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Surra de Lúpulo #198 – Eventos Cervejeiros: solução ou problema?

ONDE OUVIR:
evento cervejeiro solução ou problema

No programa de hoje do Surra de Lúpulo, nosso podcast sobre cervejas artesanais, vamos levantar questionamentos sobre eventos cervejeiros, solução ou problema? Para desenrolar o assunto, usamos a Pesquisa Retrato dos Consumidores 2023. Ouça na íntegra:

 

✨ Esse programa não aconteceria sem os nosso Mecenas Empresariais: ✨ Cerveja da CasaIris PayCervejaria UçáViveiro Van de Bergen, The Beer Agency, Prussia Bier.

 

Eventos cervejeiros: solução ou problema?

 

Tulipas de chope sobre mesa de madeira e ao fundo, os galõesNós já falamos sobre eventos cervejeiros aqui com a participação de Rapha Rodrigues que realiza o All Beers e com o Thiago Garcia do Festival ISO. A proposta de hoje é dar uma esmiuçada na importância de evento cervejeiro de uma maneira geral. E entender como as cervejarias artesanais podem se beneficiar disso. Para tanto, contamos com algumas participações especiais de donos e donas de cervejarias, bem como organizadores de eventos,  e claro, consumidores para darem seus depoimentos e podemos ter uma visão mais geral desse assunto.

 

A nossa pesquisa trouxe alguns dados sobre eventos. Nela ficou claro que a grande maioria das pessoas frequenta eventos e consome cervejas neles. Daí pensamos, será que os eventos não estão sendo pouco explorados pelas cervejarias? Se você ainda não acessou o Relatório Nacional Gratuito, clique aqui.

 

  • Consumidores de comuns: 59,71% dizem que SEMPRE bebem cervejas em EVENTOS;
  • Consumidores de artesanais e comuns: 74,63% já foram em eventos; o tipo mais comum é o sem pagamento de ingresso e paga o que consumir (39,21%); mas o preferido é o que paga apenas o ingresso e consome à vontade (33,49%);
  • Consumidores de artesanais e comuns: quem nunca foi em evento (25,37%) encontra como o maior limitador a localização (54,58%); e em segundo lugar a companhia (20,25%).O preço da cerveja está em último lugar (9,68%).

 

 

 

Feiras em locais públicos e sem foco em cerveja

 

Vamos saber mais sobre esse tipo de evento com Thiago Nasser, da Junta Local, no Rio.

 

“É um prazer estar aqui compartilhando um pouco da nossa história. Para quem não conhece, a gente começou em 2014 com o propósito de aproximar quem come e também quem bebe e quem faz. A gente entende que essa relação direta com o pequeno produtor, é super importante e é uma delícia. E a galera da cerveja sempre teve um papel muito importante nisso, né? Acho que tem muitos elementos em comum. Questão da comunidade, de todo mundo se conhecer, se ajudar, trocar receita. Questão da relação direta, né? A gente estava ali numa época em que as pessoas estavam conhecendo diferentes estilos, marcas novas estavam surgindo, né? Então, nas nossas feiras, no começo, já passaram Dois Cabeças, Hocus Pocus. Rockbird, Three Monkeys, Três Cariocas. Então essa galera sempre foi muito parceira e participou das nossas feiras, que a gente promove feiras, a gente tem um site. E também fazemos eventos especiais. Inclusive há pouco tempo fizemos o Fermenta Cerveja, um evento no formato bem interessante, com ingresso, ao contrário das feiras que são abertas ao público, que as pessoas poderiam degustar livremente. Aí tinha desde bisalhães, coisa linda. até Zapata e outras marcas dentro de uma ideia de sempre estar provocando um pouco, trazendo coisas novas de cervejas ácidas, de levedura selvagem, com insumos de fazenda. E já tivemos outras experiências muito bacanas também, já tivemos algumas cervejas com a nossa marca, feitas em collab, já teve uma de limão, uma Cezon de limão galego, de uns… com a Dois Cabeças, já fizemos a fim de feira, nossa cerveja de batalha oficial das feiras, em parceria com a Rockbird, depois com a Hocus Pocus. Porque é isso, né? Todo mundo preocupado com a qualidade, com a origem das coisas, e a cerveja é aquela coisa que desperta a conversa, né? Cada um quer trocar a experiência, as suas preferências, e é isso que acontece nas feiras e eventos da junta local. Então, para a gente sempre foi um enorme prazer estar muito junto desse movimento da cerveja artesanal e a gente espera que continue assim por muito tempo.”

