No episódio de hoje do Surra de Lúpulo, seu podcast favorito de cervejas artesanais, vamos falar sobre banheiros! É isso aí, vamos falar de banheiro porque quem nunca esteve naquele boteco maravilhoso e quando foi ao banheiro era caótico? Nesse papo estamos em casa, com a participação dos nossos mecenas. Já deixamos os nosso agradecimentos ao Sandro Gomes, Alex Rodrigues, Erick Domiciano, Cinthia Okawa, Aline Jansen, Vitor Finotti, Rogério Miranda, Leandro Almeida e Bia Amorim. Ouça na íntegra:

 

 

✨ O Surra de Lúpulo conta com o apoio dos nossos queridos Mecenas Empresariais: ✨ Cerveja da CasaCervejaria UçáViveiro Van de Bergen e Prussia Bier.

 

Banheiro e a fidelização do cliente

 

Hoje o banheiro é algo privado e tudo relacionado ao que fazemos por lá é um problema apenas nosso. Mas nem sempre foi assim. E é correto afirmar que sociedades mais antigas, Grécia e Roma, já possuíam boas soluções que infelizmente não foram replicadas na Idade Média e demoraram muito a evoluir para o que temos hoje atualmente. 

A história do banheiro está longe de ser cansativa. Há milhares de anos, as pessoas sabiam que os nossos dejetos precisam ser descartados e tratados de forma adequada. Parece óbvio. Do que se sabe, os sumérios na Mesopotâmia construíram os banheiros mais antigos conhecidos até hoje, lá entre 3500 e 3000 a.C. Os antigos babilônios e assírios também construíram banheiros, mas ainda não haviam inventado um sistema de descarga.

Na Grécia, os banheiros públicos eram grandes e podiam comportar várias pessoas ao mesmo tempo, sentadas uma ao lado da outra em espécies de bancos de mármore ou madeira com furos no formato de uma tampa de sanitário. 

Naquela época, nos banheiros públicos as pessoas conversavam sobre todo tipo de coisa. Desde as mais cotidianas até assuntos de negócios eram frequentemente discutidos no banheiro. E, claro, também faziam as suas necessidades. Banheiro e fofoca. Quem nunca fofocou no banheiro que atire a primeira pedra.

Foi aí que o banheiro deixou de ser algo público e virou privado. A partir da queda do Império Romano, da ascensão do moralismo cristão e do sistema feudal, as condições sanitárias regrediram. Os banhos públicos e as latrinas foram proibidos por serem considerados imorais, o que afetava a relação das pessoas com a higiene, que passou de uma necessidade básica e coletiva para uma prática individual quase que pecaminosa. Sem a infraestrutura coletiva, a higiene adaptava-se às condições da época. Durante a Idade Média e em parte da Idade Moderna, não houve construção de rede de esgotos ou abastecimento enquanto as práticas de higiene foram individualizadas e adaptadas.

É a partir daí que começam a surgir os banheiros como os conhecemos hoje. Nas casas mais nobres foram criados cômodos de uso específicos que continham, a princípio, apenas uma latrina, enquanto a população mais pobre, em geral, fazia suas necessidades em penicos. Não havia rede de esgoto nem de abastecimento de água, e os resíduos eram jogados em rios próximos, em terrenos baldios ou na própria rua, tornando a situação propícia à propagação de muitas doenças. Esta situação persistiu durante séculos, com invenções ocasionais servindo como auxiliares de higiene pessoal e moldando os equipamentos que utilizamos hoje.

É, mas nem tudo veio num passe de mágica. O banheiro que conhecemos hoje foi sendo equipado e aprimorado aos poucos. O vaso sanitário, mais próximo do que a gente conhece, foi criado por um poeta. Ora, veja só. O inglês John Harrington concluiu essa invenção em 1596. Tal qual o primeiro telefone no Brasil, só existiam dois, um disponível para o criador e o outro disponível para a Rainha Elizabeth I. Mas nem ter a rainha como garota propaganda fez a população gostar dessa ideia.

