No episódio 52 do Surra de Lúpulo, nosso podcast sobre cervejas artesanais, convidamos o casal Luiza Tolosa e Victor Marinho, sócios da Cervejaria Dádiva. A dupla contou pra gente como começou nesse ramo e como os dois acabaram se encontrando: “Fiquei 2 anos como consultor da Dádiva, virei coordenador de produção, depois virei sócio e por fim a gente misturou mais as coisas e virou um relacionamento”, brincou Victor ao contar sua história com sua sócia e esposa Luiza Tolosa.
Fundadora da marca, Luiza criou no final de 2012 a Cervejaria Dádiva com outros dois sócios. Os três montaram a fábrica em mais ou menos 1 ano pois entenderam que o mercado de cervejas artesanais tinha muito a ser explorado: “Em 2014, nós tínhamos 200 cervejarias no Brasil, hoje são 1200”, explica Luiza. Um tempo depois, Luiza ficou como única sócia até fechar a parceria com Victor: “A gente não juntou os panos, a gente juntou as adegas”, brincou Victor.
A Libélula
Durante o nosso papo, Luiza nos conta como surgiu o nome da empresa e o símbolo da sua marca: a libélula.
“A Cervejaria Dádiva surgiu com uma ideia de sempre levar coisas boas pra pessoas, isso estava muito no meu objetivo quando eu criei a empresa, e o nome Dádiva é um presente que a gente traz sem esperar nada em troca. A libélula veio um pouco depois pra representar coisas boas, boas energias, prosperidade. A libélula é um símbolo de alegria e de coisas positivas em várias culturas, a gente achou que juntou muito bem com o nome Dádiva”.
Rate Beer
Recentemente, a Cervejaria Dádiva foi eleita a melhor cervejaria artesanal do Brasil pelo site Rate Beer. Falamos sobre o que isso representou pra eles e como isso impacta no campo das exportações de cervejas artesanais:
“Quando você ganha um prêmio você fecha um ciclo, é um reconhecimento, é uma marca que fica. O Rate Beer é uma plataforma muito utilizada nos Estados Unidos e Europa, e eles fazem a premiação das melhores (cervejas artesanais) americanas e depois por país, e a Cervejaria Dádiva conquistou por 2 anos seguidos, 2019 e 2020, o prêmio de melhor cervejaria do Brasil”.
Aproveitando o gancho, Ludmyla perguntou mais sobre a exportação de cervejas artesanais: “É muito legal quando você participa de um festival lá fora e a melhor IPA do festival é sua. O lúpulo é plantado na Europa ou nos Estados Unidos, vem de avião ou navio até o Brasil, a gente produz a cerveja aqui, exporta de volta pra lá e ainda ganha como melhor cerveja do festival. Esse tipo de reconhecimento é muito bacana”.
Leandro aproveitou pra levantar uma questão importante: os Estados Unidos não estão abertos pros produtos brasileiros?
“Eu acho que nos Estados Unidos existem duas questões importantes: não tem muita diferença do preço de uma cerveja artesanal pra uma cerveja mainstream. Fora isso, os Estados Unidos têm uma oferta gigantesca, por que eles vão importar se eles têm cervejas de todos os estilos? Existe uma procura, mas eu concordo que a procura maior tem sido na Europa”.
Incubadora de Ciganas
A Lud lembrou a todos que a Cervejaria Dádiva está concorrendo na categoria de melhor incubadora de ciganas do Brasil:
“O plano de atender ciganos veio um pouco depois que a fábrica já estava estruturada, na época isso de fato era muito novo. A Júpiter, que foi a primeira cigana, surgiu em 2013, ano em que a fábrica estava sendo montada. Os ciganos começaram a nos procurar, [veio] a Capitú em 2014 e aí ficou muito claro pra mim que existiam muitas pessoas procurando esse modelo, que tinham seu conceito, suas receitas, mas não tinham como montar uma fábrica, então já que a gente tinha uma capacidade ociosa, a gente começou a atender. Alguns meses depois, ficou mais claro que daria pra crescer seguindo esse modelo”, explica Luiza.
Logística e Distribuição
Falamos sobre a importância e as dificuldades de distribuir num país tão grande como o Brasil, e sobre estarem em mais estados além dos mais reconhecidos como fonte de cerveja artesanal como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, etc
“Esses estados são muito difíceis da gente atuar porque já tem uma concorrência muito grande. Mas a gente vende pra quase todos os estados e a gente trabalha com uma gama de transportadoras, a gente seleciona transportadoras que tenham um prazo rápido, que trabalhem com transporte refrigerado. É um trabalho bastante complexo. É um dos setores que mais se desenvolveu por conta da pandemia, então tem sempre novos players entrando no mercado. É um trabalho importantíssimo porque é como a cerveja vai chegar no nosso cliente”, conta Luiza.
Inclusão de gênero
Ano passado, a cervejaria Dádiva lançou no Dia da Mulher a cerveja “SheDrinksSheChooses”, e esse ano a cerveja “Nosso Silêncio Deixa Marcas”, ambas levantando questões sobre a violência doméstica contra a mulher:
“Isso vem de uma forma muito natural da Dádiva, que foi fundada por uma mulher, então a gente sempre se preocupou com essa inclusão. Esse assunto foi sendo construído e abordado dia a dia na fábrica. A gente não acordou um dia e falou vou fazer uma cerveja pra falar sobre o Dia Internacional da Mulher e sobre violência doméstica, a gente vem falando nisso ao longo dos últimos anos e atuando nisso no dia a dia da fábrica. A gente conseguiu ter mulheres em todas as áreas da empresa, depois a gente conseguiu ter 50% de homens e 50% de mulheres na equipe. A gente quis levar isso pro mercado, é uma campanha que tá sendo muito difícil pra gente, não é uma caça às bruxas, ela traz esse assunto pras pessoas conversarem sobre isso, esse é o nosso grande objetivo, trazer o assunto pras mesas dos bares e dos lares para que a gente possa evoluir como sociedade em relação à igualdade de gêneros”, comenta Luiza.
“A gente acredita muito em igualdade como um todo e isso passa de várias formas dentro da empresa, desde não ter diferenças em formas de tratamento por credo, sexualidade, raça, gênero. Tem diferenças por níveis, mas não por outras questões. A cerveja não é só um produto, a gente tá ali se comunicando com o cliente, a gente pode aproveitar e levar assuntos super pertinentes pra sociedade”, acrescentou Victor.
Na nossa pergunta extra, perguntamos ao Vitor sobre suas aventuras no ramo dos charutos e pedimos para ele falar um pouco mais sobre a harmonização de cerveja com charuto:
“A gente fez algumas cervejas pensando em charuto e fez um charuto pensando em cerveja, a gente gosta do que é artesanal”.
Degustação
Para acompanhar nosso papo, optamos por estilos e sabores diferentes: Ludmyla Almeida curtiu a edição especial feita para o Dia das Mulheres “Nosso Silencio Deixa Marcas”.
Já Leandro Bulkool, a nossa “Torre de Babel dos Estilos”, saboreou uma “Distant Travelers – Golden Strong Ale”.
Luiza Tolosa optou pela “Hoppy Lager” e Victor Marinho pela “Session IPA”.