 

Junta localÉ legal a gente entender um ponto aqui que o Thiago Nasser traz. Primeiro que a junta local, como você falou, pra quem não conhece aqui no Rio de Janeiro, é um evento que trata muito de gastronomia. Assim, a maioria das barracas envolve comida ou bebida. Então você tem uma diversidade de alimentação e de coisas pra saborear e testar ali tal e comer ali tal. Segundo que eles, desde a primeira edição, e eu já fui a muita junta local, é um evento que eu gosto demais, desde a primeira edição, eles tentam reter o público e não virar uma feira onde você passa, compra o que você quer e vai embora, tá? E aí, tem um ponto aqui que é legal. Quem nunca foi numa festa de criança, ou numa festa como convidado em geral, e saiu ou elogiando ou falando mal do buffet. O buffet, o serviço, é muito importante pra reter o público num evento. para conter a galera ali dentro.

 

Passa a ser um elemento chave, no caso aqui para a gente, a cerveja, passa a ser um elemento chave importantíssimo para a junta local e para os outros eventos, para que a conversa e a presença das pessoas nesses eventos seja mais duradoura. Não seja apenas de passar lá, comprar o pão orgânico que gosta, os insumos, os temperos, os cremes que gosta e tal, e ir embora. Não, é parar, comprar o que gosta e ficar, curtir o som. Sempre tem um DJ tocando, fazendo um som ambiente e tal. Então, cria um ambiente de permanência. Diferente de uma feira de bairro, que você passa, compra o que quer, chega na xepa, chora, já conhece os feirantes e vai embora. Então, a cerveja passa a ser um elemento chave. E o Tiago traz o quanto as marcas, que hoje são marcas muito fortes, começaram nesse ambiente. E isso não é só pra cerveja, gente. Aqui também tem uma outra feira, muito aqui no Rio, tem outra feira muito clássica do Rio de Janeiro, que é a Babilônia Feira Hype. Muito antiga. Que aí ela é mais voltada pra moda. A Farm, por exemplo, nasceu na Babilônia, Feira Hype.

 

Eventos privados de grande porte (congressos, feiras de negócios, eventos de moda)

 

A gente separou aqui nessa organização nossa o que a gente chama de eventos privados. E aí botamos de pequeno, mas eu também traria de médio e grande porte. Porque dentro desses eventos, a gente pode colocar aí feiras de negócios, eventos de moda, e aí você tem tanto eventos de moda e congressos, que é uma coisa de outro patamar de segmentação e nicho de público. Quem trouxe uma experiência muito legal pra gente sobre essa participação em eventos de médio, grande porte, privados, foi a Fê, da Rueira

 

