Olá pessoal! Espero que estejam curtindo conhecer um pouco da cultura cervejeira na Suécia, um país que difere (e muito) do nosso Brasil, seja no clima ou na cultura. Mas será que difere tanto quanto se diz no consumo cervejeiro? Se vocês são curiosos e gostam de estatísticas e números como eu, espero que curtam o artigo sobre Mercado cervejeiro na Suécia. E mesmo que não sejam tão ligados em números, com certeza irão achar informações interessantes por aqui.
Pois então, já escrevi sobre que cerveja (e outras bebidas) não são encontradas normalmente em supermercados, o que já deve mudar a forma de consumo da população, e que toda bebida com álcool acima de 3,5 ABV deve ser comprada em uma única rede de lojas estatal. Mas e aí? Como será que a galera da terra viking consome? Será que só tomam cerveja Ale? Ou será que só bebem cerveja muito alcoólica, pra espantar o frio?
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Sobre o Mercado cervejeiro na Suécia
O mercado de bebidas da Suécia é dividido em basicamente 3 grandes grupos: Vinhos, Spirits e Fermentados.
1. Vinhos
Os vinhos são basicamente compostos por vinhos tintos, rosés, brancos ou espumantes e o consumo em 2022 foi de 215 milhões de litros, sendo aproximadamente:
– Vinho tinto: 100 milhões de litros
– Vinho branco: 70 milhões de litros
– Vinho rose: 15 milhões de litros
– Espumantes: 30 milhões de litros
Importante mencionar que, desse consumo, 120 milhões de litros (aprox.) foram consumidos em vinhos de caixa (em sua maioria uma caixa específica para maior durabilidade depois de aberto).
2. Spirits
Os Spirits são basicamente os destilados, como vodka, gim, licores, uísque e outros, como o tradicionalíssimo aquavit (akvavit), e o consumo em 2022 foi de aproximadamente 25 milhões de litros, divididos assim:
– Vodka: 5 milhões de litros
– Gin: 2,5 milhões de litros
– Licores: 3 milhões de litros
– Whisky: 8 milhões de litros
– Outros: 6,5 milhões de litros
3. Cervejas e Cidras
Cervejas e cidras são responsáveis pelo maior consumo de bebidas na Suécia e juntas são responsáveis por 315 milhões de litros sendo:
– Cidras: 27 milhões de litros
– Cervejas: 288 milhões de litros
Do ponto de vista estatístico, e com uma visão bem superficial, as cervejas são subdivididas em 3 subcategorias:
– Lageröl (Lagers): 262 milhões de litros
– Specialöl (Ales, híbridas, ferment. Espontânea): 22 milhões de litros
– Säsongöl (as cervejas de datas específicas): 4 milhões de litros
Abaixo vamos aprofundar um pouco mais no mundo das cervejas.
Como podem perceber, cerca de 90% do consumo em litros são por cervejas “Lagers”, o que mostra como o mercado em geral se comporta semelhante com a maioria dos países quando se fala em consumo geral, ainda que 10% de Ales (ou ditas especiais por aqui) seja um número relevante.
Mais e ai?! Será que os suecos tomam quais cervejas?!
Bom, o item mais vendido na Suécia é a Ey’bro, da Åbro bryggeri, responsável por 4,1% do volume, ou seja, quase 12 milhões de litros. Ela se trata de uma Standard american lager de custo baixo, 10 SEK a lata (aprox. 5 reais), e o 4o item mais barato na Suécia.
E quais seriam as cervejas mais baratas?!
– Holba Serak, Rep. Tcheca, 8 SEK a lata, com consumo de 75 mil litros,
– Gösser, Áustria, 9 SEK a lata, com consumo de 162 mil litros,
– Bira 91, India, 9 sek a garrafa, com consumo de somente 10 mil litros
Porém, a cerveja mais consumida é a Norrlands Guld, american lager que pode ser encontrada em diferentes embalagens, o que a torna, somando as diferentes embalagens, a cerveja mais consumida na Suécia.
