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Dueto Cervejeiro: Dutra Beer e Cervejaria Soviet

ONDE OUVIR:
Capa do episódio 156 do Surra de Lúpulo sobre cerveja revolucionária com Dutra Beer e Soviet

No programa de hoje do Surra de Lúpulo, seu podcast favorito de cervejas artesanais, teremos um Dueto Cervejeiro sobre cerveja revolucionária! O papo de hoje é com duas cervejarias que buscam disseminar seus ideais de mundo por meio da cerveja. Vamos receber André Dutra, da Dutra Beer (SP), e Demócrito Albuquerque, da mineira Cervejaria Soviet. Ouça na íntegra:


 

Sobre cerveja revolucionária com Soviet e Dutra: 

 

Foto de mulheres diversas segurando comida e com o punho levantado. Usam o avental do MST.André em 7’08’’: A Dutra Beer existe desde 2017, mas eu comecei a fazer cerveja artesanal… Na verdade, eu faço parte de movimento social, colaboro com o setor de relações internacionais do MST. A gente tá aqui em Santo André, então na região do grande ABC, eu fazia um trabalho de divulgação de produtos orgânicos oriundos da reforma agrária. Como geléia, sucos, café… todos os produtos produzidos em assentamentos da reforma agrária, por agricultores familiares, a gente fazia e faz esse trabalho de divulgação no ABC. Até que fazendo a divulgação e promovendo feiras com esses produtos, acabou que um amigo meu, chamado Ricardo, me convidou para curtir a página da cervejaria dele, a Nosotros, no Facebook. Eu até então não conhecia cerveja artesanal, isso em 2016. Daí eu falei que ia pegar a cerveja dele para vender junto dos itens da reforma agrária. Ele era um cervejeiro caseiro na época e eu fiquei abismado, não conhecia nada de produção caseira de cerveja. 

 

André continua dizendo que depois de conhecer a cervejaria de seu amigo Ricardo, a Nosotros, teve um despertar sobre a possibilidade de fazer cerveja revolucionária. Hoje em dia, ele vive de fazer cerveja revolucionária, tem fábrica própria e segue com o trabalho político com produtos da reforma agrária. 

 

Demócrito em 10’29’’: A Soviet começou em 2019 e assim, eu nasci numa família de pais comunistas, tios comunistas, então quando começamos a fazer cerveja e nos perguntamos qual seria o nome, o primeiro nome que veio foi a Lenin. Mas a partir da Lenin, a gente percebeu que precisava de um nome para cervejaria porque ainda queríamos homenagear muitas pessoas. E aí que veio a Soviet. A nossa principal ideia desde o começo foi gerar renda com a cerveja e com essa renda investir em projetos sociais e campanhas que necessitasse de apoio financeiro. Fazendo propaganda de figuras que estavam esquecidas, então nosso objetivo é realmente fazer propaganda comunista. Em 2019, éramos caseiros  e aí a gente fez parceria com uma cervejaria que tinha uma planta daqui da nossa cidade, e eles tinham uma capacidade de produção ociosa e começamos lá, e continuamos produzindo lá como ciganos até hoje. Estamos em JF, quase na divisa do RJ, mas seguimos como ciganos e planejamos continuar assim por um bom tempo porque dá capacidade de produção de vários rótulos.

 

 

Produzir cervejas revolucionárias ajudou ou atrapalhou os negócios? 

 

 

Foto da cerveja Rosa Luxemburgo da cervejaria sovietDemócrito em 15’00’’: Assim, a gente surgiu em 2019, era o primeiro ano pós-eleição de 2018 e foi um momento em que a gente tomou porrada de tudo o que é lado. Mas a gente sentia muita falta de marcas que levantassem a bandeira da esquerda. Tinha muita marca levantando a bandeira da direita de forma muito clara, e da esquerda não tínhamos muita representação nesse aspecto. Mas quando a gente se posicionou e fizemos cerveja revolucionária nem pensamos se ia ajudar o público ou atrapalhar. Mas falando por esse lado, segundo as pesquisas ⅓ da população brasileira se apresenta como de esquerda. Quando as pessoas dizem que escolhemos um nicho, ao fazer qualquer produto as marcas escolhem um nicho. Mas muito mais importante que a visão mercadológica da coisa, era a representatividade. Hoje digo que é sensacional porque conseguimos construir um projeto que a gente se identifica, e isso que dá mais prazer de fazer e dá sangue no olho. Minha grande diferença seria ser mais radical do que fui no começo. 

 

André em 17’09’’: O primeiro rótulo que fiz foi do Marighella e o segundo foi do Lenin, mas a ideia de homenagear esses personagens é porque eu participava na época em manifestações, na avenida paulista, em São Paulo, e terminava a manifestação e boa parte da galera ia pro bar. Alguns bebiam suco, outros água e outros cerveja, mas consumiam a cerveja de uma multinacional capitalista, mainstream, né. E eu fiquei pensando, poxa ao invés de tomar 10 garrafas e fortalecer o capital, por que não tomar 2 e 3 e fortalecer o pequeno agricultor e conhecer os personagens? Então hoje to com 21 estilos diferentes, cada estilo é um rótulo diferente em homenagem a personagens. Toda nossa cerveja vem falando sobre estilo e personagem e nosso objetivo é levar essa conscientização política, econômica e social através dos personagens. Então utilizamos a cerveja como elemento de conscientização. 