“Aqui é a Fê, da Rueira, tudo bem? Bom, falar da Rueira e não falar em evento é praticamente impossível. A cervejaria nasceu com o propósito muito forte de ir onde as pessoas estão. Hoje a gente participa de muitas feiras de rua que possuem uma curadoria voltada para marcas autorais de pequenos e médios produtores. Também fazemos eventos privados, corporativos, de tudo um pouco. A gente vai desde um evento nacional de tecnologia, que nós participamos esse ano, até a final do campeonato de tênis, de tudo um pouco mesmo. No início, os eventos eram muito mais para a construção da marca do que plano comercial de venda. Mas a gente percebeu que dava para caminhar com os dois propósitos juntos. A gente ama fazer evento de rua, evento gratuito. Existe uma troca entre nós e a galera muito grande e isso nos direciona enquanto cervejaria, pois conseguimos ver de perto o que o cliente gosta, quais são as dores, o que o impede de tomar cerveja artesanal e o que o faz tomar também. A gente trabalha em um eixo São Paulo-Capital, Campinas-Ribeirão Preto e entendemos que cada cidade possui suas particularidades de gosto. Mas, no fim, o que todo mundo quer é tomar uma cerveja boa, de boa e relaxar e curtir. Claro que tem evento que não atinge nossas expectativas, mas tem outros também que extrapolam. E aí é importante controlar o fluxo de caixa para poder aguentar esses altos e baixos. Eventos, para nós, na nossa opinião, é uma ótima oportunidade de conexão com o consumidor, que pode vir a ser seu cliente, se simpatizar com seu propósito e ser o seu maior marqueteiro. Acredito também que toda cervejaria pode sim encontrar seus potenciais eventos para compor a estratégia comercial da empresa, desde as mais sérias até as mais descontraídas, como a Rueira.”

 

Eventos focados em cervejas (com cobrança de ingressos e open bar)

 

Agora vamos falar sobre eventos focados em cerveja e quais cervejarias mais se beneficiam com esse tipo de serviço. Quem vai ajudar a gente é o Felipe, da Cervejaria Uçá:

 

Aqui é Felipe Barros, da Cervejaria Uçá, de Aracaju, Sergipe. Vou falar um pouquinho sobre eventos aqui pra gente. Preciso começar dizendo que eventos cervejeiros mesmo, em Aracaju e em Sergipe, são praticamente inexistentes, né? Uma coisa muito nichada, isso não existe muito aqui. O que acontece são alguns eventos caseiros, coisas bem pequenas, ou quando nós mesmos proporcionamos e organizamos esses eventos. Então, nós costumamos fazer quatro eventos open bar por ano, cada um com uma temática diferente. Não preciso dizer, mas são muito importantes para o nosso comercial nos meses que eles acontecem. Costumamos fazer no Carnaval, São João, Oktoberfest, setembro, outubro, e um Halloween, outubro, novembro. Então, esses eventos open bar têm um volume muito grande de saída. A gente consegue fazer o Open Bar com um ingresso relativamente barato e buscando uma vazão mesmo de venda de shopping. Então a gente organiza todo o evento com o objetivo de dar vazão nesse shopping, nesses eventos. Então, nos meses que eles acontecem, eles acontecem, são importantíssimos para o comercial. E além disso, buscamos participar do máximo, do maior número de eventos privados possível. Casamentos e formaturas são um grande cliente da gente, né? Representam uma boa parcela do comércio. E eventos pequenos em casas, né? Com uma chopeira, um barril. Também temos bastante toda semana, todo final de semana, durante a semana. Então, resumindo, os eventos hoje voltaram a ser a principal fonte de venda de produto nossa. Deu uma paradinha na época da pandemia, né? Que os eventos pararam, inclusive… Nós já tínhamos uma dependência muito grande de eventos na época que aconteceu a pandemia, o que acabou prejudicando muito a gente, nós não tínhamos produtos em prateleira, então essa dependência de eventos foi um problema para a gente lá atrás, caiu e hoje voltou, retornou muito forte, claro que a gente acabou desenvolvendo produtos enlatados, em vazados, em garrafas, que representam uma grande parcela do comercial também, mas eventos com certeza têm uma grande importância no nosso comercial. E eu não me vejo hoje como cervejaria se eu não conseguisse atender eventos. É a melhor forma de servir o produto, o produto tá indo ali super fresco, em chope. As pessoas estão num momento de consumo diferente, né? Normalmente, quem não é do mundo da cerveja artesanal, pelo menos aqui em Sergipe, costuma consumir em lata, em garrafa, em casa, sentado na mesa de um restaurante, de um bar. Quando tá num evento, provando um chope, um chope diferente, diferentes sabores. Normalmente nós temos pessoas especializadas ali junto com o nosso produto para explicar sobre o produto, sobre a matéria-prima, tentar dar uma iniciada ali naquele consumidor no mundo de cerveja artesanal. Então, o que eu posso dizer é que os eventos são muito importantes para o comercial da cervejaria Uçá hoje. E eu acho que tem que ser assim mesmo. Como eu falei, a melhor forma do produto chegar ao cliente, né? Mais fresco, com maior qualidade, com maior informação. Talvez só não, em alguns momentos, a gente não consiga um serviço ideal, um copo ideal, né? Mas tá ali num momento descontraído. Eu acho que é o momento ideal para a pessoa que não é iniciada, que não conhece a cerveja artesanal ou que não conhece a cerveja, de conhecer, de se aprofundar mais e iniciar esse consumo com a gente.”

