Esse ano vou completar 20 anos bebendo cervejas artesanais. Isso me fez parar para pensar sobre como tudo isso começou, e eu gostaria de dividir a história das minhas cinco primeiras cervejas artesanais com vocês.
A primeira cerveja artesanal: Erdinger
A minha primeira experiência não foi muito diferente das pessoas que começaram a experimentar novos estilos cervejeiros em 2003. Foi uma Erdinger. As novas cervejas que apareciam no mercado eram basicamente importadas, e ainda não existia essa facilidade de se chegar a uma IPA e nem um grande interesse pelo amargor. Então, cabia muito bem uma weissbier.
Lembro que, ao beber a primeira no Mike’s Haus em Santa Teresa, tudo me encantou: o copo diferente, o serviço – que nem era tão elaborado, mas que tinha a voltinha da garrafa pra finalizar – e o sabor. Tinha acabado de ler Harry Potter e foi o mais próximo do que eu tinha idealizado de uma “cerveja amanteigada”.
Continuei na estrada das cervejas de trigo: Franziskaner
Meu encantamento virou uma preferência em procurar cervejas desse estilo e acabei encontrando a Franziskaner em um supermercado, que na época tinha achado melhor do que a Erdinger. Com ela, criei um hábito de deitar na rede, servir em um copo da marca e beber enquanto lia algo. Foi por meio desta segunda cervejaria que acabei experimentando uma Dunkel.
Aqui vale a dica de você ouvir o nosso programa com a Kathia Zanatta sobre as cervejas alemãs.
Saindo das alemãs: Leffe
Um jovem designer encarou na prateleira uma garrafinha com um pequeno “lacre” dourado no pescoço, com esse detalhe a Leffe me encantou, e foi por ela que ultrapassei a fronteira da Alemanha e cheguei aos sabores da escola Belga. A primeira Leffe que abriu os caminhos foi a tradicional Blonde Ale.
Outra dica, ouvir o nosso papo com a Fê Meybom sobre essas cervejas e suas histórias.
Indo para as Red Ales, cervejas artesanais produzidas no Brasil
A Devassa, outrora uma marca nova e desconhecida, abriu um bar aqui no Rio de Janeiro. Ela tinha 4 estilos de cervejas: pilsen, weissbier, red ale e stout (acho). A terceira foi a minha preferida durante muitas noites. Quando falo dessa marca, sempre me vem à cabeça como o tempo era outro e ainda se via espaço para “nomes e brincadeiras” machistas e sexistas. Ainda bem que o mercado vem mudando.
Explodindo a cabeça: Rauchbier
Não lembro exatamente em qual ano esse momento aconteceu. Mas minha paixão estava tão clara que meus amigos e amigas começaram a me presentear com livros sobre cervejas, ou com o próprio líquido em si. E foi assim que um amigo, apreciador de charutos, chegou a minha casa acompanhado de uma Eisenbahn Rauchbier. Pronto. Minha cabeça explodiu. Até então, nunca tinha imaginado que alguma cerveja poderia chegar nesse grau de sabores e aromas diferentes.
A gente teve o prazer de conversar com o Juliano e eu pude contar um pouco dessa história pra ele, escuta aqui.
Não é regra
Foram esses meus primeiros cinco estilos de cervejas além da American Lager ou Pilsen. Nesses vinte anos, principalmente nos últimos três anos, essa diversidade só vem aumentando. Essa foi a minha experiência, o que por sorte foi combinando com a formação do meu paladar e curiosidade. E esse é o ponto importante: cada um constrói a sua estrada e história de sabores e estilos de cervejas. Só não precisa ficar preso a um único, o universo cervejeiro é gigante.
Aproveite para ouvir uma conversa sobre as primeiras experiências com cervejas artesanais com o Leandro Viu.