No programa de hoje, vamos falar de um assunto que nós amamos muito: dados do mercado cervejeiro. O papo é sobre o Anuário da Cerveja 2023, recém liberado pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária). Para isso, estamos com Vitor Oliveira, atualmente exercendo a Coordenação-Geral de Vinhos e Bebidas. Ouça na íntegra!
Deixamos o nosso agradecimento aos Mecenas Empresariais: Cerveja da Casa, Iris Pay, Cervejaria Uçá, Viveiro Van de Bergen, The Beer Agency, Prussia Bier e Passaporte Cervejeiro.
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Conhecendo o convidado e o Anuário da Cerveja 2023:
Vitor em 06’07’’: Bom, como você disse no início sou engenheiro agrônomo, entrei no ministério da agricultura em 2014, desde então trabalhando na área de Vinhos e Bebidas. Eu trabalhava no Espírito Santo, em Vitória. Em 2020, eu vim pra Brasília pra trabalhar aqui na coordenação de Vinhos e Bebidas e estou agora como coordenador de Vinhos e Bebidas também, até janeiro do ano que vem. Porque sou o substituto e a titular está em licença maternidade. Bom, sobre o anuário foi um projeto que começou em 2017 mais ou menos um paralelo com a câmara da cerveja aqui no ministério da agricultura. E a gente sempre teve muita demanda de números, pedindo números sobre cervejas. E a gente achou interessante na época criar o Anuário da Cerveja, que foi idealizado pelo Eduardo Marcusso, que já esteve aqui com vocês também. E ele deu início nessa primeira edição, e sobre quais números colocar foi aprimorado ao longo do tempo. Antes eram estabelecimentos registrados, produtos registrados. Nosso critério é que sejam dados confiáveis que nós, como MAPA, temos acesso. Expandimos para densidade cervejeira, número de habitantes. A partir do ano passado inserimos dados relativos à importação e exportação. Que são informações do governo, fontes confiáveis. E para o ano que vem, vamos incorporar cada vez mais de acordo com o cenário.
Gostaríamos que você, como organizador dos dados, nos contasse quais informações você ressalta como mais relevantes esse ano?
Vitor em 12’24’’: O crescimento incessante do setor, né. A gente visualiza ao longo do tempo; o recorte temporal que fazemos é de 2000 pra cá, né. E o crescimento é constante. E tem uma grande mudança de 2019 para frente em relação ao Registro de Produto. Porque em 2019 a gente criou a IME65, que trouxe a possibilidade de receitas que o antigo padrão não facilitava. Com o uso de frutas brasileiras, produtos de origem animal (mel, lactose), outros adjuntos… E como houve mudança desses dados, teve um crescimento enorme. A leitura que fazemos é que a maior oferta de cerveja nacional de qualidade dispensou as cervejas internacionais. A oferta de produto nacional aumentando e a importação de cerveja diminuindo. Estou em Brasília e aqui a gente encontra cervejas com frutas do cerrado, e lá fora não existe isso, né.
Lud coloca em pauta que o dólar estava muito alto e que isso pode ter beneficiado as cervejarias brasileiras.
Uma das maiores dúvidas que ouvimos quando se fala do Anuário de Cerveja do MAPA é qual é o número de ciganas que temos no Brasil. Como o MAPA pretende obter essa informação?
Vitor em 20’25’’: Essa questão da cervejaria cigana, o que acontece, esse número até hoje não apareceu nos anuários. Pro ministério da agricultura, a gente não registra ciganas. Isso é uma relação que existe entre o mestre cervejeiro, e ele não tem uma fábrica, então ele contrata a cervejaria, faz um contrato entre as partes. O que o MAPA tem? O registro dessa cervejaria que ele contratou. Mas se essa cervejaria está fazendo cerveja própria ou de terceiros, não sabemos. Ano que vem a gente tem programado colocar esses dados, a partir da declaração de produção. E aí a cervejaria vai informar naquele momento se aquele produto é próprio ou é pra terceiros. […] A gente vai ter a radiografia completa, de produto a produto produzido pela fábrica, e se for produção para outra cervejaria vamos ligar a cervejaria cigana a um CNPJ.
Desde a criação do Anuário da Cerveja, notamos o crescimento do número de registro de novas cervejarias, mas nunca o número de cervejarias que fecharam. O número nos anuários demonstra o crescimento apesar das fábricas encerrarem as suas atividades?
Vitor em 29’09’’: O que sai no gráfico é esse saldo já. Novos registros, menos registros cancelados. Em todos os estados, a gente não teve saldo negativo esse ano. Nesse abate com cervejarias que fecharam, ou empata o número do ano anterior, ou há crescimento. No anuário do ano passado a gente trouxe esses números “x estabelecimentos fecharam nos estados”. Então para essa edição de 2023, a gente pensou em reduzir o texto e focar na imagem visual. Por isso, não trouxemos essa interpretação. Mas aquilo demonstrado no gráfico já é essa pontuação.
Lud diz que com essa informação, seria possível entender movimentos econômicos dos Estados; e quem sabe identificar onde as políticas públicas de incentivos fiscais poderiam ser aplicadas.
Qual é o tamanho da produção que corresponde às cervejas artesanais?
Vitor em 38’41’’: Acho que essa indagação esbarra na questão: o que é cerveja artesanal? Qual é o limite? Em que momento essa cervejaria artesanal deixa de ser artesanal? A gente não tem esse parâmetro definido em norma. Com outras cervejarias, a gente tem um decreto. Exemplo: suco e polpa artesanal. Com as cervejas, a gente não tem essas definições em lei. O que dá pra fazer então? Porte da empresa em CNPJ. Mas usar o termo cerveja artesanal para se pegar números, não temos definido.
A produção agrícola também está entre as áreas de competência do MAPA. Existe a perspectiva de trazer para o anuário dados sobre a produção de lúpulo e cevada nacionais?
Vitor em 46’23’’: Vamos lá, a gente precisa ter os dados pra então tornar público. Embora a gente tenha essa fiscalização dessas matérias primas, poucos dados existem em relação a elas. Porque diferente da cerveja, não temos registro de empresas que produzem a cevada, que fazem malteação. Então podemos trazer alguns números, mas não com o mesmo peso dos dados das cervejas. […] Quando você traz a cevada para um fim cervejeiro, a gente consegue o número da importação, mas em contrapartida, não temos o número da produção nacional, porque legalmente não exigimos isso.
Obrigada, Vitor, por esclarecer tantas questões!
Essa pauta foi construída com a participação dos nossos mecenas. Se você quer fazer parte desse movimento, vire um mecenas do Surra de Lúpulo. A gente agradece o alexcrafbeer, mau_cervejando, mauriciogrille e sandro gomes pelas perguntas enviadas.
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O que bebemos durante o programa? Vitor bebe água; Lud bebe Narcose, Public Good IPA; Leandro bebe London Pride.