 

Aqui temos um ponto que o Felipe diz, que é legal deles assumirem a propriedade de fazer o open bar deles, e pelo que podemos ver no vídeo abaixo, eles são a única cervejaria com esse esquema open bar. A galera paga para curtir ali o arraia da Uçá e aproveitam com as cervejas Uçá ali para poder consumir.

 

 

Então eles bancam esse risco, eles assumem esse risco de tão importante que isso é. E aí falaram de quais são as cervejarias que mais se beneficiam por esse tipo de evento. Aí vamos lá às opiniões, às interpretações em cima dos fatos que a gente vive hoje. Esse tipo de evento costuma atrair um público de maior conhecimento sobre o tema. quando são eventos focados em cerveja e open bar. É menos a galera que quer experimentar para saber como é, e mais a galera que quer experimentar cervejas diferentes.

 

Eventos focados em cervejas (com cobrança de ingressos e paga pela cerveja)

 

De acordo com dados da nossa pesquisa: consumidores de artesanais e comuns: que nunca foi em evento (25,37%) encontra como o maior limitador a localização (54,58%); e em segundo lugar a companhia (20,25%). O preço da cerveja está em último lugar (9,68%).

 

E comparado ao Open Bar, os preços são muito maiores do que o ingresso do Mondial de La Bière ou de outros eventos nesse mesmo modelo. Mas quando falamos de eventos desse tipo, é importante entender que vira um fator de moderação o “pagar pela cerveja”, que é o limite da carteira da pessoa. Dando um exemplo, paguei 50 para entrar no evento e tem mais 200 estandes aqui dentro. Eu não vou pagar mais do que 250 reais. Aí a pessoa esquece que ela tem que botar a conta lá dentro, tem que botar a comida ainda por cima, o transporte, e toma um prejuízo danado. Mas, no final das contas, a pessoa acaba tendo um fator de controle, de moderação que é a grana. E aí, vira uma disputa que é disputa pela atenção do consumidor. Porque o seu stand é o seu. tem que chamar atenção, já que ele não vai poder comprar todas as cervejas que ele passar na frente.

 

Gosto músical de quem frequenta eventos cervejeiros
PÚBLICO JOVEM: de 18 até 35 anos

Ivi falando diretamente de Manaus, Amazonas. Então, aqui a gente não tem muito evento cervejeiro. Falar a verdade, o nosso público ainda é muito novo, o nosso cenário ainda é muito recente. Então, nós temos uns dois eventos que acontecem dentro de shoppings e algumas das maiores cervejarias daqui participam. E fora isso… Tem tido bastante evento de artesanato, bazares e outros tipos de eventos que as cervejarias têm participado para conseguir conquistar aquele público que ainda não é da cerveja artesanal. E dentro desses eventos maiores, que não são focados em cerveja, tem todo tipo de som, todo tipo de gente, todo tipo de público. Já nos eventos cervejeiros que, por enquanto, só acontecem dentro do shopping, é um público mais elitizado, digamos assim, e a música é geralmente o rock. É, meu Zé, o rock precisa acabar.”

 

Gostaram do nosso bate papo? O que você acha de eventos cervejeiros? Queremos saber.

Até a próxima,

 

✨Leia também: Surra de Lúpulo #182: 10 anos de Mondial de La Bière

✨O que bebemos durante o programa? Lud e Leandro bebem água.

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