No episódio 70 do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, descubra tudo sobre o lúpulo brasileiro com Ana Claudia Pampillón e Guilherme Hoffmann.
A nossa principal paixão é responsável pelo aroma e amargor presente nas cervejas que os amantes da cultura artesanal consomem. E, no programa dessa semana, dois especialistas desvendam os mitos e verdades sobre a produção em terras tupiniquins.
Conhecendo nossos especialistas
Ana Claudia Pampillón trabalha em cervejaria há mais de 20 anos e se considera uma vovó da cerveja. Passou por todos os setores de uma fábrica e, na juventude, foi comissária de bordo concluindo a faculdade de turismo.
“Tive a oportunidade de juntar minhas duas profissões que eu amo. Eu parti de dentro de uma fábrica para uma linha mais sensorial. Estudei, fiz cursos de sommelier, mestre em estilos… e em 2013, juntei minhas duas vocações: a cervejeira e a turística. Hoje coordeno um projeto de turismo cervejeiro na região serrana do Rio de Janeiro, onde nós temos 24 cervejarias associadas a esse projeto de fomento à economia com turismo cervejeiro”.
Ana costuma dizer que seu intuito é fazer o match do lúpulo brasileiro com as cervejarias, pois ano após ano os produtores se especializam mais e, nas pesquisas, estão obtendo melhores resultados que os alemães, com aromas distintos e brasileiros, e terroir surpreendente.
Guilherme Hoffmann está de volta após nosso programa especial sobre IPA Day, e conta que seu primeiro contato com cerveja foi em 2005, acredita que o processo de produção cervejeira caseira se assemelha a cozinhar. Formado em gastronomia, em 2012 tornou-se técnico cervejeiro.
Ouça nosso episódio especial sobre o IPA Day com Guilherme e Marta Rocha!
Descubra tudo sobre o lúpulo brasileiro
Considerado o ‘tempero da cerveja’, por trazer amargor e aroma, o lúpulo é muitas vezes o protagonista da cerveja. O panorama da produção nacional vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, tanto na comercialização quanto na pesquisa, como explica Ana.
“No Brasil, tinha-se uma percepção de que não dava pra cultivar o lúpulo por conta das histórias de que era necessário 100 dias com temperatura abaixo de zero para que crescesse em condições favoráveis. Na verdade, é que traziam o lúpulo pro Brasil e faziam experiências tratando o lúpulo da mesma forma com que ele era tratado no hemisfério norte. A partir do momento que os pesquisadores começaram a estudar a planta e a tropicalizá-la, foi-se descobrindo coisas incríveis”.
Avanço na produção do lúpulo brasileiro
Ana conta que hoje há uma rede de pesquisa do lúpulo unindo várias áreas da agricultura e agronomia, principalmente de olho nas pragas que são características do nosso solo, e um investimento em maquinário.
“Percebemos que o Brasil tem potencial e o lúpulo precisa de algumas condições muito básicas que é insolação, o maior número de horas por dia de sol, muita água e que seja plantado em áreas planas para facilitar a colheita e isso nós temos em abundância. A cada ano que passa, as pesquisas avançam e hoje a gente consegue iluminar algumas plantações de lúpulo aumentando a produtividade”.
Pallet e o lúpulo
Essencial na inclusão do lúpulo na cerveja, pois a planta precisa ter uma secagem pra diminuir o teor de umidade, o pallet é um aliado importante. E Ana e Guilherme explicam o exatamente do que se trata essa etapa.
“Pallet é a trituração da planta para diminuir o tamanho da flor e depois passa por uma compactação, comprimindo a planta. É muito simular visualmente à ração de peixe”.
Plantação de lúpulo no Brasil
Devido a nossa legislação o único tipo de lúpulo que pode ser importado e utilizado para comercialização é o americano, que traz um terroir mais frutado. O lúpulo alemão e inglês, por exemplo, trazem uma pegada mais herbal e floral, mas só podem ser utilizados com fins de pesquisa.
De acordo com nossos especialistas, a diversidade de clima e microclimas, além da altitude, interferem na qualidade e produtividade, vindo mais do terroir e do manejo.
Futuro do lúpulo brasileiro
Ana acredita que dentro de 10, 20 anos, nós teremos uma produção considerável de lúpulo nacional, mas para isso é necessário o investimento das cervejarias. Isto amplia o alcance e ainda aproxima a academia, com pesquisas cada vez mais reveladoras, para aprimorar a produção.
“É preciso que as cervejarias acreditem no lúpulo brasileiro. Temos tudo para ser autossuficientes, pois existe uma demanda”.
“O importante é fazer barulho”, destaca Anasobre o apoio que a Ambev e o Grupo Petrópolis têm dado aos pequenos produtores. Mas Guilherme lembra que micro cervejarias também estão ajudando como podem.