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Podcast “Surra de Lúpulo”, ep. 15: Madu Vitorino, da Pretas Cervejeiras, debate racismo e feminismo no mercado brasileiro

ONDE OUVIR:
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No episódio 15, do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, Madu Vitorino, da Pretas Cervejeiras, debate racismo e feminismo no mercado brasileiro e explica o conceito de proporcionalidade, que desenvolve no coletivo.

Coletivo Pretas Cervejeiras

Unidas pelo amor por cervejas artesanais, o grupo é formado por 6 mulheres negras, de diferentes formações, que cresceu de forma orgânica. Madu é pesquisadora em biotecnologia e trabalha com processo de fermentação, o que lhe fez conhecer o meio cervejeiro.

Ju Baraúna, é a faz-tudo do coletivo, formada em jornalismo e quase cineasta. Teca, a Stephanie Nascimento, é empresária e tem um bar no Rio de Janeiro com a família. Também fazem parte do grupo, Lorena Coimbra, engenheira de alimentos, e Jaci, empreendedora na área de brinquedos com pegada africana.

“Vi nesse projeto uma oportunidade de estar em grupo, com mulheres negras dentro desse ambiente cervejeiro”.

Eventos e Inclusão

Madu conta que uma das iniciativas mais importantes para ela e o coletivo, são os encontros que fazem no bar de Stephanie, focado em culinária afro-brasileira, e um deles chegou a contar com 150 pessoas, na maioria mulheres negras.

“Nos eventos do Pretas, trabalhamos com a formação do público, e a gente entende que em sua maioria ele é de mulheres que querem começar nesse mercado de cerveja artesanal”.

“É importante que seja um ambiente inclusivo, que as pessoas se sintam confortáveis. É um dia de celebração. Celebrar as pessoas que vieram antes da gente”.

Lud adiciona que os eventos são uma contribuição importante para o aumento do mercado cervejeiro e Madu completa ao lembrar que recebia mensagens de pessoas que não se sentiam confortáveis nesses espaços por não verem pessoas como elas.

“É transformar espaços majoritariamente masculinos e brancos em lugares que essas mulheres se sintam confortáveis e pertencentes, das partes mais fundamentais do nosso trabalho”.

Leandro destaca a importância de iniciativas que pega esse público curioso pelo mundo da cervejaria artesanal e Lud aproveita para lembrar quando participou de uma confraria feminina para encontrar pessoas para beber.

“A cerveja me provou que é possível fazer amizades”.

Feminismo e Racismo

Madu conta que existem diversas barreiras e, em um ambiente dominado por homens brancos e héteros, torna mais difícil para as mulheres negras se sentirem seguras e pertencentes.

Além disso, a pesquisadora traz a questão do preço das cervejas artesanais, apesar de não achar que este é o principal fato que afasta as mulheres negras destes espaços.

“O principal é elas olharem para aquele espaço e não acharem que aquilo é para elas, que elas não vão ser bem recebidas”.

Ancestralidade

Um dos conceitos mais trabalhados pelo coletivo Pretas cervejeiras é o da ancestralidade. E é tão importante para elas, que Madu conta que a foto de perfil no Instagram é da ala das baianas da Cidade Alta. O que evidencia, em seu ponto de vista, que as mulheres negras sempre estiveram nesses espaços, e que estão apenas reivindicando algo que já é delas.

“São várias mulheres negras em volta de uma mesa tomando cerveja. O que a gente quer mostrar é que não estamos inventando a roda”.

Proporcionalidade x Representatividade

Atualmente muito se fala em representatividade, mas o coletivo prefere trabalhar com a ideia de proporcionalidade como um processo de reparação histórica por tudo o que a população negra sofreu ao longo dos séculos no país.

“A gente sabe a importância das pessoas se verem, da representatividade. Mas representatividade também é uma faca de dois gumes. Se você vir as vozes negras que estão nos mais diversos espaços, são muito pequenas comparadas ao número de pessoas brancas. Então imagine a responsabilidade dessas pessoas em representar 54% da população. É muita coisa. E não dá conta, porque a vivência dessa parte da população é muito plural, muito ampla. É importante, mas somente isso não dá conta”.

“Muitas pessoas vieram antes, lutaram pra que a gente pudesse estar aqui. A gente acha que a representatividade não mostra aqueles que vieram antes. Por isso que falamos em proporcionalidade ao invés de representatividade”.

Madu lembra que as empresas vêm buscando projetos que tragam mais equidade para compor seu quadro de funcionários. A pesquisadora destaca a importância de backgrounds diferentes para formar uma equipe multidisciplinar em busca de uma solução rápida e criativa para os problemas a serem resolvidos.

Sobre representatividade, Lud lembrou quando conversou com Jéssica Lopes e destacou o empoderamento da mulher gorda.

Ouça o episódio agora!

Negros na Cerveja Artesanal

Madu diz que buscou conhecer pessoas negras envolvidas com a cervejaria artesanal, mas teve muita dificuldade em encontrá-las, conhecendo apenas o pessoal da Implicantes, a primeira cervejaria negra do Brasil e um rapaz na zona norte do Rio de Janeiro.

O que bebemos

Madu aproveitou uma Hop Arábica, da Morada, Lud foi de Dragon Flies High Mexican, da Dádiva, e Leandro degustou a Session India Pale Lager Spitfire, da Salvador.

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