 

 

Leandro levanta o ponto de que ambas as marcas coincidentemente aplicaram o método de golden circle, do marketing, onde o propósito vem antes do “como”, já que o propósito sempre foi produzir cerveja revolucionária.

 

Quais são os benefícios e dificuldades enfrentadas por estar numa região com grande cena cervejeira?

 

Demócrito em 30’40’’: Juiz de Fora é um polo muito específico cervejeiro, digamos assim, porque a gente tem atualmente 28Foto de vários engradados de cerveja de várias marcas diferentes cervejarias. E o que acontece, estamos também muito perto de BH que também tem um cena muito forte e acabou que o público foi ficando extremamente elitizado, cervejeiramente falando. Apesar de ser um público que consome muita cerveja artesanal, ele se tornarou “beer geek” que querem ficar bebendo o hype sempre. E às vezes esquece de valorizar o que é produzido na nossa cidade. Como temos 3 das 5 cervejarias com a maior nota na Untapped, a galera esquece de beber os caras que não fazem cerveja pelo hype e que nem por isso não são cervejas boas. Esse é o lado ruim do mercado efervescente que temos. Mas isso também traz facilidades em termos de logísticas quando se trata de matérias primas. 

 

André em 34’09’’: Estamos na região do grande ABC, e como o nosso mercado de cerveja artesanal é muito pequeno, a gente ainda tem muita coisa para crescer. O mercado aqui em SP, eu só vejo benefícios. Eu precisaria fazer cerveja em algum outro estado para entender quais são os parâmetros, porque realmente só vejo benefícios e não tenho do que reclamar. E mesmo que tenhamos um montão de cervejarias no grande ABC, em torno de 25 cervejarias, numa população total de 3 milhões e meio de pessoas… Mesmo tentando pegar esse público todo, eu não daria conta. Então são mais pontos positivos que negativos. […] A gente também tenta não mudar muita coisa, ficar mudando lúpulo etc., porque a galera que procura nossa cerveja ainda está aprendendo sobre o universo das cervejas artesanais. Acho que nosso desafio nessa região é apresentar cervejas artesanais para o nosso público. 

 

Quais são as metas de curto e médio prazo para as cervejarias?

 

André em 39’27’’: Nosso objetivo hoje é estabilizar a cervejaria porque por conta da pandemia, ainda não conseguimos ter padronização de quantidade e nem de produção/faturamento. Então ficar um pouco mais estável é o nosso objetivo e, naturalmente, continuar divulgando nossas ideias a partir dos rótulos. Não temos metas específicas para daqui a 5 anos, 6 anos. A gente se foca no dia a dia em crescer organicamente.

 

Demócrito em 40’55’’: A gente não trabalha tanto com a questão de números, nosso acompanhamento é estarmos alcançando mais pessoas, se estamos acompanhando o público, se estamos conseguindo chegar em outros estados. Quando lançamos o site queríamos vender para todos os estados. A pandemia mudou completamente o rumo que a Soviet seguia, que era para ser cerveja da cidade, e isso acabou indo para um patamar nacional. Agora que estamos um pouco mais equilibrados é continuar crescendo e alimentando esse crescimento natural. 

 

Qual é a opinião de vocês sobre eventos cervejeiros? 

 

André em 47’53’’: Evento seja ele grande ou pequeno, tem que existir, né. Faz parte, principalmente por essa congregação de pessoas. A gente apoia e dentro da nossa linha ideológica, apoiamos e procuramos participar. No ano passado a gente participou de um festival de literatura em Minas. Fizemos 4 rótulos diferentes e levamos as cervejas. Fomos apresentar os rótulos pra galera que estava lá nesse festival literário. Independente de ser um festival de cerveja, ou festival literário, a cerveja tem que estar presente como sempre esteve presente na sociedade. Por isso é importante ir em festivais grandes, pequenos, para fortalecer a economia local.

 

Demócrito em 49’27’’: Acho que os festivais fazem parte da essência da cerveja artesanal. Não necessariamente aqueles grandes, mas aquelas feiras pequenas de cervejarias artesanais. Ano passado tivemos a festa da cerveja que movimentou 18 a 19 cervejarias locais, e a cidade parou! Foram 3 dias de evento, as pessoas amaram, e esse ano vai ter de novo. E esses eventos locais de acesso gratuito e música gratuita, onde vai quem vai beber tudo, isso para mim é a cervejaria artesanal. Isso que me chateia, muitos festivais elitizam demais algumas cervejas artesanais, e aí as pessoas ficam limitadas a conhecer. Ao elitizar acaba virando uma contra propagando do mercado cervejeiro artesanal.

 

Gostaram de conhecer a possibilidade de consumir cerveja revolucionária?

 

👉 Escute também: Prêmio Lúpulo de Ouro ’23 com Bárbara Soares e Gil Lebre

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🍺 O que bebemos durante o programa? André bebe cerveja Carlos Marighella, da cervejaria Dutra. Demócrito bebe Sour da cervejaria Greenhouse. Lud bebe Lenin, da Cervejaria Soviet e Leandro bebe Para-raio, da cervejaria Uçá.

👑  SURRA DE LÚPULO é apoiado por MECENAS EMPRESARIAIS, VIVEIRO VAN DE BERGENCERVEJA DA CASAMONT.INK, CERVEJARIA UÇÁ , PRUSSIA BIER IRIS  PAY e RAMBEER.

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