Vamos falar de cultura? Hoje é dia do terceiro programa do Boteco do Surra e nosso convidado da vez é ninguém mais ninguém menos que Leandro Ramos (também conhecido como Julinho da Van) que é publicitário, diretor, roteirista e ator. Leandro já trabalhou em projetos no Multishow, GNT, Canal Brasil, Porta dos Fundos e, atualmente, atua como produtor, criador, roteirista e ator do programa Choque de Cultura. Ouça na íntegra!
Apresentação do nosso convidado do Boteco do Surra:
Leandro em 00:05:45: Rapaziada do artesanal, essa é minha voz. Sou Leandro Ramos, carioca de Jacarepaguá. 41 anos de idade, bem vividos, um joelhinho já rachado, um ombrinho já com limitação de movimentos, essa é uma pessoa normal que curtiu como você, porque aparentemente o público da cerveja artesanal é 40 ou mais. Então, você vai entender, eu vou falar pra você, É um joelhinho que já não aguenta mais aquele bastilha tipo, não aguenta peladinha quarta-feira, você aguenta, jogar uma, fica duas fora, gelinho duas vezes por semana, isso é uma pessoa que tenta sobreviver. Sou ator, roteirista e ex-publicitário, tem isso aí no meu corrido. Eu era redator publicitário de fazer break dos canais, no Esporte TV, com o Brasil de Montenegro, vim para morar em São Paulo para trabalhar na Descobre e eu era creative producer… O problema é que as pessoas levam muito a sério. O publicitário acredita que ele tem uma função social. Eu tinha dificuldade porque tem o publicitário consciente, sabe aquele que está ali pagando aquele boquete… Eu tenho um amigo que tem uma frase maravilhosa assim, “publicidade, quem nunca pagou esse boquete?” Tem o publicitário consciente, que ele está ali atrás de ganhar um dinheiro para ter uma vida melhor, para poder viajar uma vez por ano, para ajudar a família, enfim. E tem o publicitário que acredita no glamour, no fantástico mundo da publicidade. Aí esse aí é uma alma que está perdida. Ele vai fazer 45 anos de idade, vai estar velho para a agência, vai ser substituído por alguém com metade da idade dele, ganha metade do salário, e ele vai ficar perdido, sem saber o que ele faz. Muitos migram para o food truck, alguns migram para a cerveja artesanal. Então tem muito ex-publicitário ouvindo a gente agora, eu tenho certeza.
Você tem muitas histórias da sua infância e adolescência e já comentou que esses momentos te inspiraram na criação do Julinho e de outros personagens. Fala para gente como funciona esse olhar de observação do ator, diretor, roteirista para a criação desses personagens?
Leandro em 00:12:29: É, então, eu acho que isso é uma parada que é um olhar curioso. Acho que é inerente a todo mundo, na verdade. O uso pra trabalho, mas, sei lá… o Daniel Furlano faz a mesma coisa, e o processo dele é diferente do meu, mas…Essa coisa do olhar, Nelson Rodrigues ficava na porta de cadeia, entendeu. Ouvindo história, olhando história, e aí escrevia aquelas histórias. Eu acho que é uma questão do olhar atento mesmo, de estar atento ali em volta. E assim, do ponto de vista de criador, como ator também, eu acho sempre mais engraçado quando parece muito real. E aí, se eu conto uma história que realmente aconteceu, que eu conheço, conheço as pessoas envolvidas, e aí jogo isso pro meu personagem, eu conto aquela história com uma intimidade, porque eu já contei essas histórias, entendeu, tipo tem uma história do Julinho que é uma das minhas prediletas, que ele conta que ele tava no enterro do brother dele e aí ele viu um caixãozinho pequenininho, numa capelinha do lado, e aí ele, pô, ninguém tá rezando, foi lá rezar o caixão com um caixãozinho de criança pequenininho, aí ele tava no meio da reza, assim, chegou em segurança do cemitério, falou assim, aí irmão, você tá ligado que essa parada é uma perna, né. Isso eu acho que aconteceu com a minha avó, que era muito religiosa, e da umbanda, aí ela viu um caixãozinho de criança na capelinha do lado, sem nenhuma vela, sem nada, ela pegou uma vela, assim, deu uma vela, fez uma oração, e ela tava no meio da oração, segura essa benção, olha, a senhora está ciente de que esse caixão aí tem uma perna, né. […] Eu sempre andei muito de ônibus, e eu sempre escrevi no ônibus, eu escrevo em movimento tranquilo, eu sempre escrevi, sempre tive um caderninho na época que a gente fazia larica total, várias histórias, frases, paradas, eu anotava dentro do ônibus, escrevi, eu lia muito no ônibus e escrevi muito em caderninho. Às vezes, eu ia ouvir 40 minutos da conversa, do outro lado, de duas pessoas que eu não conheço, e ficava a viagem inteira ligada de uma conversa, anotava umas paradas.