Top 10 das cervejas mais consumidas na Suécia:
– Norrlands Guld, Spendrups: Standard American Lager, 15 SEK (500 mL), 7,1% do volume;
– Mariestads Export, Spendrups: Standard American Lager, 17 SEK (500 mL), 5,0% do volume;
– Ey’bro, Åbro Bryggeri: Standard American Lager, 10 SEK (330 mL), 4,1% do volume;
– Falcon Export, Carlsberg: Standard American Lager, 11 SEK (330 mL), 3,4% do volume;
– Sofiero Original, Kopparbergs Bryggeri: Standard American Lager, 13 SEK (500 mL), 2,8% do volume;
– Kung, Åbro Bryggeri: Standard American Lager, 13 SEK (500 mL), 2,6% do volume;
– Norrlands Djup: Strong Lager (6,8 ABV), 18 SEK (500 mL), 1,9% do volume;
– Åbro Original Extra, Åbro Bryggeri: Strong Lager (7,3 ABV), 13 SEK (330 mL), 1,9% do volume;
– Bryggmästarens Premium Gold, Åbro bryggeri: Dortmunder, 17 SEK (500 mL), 1,8% do volume;
– Pripps Blå, Carlsberg: Standard American Lager, 14 SEK (500 mL), 1,8% do volume.
Juntas, as top 10 somam mais de 30% do volume. Entre essas top 10, não tem nenhuma que eu costume ter em casa, mas, dentre essas, as que eu mais consumo talvez seja a Mariestads Export, uma clássica american lager para se tomar gelada.
E as marcas mais internacionais?
– Heineken, 1,4% do volume, valor medio 16 SEK (330 mL)
– Carlsberg, 1,6% do volume, valor medio 13 SEK (330 mL)
– Tuborg, 1% do volume, valor medio 11 SEK (330 mL)
– Stella Artois, 0,4% do volume, valor medio 18 SEK (330 mL)
– Budweiser, 0,1% do volume, valor medio 15 SEK (330 mL)
– Corona, 0,5% do volume, valor medio 19 SEK (330 mL)
– Brahma (sim, a Brahma), 72 litros vendidos, 50 SEK (355 mL) – Sim, 25 reais uma garrafinha de Brahma.
A cerveja não sueca, mais vendida na Suécia é a Statropramen, uma Bohemian Pilsner produzida na Rep. Tcheca, mas que pertence ao grupo Carlsberg, vendida em lata de 500 mL por 19 SEK. Também é uma das cervejas mais encontradas e consumidas em Pubs na Suécia e posso dizer que é uma cerveja bem fiel ao estilo, tanto quanto uma Pilsner Urquell, também encontrada com facilidade.
Subindo um pouquinho o ticket médio, as cervejas com preço acima de 20 SEK, já esperamos encontrar cervejas que no Brasil são vendidas como cervejas especiais e podemos perceber que a diferença de preço entre uma mainstream e uma chamada especial é muito inferior na Suécia do que no Brasil. Alguns exemplos abaixo
– Spaten Munchen: Helles, 22 SEK (500 mL), 0,2% do volume
– Brewdog Punk IPA: IPA, 23 SEK (330 mL), 0,2% do volume
– Guiness Draught: Stout, 25 SEK (440 mL), 0,2% do volume
Acima podemos perceber que o mercado sueco é lidado pelo preço, onde mais de 90% do volume é por cervejas abaixo de 20 SEK. No entanto, existe espaço para as cervejas especiais e uma tendência é a de “lupulizar” o consumo com o crescimento de Haze Lagers, India Pale Lagers, já responsáveis por 2,6% do volume, e se somado com as APAs ou IPAs, que detém 4,2%, as cervejas lupuladas já contribuem com 6,8% do total.
Abaixo alguma subdivisão para ajudar a entender o mercado:
– IPA: 4,2%
– APA: 0,7%
– IPL: 2,6%
– Cervejas de trigo (exceto Witbier): 0,4%
– Witbier: 0,4%
– Porter, Stout: 0,5%
– Lagers mais escuras (Viena, Märzen, Bock…): 2,3%
– Cervejas belgas: 0,7%
– Lagers (claras): 88%
– Cervejas Suecas: 73%
– Alemãs, austríacas ou tchecas: 8,8%
– USA & Canada: 1%
– Belgien: 1%
– UK: 1,2%
– Marcas internacionais: 10,5%
– Resto do Mundo: 4,5%
E qual será a cerveja mais cara vendida na Suécia? A Founteinen, Oude Platinum Blend, 2020, 329 SEK (750mL)
Com os dados acima, e analisando alguns outros dados de anos anteriores, um fato interessante é que o mercado de cervejas especiais cresceu de 5% em volume para 10% em volume de 2009 até 2022, ou seja, levou cerca de 13 anos para dobrar a proporção, e um dado extremamente relevante é a diferença de preços entre uma cerveja lager clássica para uma dita especial, muitas vezes não chega a 3x, o que facilita à população a experimentar mais, como vem acontecendo nos últimos anos, mas, ainda assim, como na maioria dos lugares, o consumo é ditado pelas american lagers clássicas e de custo mais baixo e temos um longo caminho a percorrer.