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Surra de Lúpulo – Ep.128: Papo Aberto com Em Sauters

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No episódio de hoje do Surra de Lúpulo, Ludmyla e Leandro batem um Papo Aberto com Em Sauters, cartunista premiada, criadora do Pints ​​and Panels®, e nomeada uma das “40 under 40 Tastemakers” em 2016 pela Wine Enthusiast.

Esse é o segundo programa da série Papo Aberto. Relembrando que o primeiro programa da série foi com o mestre cervejeiro, mundialmente conhecido, Garrett Oliver. Hoje o papo é com Em Sauter, mais conhecida pelo trabalho de educação visual cervejeira no Pints ​​and Panels®. Ela tem curso Método Fan Art- MFA em desenho animado pelo Center for Cartoon Studies, é uma Advanced Cicerone®, BJCP Certified Beer Judge e juíza de muitas competições internacionais. Em adição a tudo isso, nossa convidada ainda é autora dos livros Beer is for Everyone! (2017) e Hooray for Craft Beer! An Illustrated Guide to Beer (2022). Confira agora o episódio na íntegra:

 

 

Como surgiu a ideia para criar o Pints and Panels?

 

Em Sauters em 06 ’00”: Eu sempre me interessei por cerveja e por desenhar. Eu desenho desde os quatro, cinco anos e estou ligada à cerveja desde antes do recomendado, talvez, não da mesma forma, mas desde a faculdade e a idade mínima para beber aqui é vinte e um, logo. Eu sempre me vi rodeada por cervejas interessantes e acabei me tornando muito envolvida com cerveja por volta dos meus vinte e poucos anos. O Pints and Panels surgiu quando eu estava na escola de quadrinhos, eu estava em uma escola de arte, era 2010, e eu queria muito falar sobre cerveja no formato de quadrinho. Foi então que, em maio de 2010, o Pints and Panels começou. Eu nem acredito que já foram dez anos, mais na verdade, doze anos desde o início do Pints and Panels e isso me deixa muito animada.

 

Como você decide o limite da complexidade da informação que está passando por uma arte?

 

Desenho de Em Sauters, todos os direitos reservados a ela em Pints and Beers.

 

Em Sauters em 10 ’00”: Essa é uma pergunta muito boa sobre a complexidade. A maioria dos meus trabalhos são feitos e identificados como básicos em relação aos estilos, em relação aos sabores, em relação a variedade de lúpulo, então eu diria “simples”. Algumas pessoas ficam bravas e apontam “ah, você esqueceu disso e daquilo” e eu digo “é para ser simples”. Existe muita nuance e muita complexidade quando se trata de cerveja e meu trabalho com o Pints and Panels é deixar tudo isso o mais acessível possível. Cerveja é incrivelmente complexa e pode confundir muitas vezes. Eu mesma me pego perdida volta e meia, porque são muitas variáveis. Tem muita coisa que é particular ou mesmo científica, se você não tiver uma bagagem de matemática ou de ciência – eu nunca tive muito sucesso em nenhuma dessas áreas – você pode ter alguma dificuldade com os processos de como são feitas as cervejas, já que tem toda uma química, uma microbiologia até, envolvida. O Pints and Panels até pode fazer isso, eu fiz alguns guias ilustrados para o Master Cicerone Exam, mas na maior parte do tempo, eu gosto de partir do ponto de vista do bebedor casual. “Eu sou um bebedor casual que gosta de cerveja e quer aprender mais sobre”. O Pints and Panels está lá para você, então nós fazemos de uma forma que seja algo como um Cerveja I, Cerveja II, um pouco mais profundo que algo como “O que é uma Ale? O que é uma Lager”. Um pouco mais profundo do que isso, mas eu quero tornar o mais simples possível para que a informação e os desenhos sejam compreendidos. Esse é o objetivo.

 

Gostaríamos que você nos contasse um pouco como foi a sua preparação para obter a certificação cicerone. Se puder dar dicas para os nossos ouvintes, seria incrível.