Você é um profissional multifacetado – publicitário, diretor, roteirista e ator. E é bastante conhecido por papéis no humor. Como você definiria um humorista?
Leandro em 00:22:35: Então, eu discuti isso com um amigo, pouco tempo aí no podcast, que eu acho seguinte. Eu acho que sim, mas acho que não. Eu acho que eu sou um ator de humor. Não de humor, mas que gosta de fazer humor e eu sou um roteirista de humor. Mas eu, por exemplo, você tá falando, ah, você falou umas coisas engraçadas e tal. Mas eu não sei fazer piada. Eu não sei se você me chamar com uma parada, ó, vai ter uma plateia aqui, faz aí 20 minutos de texto aí para você. Um stand up. Eu não sei fazer stand up. Eu não sei fazer humor físico, entendeu? Tipo, não sei, talvez seja, mas é um tipo de humorista, eu não sei dizer qual, ok?
E as influências para os personagens do Choque de Cultura? Conta pro Boteco do Surra!
“O Choque, especificamente, tem essa coisa dele pode ser um programa de TV feito por esses caras para passar no canal local, o que vai passar só na Secretaria de Transporte, no estado de Janeiro, sabe. O Choque é meio isso, mas sim, são referências que a gente tem [como Monty Python e Casseta e Planeta]. Cresci vendo esse senso de humor, aí mistura isso com nossas origens. O Caíto com a galera da rua dele, do bairro dele, lá de Niterói, eu cresci em Jacarepaguá, onde meio que todo mundo se conhece. O meu vizinho, por exemplo, era o motor de van, o Pezinho. Eu encontrei ele todo dia no Instagram, inclusive. O Pezinho tinha um van, e o Pezinho, pô, a van dele era toda bonita, tinha a luz colorida dentro, um carpete, um banco todo bonitinho, e a van toda cheirosa. Toda arrumadinha, tá? A porta abria, tinha uma alavanca que levantava a porta elétrica. Então eu convivi com essa pessoa.”
Qual é a sua relação com cerveja? Tem porres homéricos para nos contar?
Leandro em 00:32:12: Então, sobre cerveja. Bebo, bebo cerveja. Hoje em dia, bebo menos. Tem dia que eu quero beber cerveja. Às vezes eu compro pra casa, assim, umas cervejas mais legais, eu vou meia na promoção, na real, assim, de tipo… Eu adoro vedete. E às vezes, rolam as promoções de vedete, que tá 12 reais, em 14 reais, aí eu compro com as vedete pra cá. Porque eu não sou um degustador de cerveja. Eu tenho muito problema de gástrico, quero ser bebê. Então, eu não consigo beber muita cerveja. Se eu sair assim, ah, hoje eu quero ficar bebo. Ah, gente, às vezes eu te quero só degustar uma bebida, e às vezes eu quero ficar bebo. Normalmente, quando eu quero ficar bebo, eu nunca é a cerveja dos meus homens. Então, eu não tenho muita história. Mas, jovem, tomei os pós de cerveja. Já, vou me ter abraçado no vaso. É a época de faculdade. Uma vez, com dois anos de faculdade, a gente, enfim, heterozinho de esquerda, né? A gente foi ver aquele filme que o Bukowski fez ao roteiro, e o Barfly. E eu ia, porra, o cara bebendo o tempo inteiro, tomando porra, acordando, vomitando, sei o quê. E a gente ficou vendo o filme bebendo. Acabou o filme, a gente falou, porra, vamos pro bar beber agora. A gente foi com o botecão, beber mais. Cara, a gente chegou em casa tremolada, sim. […] Mas eu gosto muito de cachaça, cara. E eu gosto muito de beber cerveja com cachaça. Eu adoro botar um copinho de cerveja, fazer o fogo bombê. Copinho de cerveja e copinho de cachaça. E aí, eu dou uma bicadinha de cachaça aqui, um, dou uma bicadinha de cerveja. O pessoal cervejeiro vai ficar puto, mas eu adoro a cachaça de jambu com cerveja. […] Desde muito cedo, eu respeito a tequila. Eu trato com uma pantera.Não vou chegar às culachadas. A tequila é o PM da bebida. Você não chega de qualquer jeito para falar com o PM. Boa noite, senhor. Pois não, meu documento tá aqui, senão. Porque senão você pode se arrepender.
