Vamos falar sobre a Brahma? Chegamos ao terceiro programa da nossa série histórica Cada Cerveja, Uma História! O papo de hoje é sobre essa cervejaria brasileira que marcou gerações. Uma cervejaria que carrega mais de um século de história, desafios, inovações e transformações culturais. Programa apresentado por Lud, IPAcondríaca e Henrique Boaventura, com o convidado Gabriel, do Beber História.
Ouça na íntegra:
Brahma: o início em 1886
“Por que a Brahma?”, questiona Gabriel logo no início da discussão. “Ela merece destaque por dois motivos: sua longevidade e seu impacto transformador na indústria cervejeira.”
A Brahma nasceu em 1886, pelas mãos de Josef Villiger, um engenheiro suíço que chegou ao Brasil em 1879. “Ele fundou a Villiger & Company, que só foi registrada como Brahma em 1888. E sim, apesar do que diz a lata, a história começa antes”, explicou Gabriel.
Villiger trouxe ao Brasil um espírito inovador. Ele introduziu a produção de cervejas do tipo lager em uma época em que o mercado era dominado por cervejas de alta fermentação. Isso exigia investimentos robustos em tecnologias para controle de temperatura, algo que contribuiu para o que ficou conhecido como a Revolução Lager no país.
“Ela não é só uma cerveja, mas um marco na história da industrialização do setor”, complementou Henrique. “E mesmo naquela época, a Brahma já tinha a visão de se adaptar ao gosto do consumidor, moldando o que viria a ser a preferência brasileira por cervejas lager.”
Brahma e Carnaval: Uma Parceria de Longa Data
“A relação da Brahma com o carnaval é antiga. Em 1907, ela já patrocinava ranchos carnavalescos, como o Ameno Resedá”, contou Henrique. Essa estratégia se mostrou frutífera, criando uma associação entre a marca e a alegria das festas populares.
Mas foi em 1935 que a Brahma deu um passo ainda mais ousado: encomendou a primeira marchinha publicitária do Brasil, “Chopp em Garrafa”, composta por Ari Barroso. “É impressionante como eles estavam à frente do tempo. Esse jingle é uma aula de marketing”, comentou Lud.
Relembre o jingle “Chopp em Garrafa”: Ouça aqui
A conversa evoluiu para outros marcos históricos, como o icônico gesto do “Número 1” em 1991, que simbolizava a preferência nacional por Brahma. “Até hoje eu levanto a mão no bar pedindo assim”, brincou Lud, ressaltando como o marketing da Brahma moldou hábitos culturais.
Assista à campanha “Número 1”: Veja aqui
Entre Guerras e Crises: Resiliência no Século XX
“Agora imagina o desafio de manter uma cervejaria funcionando durante a Primeira Guerra Mundial e a crise de 1929”, refletiu Gabriel. Esses períodos foram marcados por dificuldades de importação de insumos como cevada e lúpulo, além de uma queda significativa no consumo.
“Mas a Brahma se manteve firme, ajustando seu portfólio e inovando com o lançamento do Brahma Chopp”, destacou Henrique. “Ela também entendeu a importância do marketing. Em 1917, usaram o samba ‘Pelo Telefone’ para promover a cerveja Fidalga. Criatividade era o que movia essa marca.”
A Construção do Império: Da Ambev ao Cenário Global
Entre 1999 e 2000, a fusão entre Brahma e Antártica criou a Ambev, consolidando um monopólio que redefiniu o mercado de bebidas no Brasil. “E se já não bastasse isso, em 2004 eles se juntaram à belga Interbrew para formar a InBev, a maior cervejaria do mundo”, explicou Lud.
Henrique complementou com uma crítica bem-humorada: “Hoje é praticamente uma lona de circo. Se trancar o manicômio, dá nisso!” Apesar das críticas ao modelo monopolista, é inegável que a Brahma se tornou uma gigante global, exportando a cultura cervejeira brasileira para o mundo.
O Marketing que Conquistou Gerações
“Os Siris da Brahma nos anos 2000 são simplesmente icônicos”, lembrou Lud. “Quem não lembra do comercial com o nanana? Eles sabiam exatamente como criar campanhas que grudassem na cabeça.”
Reviva o comercial dos Siris: Veja aqui
Outro exemplo foi o “Sobraneiro” com Zeca Pagodinho, que trouxe humor e carisma para a marca. “Essa campanha é um clássico absoluto do marketing brasileiro”, afirmou Gabriel.
Assista ao comercial “Sobraneiro”: Veja aqui
Além disso, houve campanhas ousadas como a estrelada por Ronaldo Fenômeno, que mesmo com polêmicas envolvendo o Conar, mostrou a força do marketing da Brahma. “O departamento de marketing deles é tão grande quanto o jurídico”, brincou Henrique.
Tecnologia e Polêmicas: A Brameira e o ‘Chopp de Verdade’
Henrique destacou a introdução da “Brameira”, um dispenser que prometia uma experiência de chopp tirado do barril. “A máquina usa ultrassom para criar uma espuma cremosa, mas no final é mais marketing do que tecnologia revolucionária.”
A polêmica maior veio com a campanha ‘Chopp de Verdade’, que gerou críticas por desinformar o consumidor. “Eles alegam que só o chopp deles é fresco e não pasteurizado, mas isso é comum em muitas cervejarias. É um marketing que joga contra a educação do consumidor”, afirmou Henrique.
Uma História que Continua a Ser Escrita
Com mais de 130 anos de história, a Brahma é uma mistura de inovação, resiliência e marketing. “Apesar de toda a polêmica, é inegável que a marca moldou o mercado cervejeiro no Brasil e deixou um legado cultural profundo”, refletiu Lud.
E para você, qual é a memória mais marcante com a Brahma?
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Este podcast é produzido pela BAC Produções e Comunicação, e está disponível no Spotify, YouTube ou na sua plataforma de áudio preferida.