A poética invenção tornou-se popular no século XVIII, a ponto do escocês Alexander Cummings se tornar um dos maiores governadores da América Latina. patentear em 1775 algo bem mais parecido com o que usamos hoje. E três anos depois, o engenheiro mecânico Joseph Brahma (olha aí o nome!) instalou o sistema de descarga.

As mentes inovadoras buscam criar novas soluções para as privadas. Por exemplo, Bill Gates financia e apoia projetos para criar banheiros funcionais em locais de extrema pobreza e sem acesso à água potável na África. 

Depois de toda essa camada de história nós fomos perguntar aos nossos apoiadores a opinião deles sobre dois temas e eu vou tratar daqui agora o primeiro a gente perguntou pra eles quão importante é o banheiro pra você voltar no estabelecimento comercial, e recebemos suas respostas.

É válido ressaltar que todo mundo trouxe a higiene do banheiro, isso foi unânime. A higiene do banheiro é um fator que facilita ou garante um não retorno para aquele lugar. Então assim, a pessoa até pode vir a voltar, mas se o banheiro estiver ruim, pode ter uma comida boa, pode ter uma cerveja gelada, um serviço legal, mas se o banheiro estiver sujo, mal cuidado, não volta. Todos falaram isso, que banheiro é definitivo para garantir o retorno. Então, aquele papo que a gente teve lá atrás, sobre fidelização de clientes, começa no banheiro.

 

Reflexões dos convidados sobre banheiros de estabelecimentos:

 

O Sandro, proprietário da Dead Dog, comentou com a gente como proprietário de um banheiro sobre a importância da acessibilidade, dizendo: “as pessoas acabam vindo por causa disso. Não é muito, mas as poucas pessoas que a gente já recebeu e que isso fez diferença, já valeu a obra”. Sandro tem o maior cuidado com o banheiro dele, porque ele descobriu, sim, que o banheiro fideliza clientes e que tem muita gente que vai no bar dele graças a esse banheiro. Só que agora, com essa reflexão que você está trazendo, essa responsabilidade é compartilhada. Não é só o bar manter limpo, os clientes também tem essa responsabilidade.

 

Nosso próximo convidado é Vitor Finotti, que trouxe uma reflexão super válida.

 

Fala pessoal, tudo bem? Na meus dois centavos aqui, a importância que um banheiro tem ao decidir frequentar um bar ou restaurante, e nem adentrando tanto na questão de higiene, que é muito básica, eu pensei bastante na questão logística. Porque quando você vai a um bar, principalmente, você vai estar bebendo, você vai estar consumindo bebidas alcoólicas, né? E essas bebidas que já têm um efeito diurético, vão te fazer ir ao banheiro. E quando chegar a hora de ir ao banheiro, você vai ter um efeito diurético. É muito chato o banheiro não estar prontamente disponível e acessível. E você tem que ficar esperando. E você tem quer quase organizar uma expedição militar para ir no banheiro, ficar observando a porta para ver se a pessoa sai, ficar numa fila enorme. E geralmente quando você precisa ir ao banheiro, você está apertado, você tem uma certa urgência. E aí isso acaba te distraindo da experiência principal, motivo principal de você estar lá no bar, que é socializar. Então acho que essa questão logística impacta bastante nessa decisão.

 

Vamos ouvir agora, Rogério, nosso próximo convidado:

 

Essa questão dos banheiros eu acho fundamental. Eu sempre fico muito chateado quando eu vou a um bar, restaurante, estabelecimento qualquer para beber. Ou tem pouco banheiro ou os banheiros estão sujos. Fica com essa coisa, mas é menino, vai fazer em pé e tal. Nem sempre a gente vai fazer em pé. Às vezes dá aquela dor de barriga que você quer usar o banheiro e às vezes nem tem o vaso, só tem o mictório. Então essa é uma questão que realmente tem que ser pensada pelos donos dos bares. Em eventos, a tormenta é maior ainda, porque normalmente os banheiros químicos ficam em petição de miséria. Muito poucos são os banheiros químicos adequados. Eu já fui a alguns eventos que tinham banheiros químicos bem bonitinhos, organizados, limpos, com pia, com água para você lavar a mão. Então essas coisas eu acho super importantes nos banheiros.