A próxima temporada do Choque de Cultura já foi toda gravada?
Leandro em 00:45:42: A gente não pode falar muito, mas a gente grava antes, tá toda gravada já. A gente não tem data ainda, mas é o mesmo formato. O Choque de Cultura é clássico, oldschool. E já tá pronto. A gente olha a agenda, a gente olha a agenda, Não, mas falando sério, aí não muda nada pra gente, porque em algum momento vai sair, entendeu? São sempre filmes que estão pra sair. Então a gente olha mais ou menos as gemas de lançamento e faz o nosso programa para o episódio sair ou antes do filme, e aí a gente vai meio na expectativa. Ou logo depois que o filme saiu, a gente faz nenhuma repercussão. E aí é um jeito de deixar o programa quente, é algo que a gente tenta fazer. Não faz em todos os episódios, mas em sempre quatro episódios mais quentes, de filmes que a gente acha que tem a ver com o universo, ou que a galera vai curtir. É coisa de consumidor, eu acho, porque a gente faz muito tentando fazer pra gente também, né? Que a gente acha legal, até porque a gente tá fazendo há muitos anos. São várias temporadas, então a gente tenta manter o formato, mas de algum jeito deixar com frescor pra gente, sabe, também. A gente não sentir que tá fazendo a mesma coisa.
Você consegue descrever como seria o Julinho, o Rogerinho, o Maurílio e o Renan no Boteco do Surra?
Leandro em 00:51:07: Eu acho que, assim, o Rogerinho… eu não sei se o Rogerinho bebe, eu não lembro se a gente já falou disso, mas eu imagino que ele tem uma confusão mental tão grande que o Álcool ele não consegue. Eu acho que ele surtaria bêbado. O Rogerinho conta que ele gosta de chegar em casa, tirar aquela roupa do trabalho, sentar, ficar olhando para a parede um pouco. Então ele é tipo um psicopata, que entra em casa, olha para a parede, e aí, dá a hora de dormir e ele deita e dorme. Então eu não consigo imaginar ele nesse lugar da cervejinha. O Maurílio, eu acho que toma uma cervejinha com o Julinho, total. O Renan, eu acho que ele tomaria um campari, sabe? O Renan pediu um campari, ou algum drink, assim, porra, que ninguém toma. Então uma cuba livre… Julinho pede geladinha, com açúcar da Coca-Cola, com o álcool, Você toma o álcool e já toma o soro-caseiro, que é a Coca-Cola que tem muito sódio, muito açúcar e água. Então eu acho que o Renan tomaria uma bebida, se fosse uma cuba, um campari…
Agora que já sabemos como seriam esses personagens no boteco do surra, que tal votar para o Prêmio Lúpulo de Ouro 2023?
Escute também: Prêmio Lúpulo de Ouro ’23 com Bárbara Soares e Gil Lebre
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O que bebemos durante o programa? Leandro convidado bebe cachacinha de jambu. Lud bebe Idílio, da Devaneio do Velhaco. Leandro, da casa, bebe água.
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