O episódio 58 do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, traz um papo com Gustavo Barreira, sócio da CBCA – Companhia Brasileira de Cerveja Artesanal.
Formado em engenharia agronômica com pós-graduação em Finanças, Gustavo trabalhou em grandes empresas antes de entrar para o ramo das craft beers.
Em 2015, deixou de ser apenas um apreciador e entrou para o time da “Cervejaria Leuven”. Depois, trabalhou na “Cervejaria Schornstein”, em Pomerode, ajustando receitas e promovendo uma renovação e expansão da marca. Atingindo a produção máxima possível dentro das estruturas que possuíam, Gustavo tinha a ideia de ampliar o negócio da “Schornstein” abrindo mais uma fábrica em Monte Alegre, bairro de Piracicaba, mais especificamente em uma das usinas de açúcar abandonadas na década de 70, e que naquele momento passava por um processo de revitalização.
Já em 2017, fez o primeiro crowdfunding cervejeiro do Brasil para a construção do projeto que ficou pronto no final de 2018. Em 2019, promoveu a fusão da “Leuven” com a “Schornstein”, fundando a Companhia Brasileira de Cerveja Artesanal.
No ano passado, em março, fechou parceria com a “Cervejaria Seasons” e com a distribuidora “Fábrica 75”, e em agosto lançaram a marca “The Drummer” em parceria com o ex baterista do Guns N Roses, Matt Sorum.
CBCA Inovadora
No início, Gustavo conta que trouxe um grupo de especialistas de fora do Brasil para estudar os mercados dos Estados Unidos e da Europa a fim de analisar os modelos de negócio existentes, chegando à conclusão de que não existe um padrão a se seguir.
Numa alusão a todas as cervejarias que inspiraram a CBCA no seu processo de criação, o logo da empresa é um mosaico que representa cada uma delas.
“Temos a independência de adquirir um pouco de cada cultura. Estamos criando nossa identidade, nossos valores. Cada um traz uma cultura diferente. Mesmo assim, precisamos manter uma identidade única. E cultura você não impõe, você constrói”.
Lud perguntou sobre os critérios de escolha usados para selecionar as parcerias. Gustavo diz que buscou marcas que já possuíam fábricas e que já tivessem um tamanho razoável com capacidade de expandir. Empresas com uma gestão já em um nível mais profissional também ganharam destaque na hora da escolha.
Craft Beers N Roses
Gustavo conta sobre o dia que conheceu o ex-baterista da banda Guns N Roses, Matt Sorum. Depois de quase perder o voo no dia da viagem, o cervejeiro conta que a primeira conversa durou mais de uma hora e Matt falou sobre seu desejo em criar uma cerveja com sua identidade. Assim surgia a “The Drummer” cujo rótulo é a figura estilizada do baterista tocando com a paisagem da Califórnia ao fundo.
Somente Exportação
Falamos também sobre a disponibilidade da “The Drummer” apenas para o público estrangeiro. Gustavo contou que basicamente são dois os motivos: primeiro porque foi um pedido do próprio Matt para fazer o lançamento nos Estados Unidos. O segundo motivo é fazer um lançamento completo, com um conjunto de produtos bem definidos. A ideia é apresentar o rótulo em um grande show com Matt: “Não dá pra simplesmente colocar na gôndola do mercado, tem que ter a identidade dele”.
Sobre lançar um rótulo nos Estados Unidos, onde o bloqueio de entrada é bem maior, Barreira conta que montou uma equipe focada em construir a marca lá fora e uma estratégia de comunicação muito clara.
“É um frio na barriga enorme. Nosso objetivo inicial não é ser inovador e sim estabelecer a marca. E pra isso, tudo tem que ser muito bem feito”.
Lembramos os convidados que estiveram no Surra falando sobre exportação como o pessoal da Dádiva, da Brewing e da Mindu Beer. A maioria contou que exporta principalmente para países da Europa.
Relembre nossos papos com a Dádiva, Brewing e Mindu Beer.
Leandro comentou sobre a dificuldade de distribuição dos produtos em um país continental como o Brasil, muito por causa da logística, com um transporte muitas vezes mais complicado do que exportar para outro país.
Gustavo explica que o investimento em centros de distribuição espalhados pelo país é fundamental para o crescimento da marca. Isso também fortalece a fábrica, que não fica ociosa por excesso de estoque. A preocupação do cervejeiro não tem que ser quanto vendeu e sim a produção e a qualidade do produto. O cervejeiro ainda comentou sobre a intenção de levar os produtos da CBCA para o norte e nordeste criando rotas fixas pré-definidas que aumentariam a eficiência da logística.
Lud citou o alcance das cervejas da CBCA dentro do Brasil. E nosso convidado afirma que os rótulos estão em 100% dos estados brasileiros, mas em níveis de volume e importância diferentes. Muitas vezes o consumidor prefere as microcervejarias locais. Gustavo reforça que é uma briga coletiva para conquistar o mercado:
“Vale mais todos trabalharem juntos para formar um público fiel primeiro e depois pensar em aumentar os números no mercado”.
Para acompanhar nosso papo, Gustavo bebeu uma WitBier da “Schornstein”, Lud tomou uma IPA também da “Schornstein” e Leandro uma “Vaca das Galáxias” da “Seasons”.