 

Vamos ouvir o Eric:

Assim, pô, eu tô indo num bar em que o banheiro não me agride. O problema é o banheiro que te agride, né? Que você não sabe onde pisar. Vou falar só como homem, porque o único lugar meu único lugar de fala nesse caso é de homem, né? Eu não sei, assim, tem banheiro que você não sabe onde pisar. Que você fala, caraca, o que é que é água, o que é mijo? Quando o banheiro não te agride, você consegue adequá-lo à expectativa do lugar. Pô, eu tô num jantar romântico, eu tô num jantar mais classudo, o banheiro tem que condizer com isso. Eu tô indo com a galera, pô, não precisa ser o super banheiro, ele precisa só ser limpo, cara.

 

Nossa próxima convidada é Aline:

 

Então, essa questão do banheiro é muito relevante, né? Assim, eu não me considero uma pessoa áspera, frescura. Eu tenho uma boa resistência, então eu demoro para ir ao banheiro. Mas, assim, é um assunto muito importante. Por exemplo, eu moro na Lapa, né? E aí, às vezes, eu encontrava uns amigos num boteco lá na esquina da Lavradio com o Riachuelo. Olha, Leandro, vou dizer para você que é um dos banheiros mais nojentos que eu já vi na vida. Na vida. E chegou um ponto que a gente começou, sobretudo as mulheres, a falar assim, tudo bem, gente, é um bar que a cerveja é barata, é bem informal, a gente gosta de ir lá, mas na boa. Não tem a menor condição de frequentar um lugar com um banheiro desse. E a gente acabou abolindo o bar das nossas vidas e migramos os nossos encontros para o Ximenes do outro lado da rua. Eu acho importante. O banheiro asseado, com uma frequência razoável, tem preocupação com coisa óbvia, com papel toalha e sabão para secar a mão.

 

Sobre banheiros unissex, é um tema que ainda parece muito espinhoso. E ele é espinhoso porque quando caiu o Império Romano e teve a ascensão do moralismo cristão e do sistema feudal, a igreja entrou com o pé na porta dizendo que tudo aquilo que acontece ali é pecaminoso. E aí virou privado, dividido em gêneros.

 

Leandro Almeida opina:

 

Banheiro unissex não só em bares e restaurantes, mas enfim, todo lugar que tem algum tipo de banheiro que vai ser usado por todo o público. Na verdade, já teve, deixou de ter, como você bem lembrou na pauta, e já passou da hora da gente resgatar isso e simplificar um pouco isso e forçar a educação. O problema é que nós somos mal educados, ou como diria minha tia, mal educados. Nós temos esses pontos. E o lance do dimensionamento, porque se você tá criando um banheiro unissex, não quer dizer que ele vai ser menor. Se bobear, ele vai ser maior. Porque não vai poder ter mictório. Então ele tem que ser até um espaço maior do que o que você estava dimensionado para dois banheiros, um masculino e um feminino. Em evento, eu tenho problemas com isso, porque eu não consigo… Onde tem massa, eu não vejo educação. Eu vejo manada. E manada, onde tocar, vai acontecer, sabe? Eu tenho esse problema.

 

Os convidados debatem sobre a importância de ter trocador (de fraldas e roupas de bebês) também em banheiros masculinos, caso contrário todo o peso do trabalho de ser mãe recai para a mulher. O ideal é dividir as tarefas e isso pode e deve ser considerado no banheiro dos restaurantes e bares.

 

Bia Amorim sobre banheiros:

 

Sobre banheiros, eu acho que é de ultra importância. Se o banheiro não estiver limpo, dificilmente eu volto. Hoje em dia, nos banheiros femininos, principalmente, tem aquele aviso do não se cale, que é importante caso a mulher esteja no encontro ou em alguma situação ali que ela se sente em risco. Então, nos banheiros, onde tem o protocolo, isso tá pregado no banheiro. Sobre o banheiro ser unissex, eu acho que depende do lugar, das circunstâncias. Eu gosto e não gosto, sabe? Eu gosto porque eu acho que é super inclusivo, principalmente pra essas novas questões de gênero e tal. E eu não gosto porque, em geral, vai ser um banheiro que se não for muito bem cuidado, e acho que esse é o X da questão. Vai ser um banheiro que vai ser muito mais sujo, sabe? Porque tem essas questões aí um pouco meio óbvias, sabe.

