A promessa da Seven Days: leveza com sabor

No quarto episódio da série especial sobre cervejas sem álcool e de baixo teor alcoólico do Surra de Lúpulo, Ludmyla Almeida abriu os trabalhos com a promessa de que este seria um papo marcante — e não foi à toa. A promessa, aliás, não era dela, nem de Henrique Boaventura, mas de uma marca que carrega o compromisso no próprio nome: Seven Days.

Henrique logo entrou no clima descontraído, saudando os ouvintes e recebendo o convidado da vez: Fábio Bacarin, fundador da cervejaria que ousou colocar no mercado um produto com a proposta de ser leve, saboroso e com menor teor alcoólico — tudo ao mesmo tempo.

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Cervejas artesanais leves e saudáveis: missão possível!

Fábio se apresentou com simplicidade, mas trouxe uma proposta ambiciosa. A Seven Days nasceu para criar cervejas com menor teor alcoólico e menos calorias, mas com alto sabor. “Aprovo e busco”, confessou Henrique, que destacou como esse tipo de cerveja se encaixa em uma demanda crescente por bebidas mais leves, sem abrir mão da qualidade.

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Wheat beer Seven Days - low alcohol

Small beers e inspiração inglesa

A história da Seven Days não começou com foco no álcool reduzido. Fábio, como muitos cervejeiros, era homebrewer desde 2019. Mas, com olhar de empreendedor, buscava algo diferente. Foi quando conheceu a Small Beer Brew Co., cervejaria de Londres que resgatou a tradição medieval de cervejas leves — conhecidas como “small beers”, com até 2,8% de álcool, consumidas até por crianças na Europa, até o século XIX.

Inspirado pelos ingleses e preocupado com saúde e bem-estar, Fábio resolveu ir além: equilibrar sabor, drinkability e leveza alcoólica. Assim nasceu a Summer, primeira receita da marca, que passou por um longo caminho de testes até alcançar sua forma final: 2,1% de álcool, 63 calorias e 4,9% de carboidrato.

Menos álcool, mais sabor: a mudança de mentalidade

No Brasil, existe uma cultura forte associando “cerveja boa” ao seu potencial de embriaguez. Fábio relembra críticas do tipo “com 2% é melhor tomar Fanta”, e como precisou investir em comunicação, premiações e muito boca a boca para desconstruir essa lógica.

“Tem público para tudo”, diz. Tem quem queira beber com foco no álcool, mas há também quem busque sabor, wellness e variedade — e queira acordar bem no dia seguinte. Para esses, a Seven Days é uma promessa (e uma entrega).

Estilos clássicos com nova proposta

Uma pergunta inevitável surgiu: há estilos que se adaptam melhor ao álcool reduzido? Fábio então foi direto. Estilos mais leves e claros são mais fáceis. As mais escuras, como uma Porter ou uma Dry Stout, exigem malabarismo técnico para manter a drinkability. A proposta da cervejaria é clara: fugir do hype e manter um portfólio enxuto, com estilos clássicos, leves e acessíveis.

Processo técnico: do lúpulo à pasteurização

Produzir uma cerveja artesanal com baixo teor alcoólico exige técnica. Não é apenas reduzir o malte. É selecionar bem os insumos, entender como os lúpulos se comportam em bases mais delicadas e usar maltes especiais para compensar o corpo e o sabor. O equilíbrio entre residual sensorial, carboidrato e leveza é milimétrico.

Além disso, a pasteurização é fundamental para estabilidade microbiológica e logística, mas o processo foi ajustado para não prejudicar o sensorial das cervejas.

Inovação: low alcohol e sem glúten

A inovação da Seven Days vai além do álcool: a cervejaria também lançou uma versão sem glúten da Summer, usando enzimas que quebram as cadeias da proteína durante a fermentação. Assim, a técnica garante segurança para celíacos e atrai um público crescente que opta por reduzir o consumo de glúten.

Estilos da casa: leveza com personalidade

Fábio listou os estilos já disponíveis no portfólio da Seven Days:

  • Summer (Blond Ale) – neutra, suave, refrescante, inspirada nas American Blonde Ales.
  • Session IPA – versão mais leve e aromática das IPAs.
  • American Wheat – cerveja de trigo com carga de lúpulo mais expressiva.
  • Summer sem glúten – versão da Blond Ale adaptada para celíacos.

Seven Days - portfólio

Impostos e burocracias: desafios da cerveja leve

Se fazer cerveja já exige jogo de cintura, lidar com a legislação tributária brasileira é quase uma prova de resistência. Ludmyla, assim, perguntou: existe algum incentivo fiscal para cervejas com baixo teor alcoólico? Fábio, por sua vez, deu a resposta mais direta possível: não. Hoje, termos como “álcool reduzido” não impactam tributação. Mesmo com a esperada reforma de 2027, a incerteza ainda é grande.

Henrique trouxe um paralelo com a Inglaterra, onde a taxação de bebidas sempre foi agressiva. Historicamente, isso ajudou a fomentar estilos menos alcoólicos e incentivou o consumo consciente. Ele, desse modo, levanta a hipótese de que algo semelhante pode acontecer no Brasil com a pressão regulatória sobre o bem-estar e a saúde.

E-commerce, cultura e ponto de venda

A Seven Days, como outras cervejarias independentes focadas em cervejas low alcohol, nasceu com e-commerce estruturado. Os pontos de venda ainda não estão plenamente preparados. O canal online se mostrou essencial, especialmente no pós-pandemia, para um consumo mais doméstico e consciente.

O Brasil está pronto para a cerveja low alcohol?

Na reta final, Fábio acredita que o Brasil está amadurecendo. O preconceito existe, mas há uma tendência real puxada tanto por grandes marcas quanto por cervejarias artesanais inovadoras. A missão é clara: provar que é possível beber bem com moderação, sem abrir mão do sabor.

Low alcohol beer

Conclusão: cerveja artesanal leve, saborosa e possível

A conversa com Fábio mostrou que a cerveja com baixo teor alcoólico não é um substituto, mas uma nova categoria com identidade própria. Em um mercado ainda marcado por estigmas, a Seven Days surge como um projeto ousado e apaixonado por qualidade — provando que é possível beber bem, com sabor e leveza.

Em suma, a low alcohol é uma resposta moderna a velhas questões: como equilibrar prazer e saúde, como celebrar sem exagerar, como criar uma cultura cervejeira mais inclusiva e consciente. Que venham, assim, mais torneiras com 2% de álcool e 100% de atitude! 🍻

Gabriel Gurian

Historiador, com Mestrado e Doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), meus estudos são pautados por bebidas e bebedores na história do Brasil, em diferentes períodos. Atualmente integro o projeto Comer História, desenvolvo pesquisa pós-doutoral na Universidade de São Paulo (USP), com foco no nascimento da cultura cervejeira brasileira no século XIX, e colaboro com o Surra de Lúpulo.

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