 

Em Sauters em 18’ 33’’: Eu fiz o First Level Cicerone Exam em 2011, o Certified Exam em 2015, o avançado(Advanced Cicerone Exam) em 2017 e fiz o Master em 2018 e em 2019, nunca passei. Não acho que eu vá fazer novamente, mas só porque o Pints and Panels demanda muito, então eu não teria o tempo para me dedicar o suficiente e esse tempo é mandatório quase. Se você tem vontade de fazer o Master, você vai precisar dedicar uma quantidade bastante considerável de tempo e ter os meios – ou um empregador que queira que você faça. Existem aulas importantes que te ajudam a estudar e a passar, consequentemente, mas elas são bem caras, então se você estiver por você mesmo, o Master pode ser um desafio e tanto. Isso posto, eu ainda acho o programa muito importante, especialmente os dois primeiros níveis. Minha primeira dica seria o livro do Pints and Panels “Hooray for Craft Beer”, isso vai ajudar bastante no First Level Cicerone Exam. Se você estiver procurando alguma coisa mais avançada, “Tasting Beer” do Randy Mosher é um bom livro, a segunda edição, no caso, pode ajudar no Certified Cicerone Exam. É um ótimo livro. Beba cerveja, com moderação, obviamente, prove todos os estilos que puder. Tente pensar nos sabores, vá a cervejarias que não são muito boas, levando uma caneta. Isso é uma das coisas que eu mais gosto de recomendar, vá a cervejas ruins, infelizmente tem várias por aí. Vá e prove de tudo pagando menos e tome notas; “Por que isso tem esse gosto?”. “Que sabor é esse que eu estou sentindo?”, “É a fermentação?”, “São os ingredientes?”. Isso é muito relevante, é um jeito fácil, bom e acessível de experimentar os sabores, visto que o nosso paladar pode acabar ficando um pouco caro. Estude com quem tem os mesmos interesses que você. Eu também acho legal julgar concursos amadores de cerveja, vá no seu associação de cervejeira local e pergunte quando vai ser a próxima competição, eles estão sempre atrás de voluntários. Se você não se sentir confortável julgando, acompanhe, você vai poder provar as cervejas, fazer perguntas. Isso também é muito importante. Essas seriam minhas dicas.

 

Qual sua opinião sobre a não remuneração para os juízes em concursos cervejeiros?

 

Hora da polêmica!

 

Em Sauters em 30 ’33”: Juízes deveriam ser remunerados? Mesmo que não seja muito, quando eu julgo normalmente o hotel está incluído ou existe um cachê. Isso é muito importante. Assim, se eu acho que tudo deveria estar incluso? Claro, eu não quero ter que pagar minha passagem, porque juízes perdem suas férias no trabalho, eles estão lá para ajudar, para escrever bons comentários, a menos que sejam como alguns que eu já vi preenchendo os formulários com respostas como “essa cerveja é ok”, não, não. As pessoas que entraram na competição querem o seu feedback, querem saber o que fazer para melhorar, querem saber o quão bom está, querem saber se precisam de assistência ou não. Isso é um outro bom motivo para julgar competições amadoras, porque no final você vai precisar dizer “Eu acho que a temperatura de carbonatação está muito alta”, você tenta consertar as cervejas deles dando direcionamentos do que e como mudar. Eu acho muito importante que juízes tenham esse compromisso de dizer “opa, eu te devo todo o feedback possível, porque você pagou por isso e quer ouvir minha opinião”. No final, é um trabalho e, sim, eu acho que os juízes devem ser remunerados por ele. Mesmo que não seja muito, eu não julgo de graça, você recebe uma hospedagem, não paga sua alimentação, o transporte. O Great American Beer Festival te paga um cachê, então você escolhe onde vai ficar. Eu gosto desse formato, porque você pode ficar na casa de um amigo, dividir um quarto de hotel ou se hospedar em um hotel chique. Você pode usar esse dinheiro como quiser. No fim das contas é um trabalho como qualquer outro. As pessoas sempre falam “julgar deve ser muito legal, só beber cerveja o dia inteiro” e, claro, é ótimo, eu adoro, por isso estou sempre julgando quando posso, mas não é como se você ficasse bêbado. No fim do dia você está cansado, pode ser bastante exaustivo, na verdade. Então eu acho que remunerar os juízes é também a melhor forma de garantir que você vai ter os melhores exercendo essa função. Se você não paga, vai acabar perdendo esses juízes e, consequentemente, tendo pessoas menos preparadas julgando sua competição. A maioria dos campeonatos nos quais eu julguei ofereciam ao menos alguma compensação, o que é muito importante, porque voar para algum lugar pode ser muito caro, você tem que alugar um carro às vezes. Concluindo, pague bem as pessoas para ter certeza que a sua competição vai ser a melhor possível.

