Vocês pediram e o Surra de Lúpulo atendeu. 😉 Hoje, vamos falar um pouco mais sobre a pesquisa que realizamos no ano passado, o Retrato dos Consumidores de Cerveja 2021. Para acompanhar Ludmyla e Leandro nesse bate papo, convidamos o ilustre Daniel Sousa – economista, professor do IBMEC, no Rio de Janeiro, que atua como Comentarista de economia do programa Estúdio-i da Globo News, e no podcast Petit Journal.
O mercado de cerveja do Brasil ainda é um mercado em desenvolvimento, em termos de marcas, variações, possibilidades e público. Isso fica muito claro quando observamos os números dessa pesquisa. Isso é uma ótima notícia para quem quer empreender no mercado da cerveja.
30,55% dos consumidores de cerveja são mulheres
O perfil demográfico pode frustrar a princípio, porque em sua maioria ainda são homens heterossexuais brancos, com faixa etária entre 26 a 45 anos.
Quando comparamos com mercados tradicionais, como americano e europeu, reparamos que o mercado brasileiro está a um passo atrás. Por um lado pode ser angustiante, mas por outro significa uma oportunidade. […] A inovação no mercado cervejeiro é fundamental para que você se mantenha competitivo. A inovação não está só na cerveja, no produto cerveja em si. A inovação está na embalagem, está no copo, está no clube que você forma, a inovação está no rótulo.. A inovação pode ser feita em muitas áreas. O que não faltam são alternativas de inovação no mercado da cerveja.
Apesar de associarmos inovação com tecnologia, é possível inovar com coisas mais simples. Por exemplo, a própria Skol, lá atrás, conseguiu inovar ao lançar uma embalagem de cerveja com a boca redonda, que saía mais líquido e consequentemente a pessoa bebia mais. Desde então ficou conhecido que Skol desce redondo. Isso é inovação dentro do mercado cervejeiro – algo muito bem pensado que está com a gente até hoje.
43% dos consumidores não coleciona ou consome produtos relacionados a cerveja
Como assim um mercado de cerveja que só vende cerveja? Em qualquer outro mercado mais desenvolvido mundialmente falando, você tem toda uma gama de produtos, de uma cultura cervejeira que está associada ao produto que você comercializa.
Daniel usa como exemplo o consumo de motos por motociclistas porque existe toda uma cultura ao redor da motocicleta; como o clube de motociclistas, os melhores produtos para motociclistas, as grandes marcas de motocicletas – acessórios e afins. As cervejas tem o mesmo potencial de mercado, uma avenida de oportunidades, mas esse nicho ainda não está sendo explorado por completo. Precisamos sair fora da caixinha de pensar que a cerveja é só um líquido – ela pode ser formadora de uma cultura que traz com elas inúmeras possibilidades de consumo: abridor, chapéu, camisa, bolacha, toalha de mesa, lenço etc.
85% dos consumidores não fazem parte de um clube cervejeiro
A cerveja é um produto coletivo e o seu consumo demanda companhia, demanda amigos e pessoas que curtem [beber]. O clube acaba criando uma cultura cervejeira, o que pras marcas é espetacular. O clube pode ser um espaço onde pessoas experimentam sabores novos. É um espaço onde você vai aprendendo a cultura. No Brasil, você compra cerveja pra beber em casa, pra beber com amigos. Não tem clube de cerveja no brasil – arrisco dizer que tem mais clube de vinho.
O grande desafio dos clubes de cerveja é que eles devem promover uma experiência focada na dor da escolha de cervejas, e manter uma consistência de qualidade. No momento em que você forma um consumidor de clube cervejeiro, você precisa atender às expectativas desse consumidor. Além disso, é bacana levar em conta qual é o grau de experiência desse consumidor com a cerveja pra formar novos bebedores.
33% dos consumidores estão gastando entre R$ 200 e R$ 400 com cerveja
Apesar do salário mínimo no Brasil ser R $1.212, os gastos com cerveja estão entre R $200 e R $400 reais – o que é muito! Para isso, Daniel explica que o consumo de cerveja no Brasil é inelástico, ou seja, é insensível com relação aos demais gastos do consumidor. Os brasileiros tendem a valorizar o consumo de cerveja acima de outros bens. Mesmo em crise, o consumidor cervejeiro não vai deixar de comprar sua IPA para o fim de semana (ou Skol!).
Diante disso, Leandro ressalta que por ser um consumo inelástico nas casas brasileiras (independente de faixa de preço), as marcas precisam ter mais responsabilidade ao tratar de temas como alcoolismo em seus canais de comunicação oficial, como redes sociais.
👉 Gostou desse episódio? Não perca o ep. 91: Papo aberto com Garrett Oliver
🍺 O que bebemos durante o programa? Daniel não está bebendo. Ludmyla bebe Lagunitas Maximus Colossal Ipa. Leandro bebe Bloody Ale da Conan.
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