Hoje é dia de mais um Dueto Cervejeiro! No episódio de hoje, Ludmyla e Leandro batem um papo incrível com Guilherme Gondolo, sócio fundador da 2Rios Cerveja Artesanal (Piauí), e Felipe Barros, sócio fundador e mestre cervejeiro da Cervejaria Uçá (Sergipe), formado no Siebel Institute of Technology. Ouça na íntegra:
Vamos conhecer melhor nossos convidados? Como vocês começaram no mercado cervejeiro?
Guilherme em 5’56’’: Teresina é banhada por dois rios, o rio Parnaíba, e o rio Poti. E a cidade começou do encontro desses dois rios. Por isso, o nome da cervejaria é 2Rios. Começou com um grupo de amigos que se juntou, e foi crescendo. A cena cervejeira do Piauí é bem recente e foi crescendo. E nós fomos trazendo cursos ao Piauí. Acho que foi natural a criação da cervejaria. A ideia começou em 2017, e aí começamos a pegar investidores realmente. Nossa primeira batelada de testes foi feita no final de 2019, e aí a pandemia fechou tudo. Ficamos quase 1 ano com tudo fechado. Cerveja no tanque e funcionário de aluguel, mas sem poder vender.
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Felipe em 8’11’’: A Uçá foi a primeira cervejaria artesanal, a gente começou a produzir de forma semi industrial lá em 2015, mas começamos com bem pouquinho na panelinha de 100l. E aí começamos com o projeto final, com produção maior e profissional. Conseguimos produzir a primeira batelada lá em 2018, em plena copa do mundo. A cervejaria Uçá vem do caranguejo, que é a comida típica aqui de Aracaju, a gente tem a passarela do caranguejo na orla mais bonita do Brasil. Todos os nossos rótulos seguem expressões regionais, então nossa primeira cerveja foi a Arre Égua, Valei-me, seguida de Gota Serena, Presepada… Fazemos questão de trazer a regionalidade na nossa identidade. Queremos representar o público nordestino, principalmente sergipano, no Brasil. Nós temos 4 anos e pouquinho de funcionamento, todos esses anos fomos agraciados com bastantes prêmios nacionais. Mais recentemente, no México, ganhamos como a melhor cerveja do Brasil. Então, claro que a pandemia afetou todos, imagine que de 4 anos de funcionamento 2 foram de pandemia, e estamos engatinhando no ramo da cerveja.
Podemos dizer que tanto Piauí quanto Sergipe ainda são estados cujo crescimento da cerveja artesanal está se desenvolvendo. Como é a cena cervejeira por aí?
Felipe em 11’04’’: Sergipe é o menor estado do nordeste, né. Aracaju é a menor capital do nordeste. Nós temos bem menos que um milhão de habitantes na capital. É um mercado certamente limitado, né, não é um mercado muito grande. E as coisas aqui tendem a chegar depois que chegam no resto do Brasil. É comum, tanto pelo mercado não ser tão aquecido, então nós fomos a primeira cervejaria a abrir com mais de 110 rótulos, nessa época ainda não éramos uma cervejaria, mas acreditávamos realmente no mercado das cervejarias artesanais. Imagina isso em 2014. A maioria eram cervejas importadas, e é um trabalho constante de educação do mercado sergipano. Tivemos um pico muito interessante em 2017 e 2018, mas infelizmente tanto a crise econômica quanto a pandemia deram uma esfriada. Hoje o que faz mais sucesso é a pilsen e a lager.
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Guilherme em 14 ’01”: Olha, eu gostei muito da fala do Felipe porque a descrição dele do que aconteceu em 2017, 2018 é muito parecida. Nós tivemos um boom muito repentino de cervejarias e iniciativas cervejeiras, com festivais, com a criação da cerveja. Mas que não se manteve. O Piauí é um estado enorme em área, mas é um estado pobre, e Teresina é praticamente uma ilha. O mercado se resume muito a Teresina, e tem pouquíssimos habitantes. Aqui, o mercado também está engatinhando, então ainda precisamos educar novos bebedores e ainda não podemos arriscar com rótulos muito diferentes.
Ludmyla complementa que formar novos bebedores deve ser feito por todas as cervejarias, senão as cervejas são vendidas sempre para os mesmos clientes.
Tanto a 2Rios quanto a Uçá possuem fábrica própria. Como foi essa decisão de começar um negócio já montando uma fábrica?