 

Ouvindo recentemente seu podcast All About Beer – vocês discutiram brevemente sobre o uso de levedura ale cervejas lager e vice versa. Aqui no Brasil esse assunto pode ser considerado um tabu. Como você enxerga isso?

 

Em Sauters em 38’ 37’’: Eu não me identifico muito com essa ideia do “fiscal de estilos”, eu acho. Parece que quando as pessoas olham uma Cold IPA, por exemplo, ela é chamada de IPA mas é feita com levedura lager, elas se agarram a isso e dizem “então está errado”, mas existem tantos estilos que são feitos dessa forma e ninguém tem problema com isso. A Baltic Porter, outro exemplo, é uma lager, na maioria das vezes, as da Polônia pelo menos, acabam sendo feitas com levedura lager e a gente não fala nada. A Tropical Stout é feita com levedura lager fermentada e continua tendo Stout no nome. A gente não está indo todo mundo para a Jamaica bater na porta da loja da Dragon Stout para dizer para eles que eles estão errados. Eles fazem desse jeito há décadas. Então eu não vejo como um problema. Eu acho que existem muitas respostas certas quando se fala de cerveja. Existem diversas formas de fazer uma American Porter, mas no final continua sendo uma Porter, entende? Depende de quanto você usa de malte pale, de malte escuro, de malte de chocolate ou de malte cristal, mas você pode variar. Me lembra muito de assar biscoitos, eu posso fazer um biscoito de chocolate e você pode fazer um biscoito de chocolate e eles vão ser completamente diferentes, mas no fim os dois são biscoitos de chocolate. Eu realmente não vejo essa questão de “essa cerveja tem fermento lager, logo ela é um lager”, pelo menos nos EUA, eu acho que isso é passado. Quando você está julgando ou bebendo sob a premissa do estilo e você sabe como aquela cerveja deveria ser, aí eu acho que sim, você pode se atentar para essas questões e aí se tem levedura lager é para ser uma Ale ou se deveria ter uma aerificação que uma lager não teria, se é feita em uma fermentação fria, lager, toda aquela coisa, aí nesse caso eu vou ter que apontar, porque eu estou seguindo as diretrizes. No dia a dia, no entanto, no mundo real, isso não é uma questão, porque as diretrizes não são leis. É claro que existem leis, em alguns casos específicos, só se pode fazer Kölsch em Colônia. As cervejas lambics, existem regras que dizem o que uma lambic é e o que ela não é. Então se você quiser produzir uma Lambic nos EUA você pode, mas ela não vai poder ser chamada de Lambic. É o que é champanhe e o que não é. É um estilo protegido e demarcado, mas quando se trata de chamar coisas de algo que talvez elas não sejam na letra fria, bom, estando no meio da cerveja e da cerveja artesanal, a gente faz isso desde sempre, por isso eu realmente não vejo isso como um problema.

 

Recentemente soubemos que você estará no Brasil em outubro para julgar o Brazil Beer Cup. Quais são as suas expectativas?

 

foto de uma cozinha com uma cerveja no fundo
Será que Em Sauters vai provar a nossa amada coxinha brasileira?

 

Em Sauters em 45’ 12’’: Isso, eu vou julgar a Brasil Beer Cup e eu estou muito animada. Nunca estive no Brasil, vou ter um dia, um dia e meio em São Paulo e oito horas no Rio. Então eu vou tentar fazer tudo relacionado à cerveja que eu puder, estou muito ansiosa para provar algumas cervejas que eu provei numa competição no México. Eu tomei uma cerveja roast muito boa na praia, dá para tomar onde quiser mas tomei na praia. Eu não lembro o nome da cervejaria mas lembro que a cerveja era muito boa. Estou muito empolgada para provar e para tomar essas cervejas. Eu ouvi que o cenário da cerveja no Brasil está muito forte e com estilos e sabores únicos. Estou com muita vontade de fazer uma imersão para julgar essa competição. Em outubro, mal posso esperar. Muito animada, de verdade.

 

Obrigada pela honra em trocar essa ideia com a gente, Em Sauters!

Até a próxima!

 


 

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🍺 O que bebemos durante o programa? Lud bebe Amantik Coffea, da Zalaz e Leandro bebe Presepada, da Cervejaria Uça.

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