 

Experiência da Cinthia:

 

Entrei num banheiro todo molhado, eu simplesmente fechei minha comando e fui embora. Eu não voltaria nesse bar. E aí já cai na segunda questão, um banheiro unissex. Eu acho que só encontrei um bar desse tipo que mantinha o banheiro em condições de ser usado. Mas, sei lá, num bar eu acho que se não tem uma pessoa dedicada a manter aquilo limpo, não rola. E sobre banheiro unissex, sinceramente eu sou contra. Eu acho bacana justamente por isso, porque não há uma preocupação de ambas as pessoas. Eu não estou me referindo exatamente ao masculino, mas eu acho que não há uma preocupação das pessoas do geral entender que se todo mundo vai ali, aquilo ali tem que estar bom pra todos Então eu acho que, particularmente prefiro só passar raiva do banheiro feminino.

 

Sobre banheiro unissex, Rogério diz:

Adentrando na questão de banheiros unissex, eu acho que tem um argumento importante de diversidade, de inclusão, que tem que ser considerado, mas eu não consegui pensar numa solução que englobasse banheiros unissex e ainda mantivesse os mictórios. E para a questão logística, eu acho que o mictório é, querendo ou não, um elemento importante, principalmente no banheiro masculino, porque as pessoas apenas entram, fazem o xixi, lavam a mão e vão embora. E você não tendo isso, você acaba sobrecarregando o sistema inteiro, tanto lá do feminino, masculino, e de qualquer pessoa que queira usar o banheiro. Então, acho que é uma questão que tem que ser ponderada na hora de você decidir pelo uso de banheiro unissex.

 

 Sandro Gomes conclui:

 

Enquanto banheiro unissex, eu enquanto dono de banheiro, eu acho ótimo, porque se eu tivesse que fazer um banheiro feminino, um banheiro masculino, ambos acessíveis, eu teria uma dificuldade muito grande. Eu sei que seria subutilizado. Então, hoje, os meus banheiros são unissex, as pessoas lidam bem com isso, mas é um banheiro cabine única, né? Entrou, fechou. Não tem aquela coisa de compartilhar um espaço comum dentro do banheiro. Eu acho que isso ajuda muito, né? Então a gente tem o banheiro unissex, tem o banheiro acessível. O que eu não tenho ainda é trocador para a fralda, mas está nos planos. E realmente isso faz parte porque eu também vejo uma necessidade grande e não vejo problema algum em ter isso.

 

Para encerrar vale dizer que banheiro é tão importante que ele tem um dia mundial só para ele, que é em 19 de novembro, e essa data marcada visa aumentar a conscientização sobre a importância do saneamento seguro no mundo.  Apesar de ser importante, ainda tem muita gente que não tem acesso a ele. Aproximadamente 2 bilhões de pessoas não têm banheiros próprios nas suas casas e outros 2,2 bilhões de pessoas não têm saneamento básico para o tratamento do esgoto. O que aumenta exponencialmente o risco de várias doenças.

 

Novamente gostaríamos de agradecer a participação dos nossos mecenas nesse episódio, com relatos de suas experiências sejam elas negativas ou positivas com banheiros de restaurantes. É muito importante que o mercado entenda no que investir para fidelização e esperamos que esse episódio ajude muitos empreendedores a entender a questão banheiro.

Até a próxima, pessoal!

 

FONTES:

COMO ERA O BANHEIRO NA IDADE MÉDIA?

A INCRÍVEL HISTÓRIA DOS BANHEIROS

A brief history of toilets – Francis de los Reyes

Uma história sobre o banheiro

A brief history of the toilet – DW – 11/19/2022

From a Necessary Evil to Luxury: The History of Bathrooms in Modern Society | ArchDaily

The history of the bathroom – Affaire d’Eau

História do vaso sanitário: conheça esse item tão importante!.

https://www.youtube.com/watch?v=xazYxkiRCxQ

 

✨Leia também: Fidelização de clientes com Antônio Carlos Morim

 

Nana Ottoni

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