Guilherme em 23’04’’: A gente começou como eu falei, a gente tinha um grupo de amigos e fomos em busca de oportunidades. Até que tivemos a oportunidade de investir num equipamento parado e bem cru, e um dos sócios trabalha como metalúrgico, e aí a gente comprou as tinas e das tinas a gente montou toda a cervejaria. Fizemos isolamento térmico, fizemos tudo. Acabamos extrapolando um pouco os planos de negócios. A nossa cervejaria é bem pequena. Se tem 120m² é muito. Nossa capacidade é de 4 mil e quinhentos litros por mês, mas ainda não chegamos nesse volume ainda por conta da pandemia.
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Felipe em 24’25’’: Minha primeira produção mesmo foi lá no nosso bar. Na época eu comprei um equipamento pequenininho de produção de 100 litros, só que na época não tinha como tirar mapa. Era impensável tirar mapa. Hoje em dia os fiscais estão mais educados com cervejeiros artesanais. E eu queria botar cerveja no mercado, né. Eu já produzia mil litros por mês e vendia para amigos, fazia evento, mas nem pensava em engarrafar. Deus me livre de colocar uma cerveja sem registro numa garrafa! Mas como o meu cervejeiro da época era de Minas, ele nos apresentou ao pessoal da CUDI e produzimos duas bateladas lá. É o que eu falei, na vontade de botar a garrafa no mercado. Pra ver como era a aceitação. Testar um pouco dessa venda. Mas realmente o custo foi lucro zero, foi mais um teste mesmo. A gente tinha planejamento de montar fábrica própria porque assim, eu sou engenheiro eletrônico de formação, e sou apaixonada por cozinhar. E quando eu tive contato com cerveja artesanal foi uma conexão de indústria, com produção de alimentos…
Como vocês escoam as vendas de vocês?
Guilherme em 30’34’’: Nós não temos bar próprio, mas durante a pandemia abrimos um ponto de delivery, para facilitar. Visto que a nossa produção não é tão no centro, então para facilitar a retirada e diminuir o frete, abrimos o ponto de delivery. Quem sabe a gente não consiga montar nosso e-commerce, e fazer uma cerveja barata. Porque quanto maior a cadeia de produção, todas as pessoas precisam lucrar.
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Felipe em 31’23’’: Nós abrimos um bar antes do início da cervejaria e foi importantíssimo. O bar apresentava mais de 40% das vendas. Hoje não é mais tão representativo, porém ainda é um dos maiores clientes. A principal fonte de escoamento de produto é evento, então nós temos algumas marcas de eventos próprios.Temos um e-commerce, mas ainda está muito fraco, nós mandamos cerveja para o Brasil inteiro.
A gente ama muito essa pergunta e por isso repetimos em quase todos os Duetos Cervejeiros: Quais são as formas de envase que vocês usam e por qual motivo?
Guilherme em 36’20’’: Bom, como nós começamos na pandemia, a ideia inicial era barril. Pela rentabilidade que é esse tipo de envase. É o melhor pra cervejaria sem dúvida nenhuma. Mas pandemia, nosso primeiro envase mesmo foi o growler. Depois que começou a reabrir, fomos para o barril e para a lata. Nós somos bem pequenos e não tínhamos estrutura para armazenar growler. Então temos a lata porque fica melhor em termos de logística.
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Felipe em 37’57’’: É bem isso que o Guilherme falou, a lata é maravilhosa. Meu curso de cervejeiro, eu fiz em Chicago, e já na época a lata já era mainstream total. Não se fala mais da garrafa, porque a lata é mais leve, o transporte é mais fácil, a perda é muito menor porque praticamente não quebra… Desde a abertura da cervejaria eu pisei no pé na lata, queria lata de qualquer jeito. Mas a gente tem que pensar no que vende. Fizemos uma pesquisa entre clientes e parceiros, e todos preferiram a garrafa. Quando precisamos fazer o envase em garrafa, começamos a entender os empecilhos da garrafa. É tudo muito caro. Todas as nossas linhas de cervejas especiais vão ser de lata. Sustentavelmente, a lata é o futuro e economicamente também.
Obrigada pelo bate papo, Guilherme e Felipe!
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Até a próxima!
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🍻 O que bebemos durante o programa? Guilherme bebe água. Felipe bebe água. Ludmyla bebe Lagunitas. Leandro bebe Cervejaria Narcose.
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