No episódio 49 do Surra de Lúpulo, nosso podcast de cerveja artesanal, conversamos com os nomes por trás da cervejaria Everbrew, diretamente de Santos (SP), Celio Ongaro Jr e Rene dos Santos. Sócios empreendedores por trás da marca com mais de 200 lotes produzidos desde seu lançamento comercial em 2016, os dois conversaram com a gente sobre expansão na pandemia, criação de fábrica própria e sistema de crowdfunding para viabilizar o empreendimento, além da exportação da Everbrew para a Europa.

Os números expressivos alcançados pela cervejaria de rótulos belíssimos são fruto da história clássica do empreendedorismo cervejeiro. Rene e Celio se conheceram trabalhando juntos na iniciativa privada e dessa amizade vieram interesses em comum, o principal deles a cerveja. Célio se aventurava na fabricação caseira e Rene aparecia sempre para ajudar (leia-se beber). Quando perceberam que tinham em mãos uma cerveja que agradava ao paladar, muito artesanalmente começaram a envasar a cerveja produzida em panela e distribuir pela região. O diferencial? Cada caixa de amostra ofertada vinha acompanhada da pergunta ‘O que você acha que dá para melhorar nessa cerveja?’. “Quando você presenteia alguém com uma cerveja, em geral a pessoa vai dizer que adorou, mas a gente queria as críticas construtivas. Entregávamos amostras contadas, dez ipas, dez black ipas, e aos poucos fomos ajustando os pontos a serem melhorados. Em 2016, depois de um pequeno investimento inicial, fizemos pela primeira vez mil litros de Everipa e 500 de Everblack. Ficamos um tempo produzindo essa quantidade reduzida, testando mercados em São Paulo, distribuindo caixas nós mesmos, batendo de porta em porta”, relembra Rene.

De cigana à fábrica própria

A primeira mudança de paradigma veio no mesmo ano, quando a Everbrew ganhou medalha de bronze com a Everblack no Festival Brasileiro da Cerveja de Blumenau. A partir desse momento, a cerveja passou a ser comentada no segmento . Em 2017, produziram a primeira new england ipa, a Evermont, rótulo que catapultou o nome da cervejaria. “Esse chopp chamou muito a atenção das pessoas e foi realmente um marco na trajetória da Everbrew. A partir daí tudo mudou”, explica Celio. No ano seguinte os sócios inauguraram o brewpub da marca em Santos e, agora os planos estão focados na implantação da fábrica. “Já fizemos a aquisição de dois terços de todo o maquinário com a Zegla, do Rio Grande do Sul, a e em pouco tempo vamos começar a parte do licenciamento, que é mais demorada. Se em novembro desse ano estivermos produzindo o primeiro lote ficaremos muito felizes”, acrescenta Rene.

A Everbrew até o momento é uma cervejaria cigana e Rene destaca que todo o aprendizado acumulado nesse processo deu margem para que, além de adquirirem expertise de mercado, pudessem estruturar um plano de negócios sólido para expandir no momento certo. “Fazia sentido para nós pensar na fábrica a partir dos 30 mil litros produzidos por mês. Oque fizemos até agora foi um trabalho de construção de marca, amadurecimento de gestão e logística, compreensão da dinâmica e da sazonalidade das nossas cervejas. Alinhando tudo isso, chegamos no momento de montar essa estrutura”, explica Rene. Parte do projeto conta com a criação de um crowdfunding, no qual clientes e investidores poderão adquirir cotas que serão revertidas em consumo a partir do momento em que a fábrica começar a operar. É um bom momento para ficar de olho no trabalho sólido da Everbrew e separar um pedacinho do orçamento para investir nos muitos rótulos que a fábrica deve lançar a partir de 2021.

“O mercado consumiu muito mais no período da primeira onda da pandemia. O ano de 2020 foi muito difícil, muito complexo, mas tivemos um crescimento de 130% em volume e faturamento. Muita gente parou de produzir por precaução naquele primeiro momento, mas o brewpub nos ajudou a perceber que a demanda estava muito alta. No começo de 2020 nós estávamos produzindo sete e oito tanques por mês. Em Julho, chegamos a produzir 18 tanques, o que dá um total de 26 mil litros. A gente conseguiu ocupar um share de mercado nesse momento e conseguimos nos manter uma média de 13 a 15 tanques desde então.”

 

Surra de Lúpulo

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