complexos – de cervejas ácidas – e temos cervejas mais leves, que não são ácidas e que não tem passagem por madeira. O Italian Grape Ale é um estilo muito amplo!

 

Seguindo a conversa, Ludmyla questiona se basta a adição do elemento uva para entrar na categoria de Italian Grape Ale – e os especialistas confirmam: uma New England pode virar uma Grape New England sim, com apenas adição da uva!

 

Para contextualizar, claro que a discussão sobre a origem e as primeiras cervejas com uva foram um debate histórico muito confuso, porque não tem um registro primário de onde apareceu e o que era seu estilo básico. Por muitas vezes se cita que, ainda na década de 70, começaram a trabalhar com cervejas de uva, mas usando elas não como uma fruit beer e sim olhando pro processo. Isso inspirou muito a comunidade italiana de cerveja artesanal a buscar o uso intensivo de uva também na produção da cerveja. Aí a gente tem algumas definições conflitantes do que é uma Italian Grape Ale.

 

No final de 2021, foi outorgado o novo BJCP (Beer Judge Certification Program), que traz mudanças nas definições da Italian Grape. Entretanto, se olharmos para o BJCP de 2015, as definições de uma Italian Grape são muito abrangentes, já que varia o modo de produção e podem ser incluídas as cervejas em que uva é usada na formulação. 

 

As cervejas que mais se aproximam hoje em dia do core do que seria a Italian Grape Ale são as cervejas que, além de usar a uva, usam o processo de vinificação como parte do processo de produção. Tem muitos exemplos na Itália e também nos Estados Unidos.

 

Como funciona a caracterização do estilo no BJCP?

 

Mão servindo cerveja num copo de vidro

 

Pelo BJCP, falando pelo guia de 2015, ele entra como um estilo provisório. Até o posicionamento que eles colocam, estaria dentro de fruitbeer, mas ultimamente está entrando em fruitbeer. Só que o estilo em si, do Italian Grape, está ganhando tanto espaço, não somente na Itália, (…) que concursos acabaram abrindo espaço para uma categoria de forma definitiva. Em 2021, teve essa categoria de forma definitiva no The Brussels Beer Challenge, que pra mim é o concurso mais representativo da Europa. E apareceu lá a Italian Grape Ale!

 

Contudo, o posicionamento no BJCP não prevê que todo e qualquer tipo de cerveja com uva venha a ser Grape Ale. Como a caracterização de fruitbeer é a preferencial, surgem óbvias possibilidades de tal interpretação.  De qualquer maneira, eles pedem que nesse estilo a base de uva seja predominante. Só é preciso tomar cuidado para que o gosto de lúpulo não venha a competir com a uva.

 

Quais uvas são usadas na Italian Grape Ale?

 

Foto de Pixabay no Pexels

 

 

Acho que não tem a melhor ou pior uva, existem uvas que se adaptam melhor a uma proposta ou a outra. Como a gente faz, no caso da Dionisio, a Dionísio é uma italian grape ale com base saison, uma cerveja leve e tal bem frutada. Então a gente usa uma uva americana, bordô e isabel e ela traz essa parte frutada. A cerveja é seca, mas você toma ela e te dá impressão de ser levemente adocicada. Isso pela característica da uva. Tem a fruta que se adequa melhor a sua proposta, não que uma seja melhor que outra.

 

As variedades vitivinícolas são variedades da região europeia, e elas têm um conceito mais elevado – são mais nobres. As variedades de origem americana, região de Nova Iorque, são variedades de uvas mais populares, muito aptas para o suco, justamente por ter sabor mais frutado. O aroma da fruta transfere muito para o vinho e para a cerveja. Precisamos aprender a deixar o preconceito de lado no momento de valorizar determinadas uvas.

 

Isso é uma questão de padrão e condicionamento, de acordo com a nossa colonização europeia que leva a gente a crer que isso é pra ser assim. (…) Existe um preconceito cultural contra as uvas de origem americanas, as ditas de mesa, que vão acabar levando ao não uso delas, e é terrível contra vários aspectos sustentáveis, [já que essas] estão mais adaptadas à produção no Brasil. É muito importante pra gente não entrar com preconceito contra esses tipos de uvas, que lá no começo da colonização italiana foram fundamentais para o estabelecimento dessas colônias aqui no Brasil.

 

E aí, conseguimos esclarecer suas dúvidas sobre a famosa Italian Grape Ale?

 

👉 Ouça também Surra de Lúpulo: O que é o BJCP e como se tornar um juiz? Com Fernanda Lazzari

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🍻 O que bebemos durante o programa? Ivan e Lázaro bebem cerveja Cozalinda + Donner Sympotein Chardonnay. Diego bebe Brewing Love Project da Suricato Ales (POA) no estilo Pastry Sour. Leandro e Ludmyla bebem Italian Grape Ale da Cervejaria Leopoldina.

 

 

SURRA DE LÚPULO é apoiado por MECENAS EMPRESARIAIS, CERVEJA DA CASA e BRO’S BEER.

 

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