No programa de hoje do Surra de Lúpulo, vamos falar sobre a importância da presença nas redes sociais, relação com os fãs e formação de comunidade. Para esse papo, convidamos duas mulheres incríveis: Amanda Gouveia, designer e gerente de marketing da Prussia Bier, cantora, atriz, sommelière e Tik-Toker, e Gabi Mouta, que tem mais de dez anos de experiência em conteúdo digital, hoje está na Universal Music Brasil coordenando a estratégia, produção e distribuição de conteúdos da marca, artistas e cast. Mouta também já trabalhou no GShow, entretenimento da Globo, com The Voice, BBB, Caldeirão e muito mais.


✨ O Surra de Lúpulo conta com o apoio dos nossos queridos Mecenas Empresariais: ✨ Cervejaria UçáViveiro Van de Bergen e Prussia Bier.

 

Relação de marcas com fãs e comunidade

 

O que é uma comunidade? Qual a diferença entre fã e comunidade?

 

Gabi: “Entre essas duas coisas Depende do seu objetivo, eu acho que se você tá precisando de alguma conversão, uma comunidade te garante uma conversão, seja de compra de cerveja, seja de Play em música, seja de Ingressos em uma peça de teatro, uma comunidade te garante isso. A longo prazo, você ter muitos fãs por aí, mesmo que antigamente a gente não tinha tanto esse raciocínio entre fã e comunidade. E existem bandas, existem marcas que estão aí até hoje porque estão no senso comum da sociedade. E é você ter vários fãs. Até quando você compra, sei lá, você tem uma esponja favorita ou um produto de limpeza favorito. É a reputação, né? A reputação da marca que tá aí que adquiriu vários fãs aí de preferir A ou não B. Então acho que depende muito do seu objetivo pra saber o que é mais eficaz”.

 

imagem de fãs assistindo a um showGabi Mouta ressalta a importância dessas comunidades de fãs que, segundo ela, são verdadeiras forças nos campos da música, entretenimento e novelas. Os fandoms não são apenas grupos de pessoas que gostam do mesmo artista ou programa. Eles são verdadeiras comunidades, onde os membros compartilham não apenas seus interesses, mas também uma conexão profunda uns com os outros. É como se cada membro encontrasse um lar onde sua paixão é não apenas aceita, mas celebrada.

Mas existe uma distinção crucial entre ser um fã casual e fazer parte ativa de um fandom. Enquanto os fãs podem acompanhar à distância, os membros dos fandoms estão na linha de frente, prontos para defender e promover seus interesses com unhas e dentes. O engajamento e a dedicação desses membros são o que tornam essas comunidades tão poderosas.

Mas e a eficácia? Para Gabi, tudo depende dos objetivos da marca. Se a marca busca resultados rápidos, como conversões imediatas, as comunidades de fãs são seus melhores aliados. Por outro lado, se a marca está mirando na longevidade e na construção de uma reputação sólida, uma base de fãs leais pode ser o segredo.

 

Amanda:”O que eu percebo aqui como comunidade? E aí falando como marca, né? Uma marca que trabalha muito com a comunidade. A comunidade, você tem mais troca. Você tem troca entre a empresa e as pessoas. Muito mais troca, sabe? A comunidade entrega uma série de coisas pra Prussia Bier, por exemplo. A Prussia entrega uma série de coisas pra comunidade. Então, existe essa troca. Eu preciso te dar alguma coisa. Você me dá alguma coisa, eu te dou outras coisas. E aí, eu tô falando de várias coisas. Tô falando de desconto, tô falando de atenção. Tô falando de coisas de pertencimento”.

 

Para Amanda Gouveia, a chave está na conexão. Enquanto um fã pode estar ali, solitário, ou junto com outros fãs, a verdadeira magia acontece quando essa conexão se aprofunda. Ela destaca também como marcas que investem em construir comunidades têm uma vantagem única. É uma troca constante entre a empresa e as pessoas, onde todos saem ganhando. Descontos, atenção personalizada, piadas internas – são todas formas de fortalecer esse senso de pertencimento. Porque quando você entende a piada interna ou se identifica com um símbolo, você sabe que é parte daquilo.

Amanda compartilha sua experiência na Prússia, onde foi criado um grupo no WhatsApp para seus melhores clientes. O medo inicial se transformou em surpresa e admiração ao ver a comunidade se formar e se fortalecer por conta própria. Afinal, é mais do que uma relação de admiração; é uma conexão profunda que transcende o simples ato de ser um fã. E isso, para nossa convidada, é algo que se leva para a vida toda.

 

Qual é a coisa mais importante a se fazer para cultivar fãs e formar uma comunidade? O que é mais eficaz?

 

Amanda: “Constância. Sabe assim, gente que sempre filma o café da manhã. E aí, de repente, às vezes você não tava nem interessado no café da manhã da pessoa, mas de repente você vê a carinha da pessoa lá nos stories, você fala, ai, vou clicar. Você já tá viciado em assistir o café da manhã de alguém que você nunca viu na sua vida. Mas você sabe que vai ter sempre ali o café da manhã, então eu vou lá ver o café da manhã. E aí eu acho que isso é presença e constância, sabe? Frequência. E aí pra além disso, eu acho que troca”.

 

Além disso, Amanda reforça que a troca dentro de uma comunidade é fundamental. Isso pode ser desde oferecer atenção e relacionamento até descontos especiais, que são sempre bem recebidos. Ela enfatiza que a troca vai além de benefícios materiais e pode incluir também o sentimento de pertencimento. Observando seu próprio comportamento online, Amanda compartilha como reconhece quando algo merece um like genuíno, mostrando a importância de uma interação verdadeira na construção de uma comunidade engajada.

Concordando com as ideias compartilhadas pela Amanda, Gabi enfatiza a importância da responsabilidade desde o início. Ela destaca que criar uma comunidade é apenas o começo – a verdadeira essência está em nutri-la constantemente.

 

Gabi: “Depois desse senso de responsabilidade vem a constância, vem o ouvir, né? Porque às vezes você quer oferecer alguma coisa que ninguém quer, sabe? Você pensou em criar uma comunidade de um jeito e não é esse jeito. Não funciona. Ou você acha que você tem a fórmula e sei lá, se você vai criar uma comunidade com pessoas que gostam de rock é uma coisa, com pop é outra, sabe? Então, acho que ouvir ele é a coisa mais importante e o oferecer, né?”.

 

A responsabilidade de quem dá o pontapé inicial é crucial. Uma vez que você inicia uma comunidade, você cria um laço com os membros e é fundamental alimentá-lo. Isso significa ouvir atentamente o que os membros têm a dizer e adaptar-se às suas necessidades. Se você está no comando, é essencial oferecer algo em troca, seja um desconto, um encontro com os fãs ou até mesmo um pôster autografado.

Gabi ressalta também que, embora as comunidades online possam parecer digitais, ainda há uma necessidade humana subjacente por conexão e exclusividade. Se os líderes de uma comunidade não estiverem presentes e ativos, os membros podem facilmente se dispersar em busca de algo mais exclusivo.

 

Quando a gente olha para a presença digital, quais são os maiores pecados que vocês observam hoje em dia? Por exemplo, impulsionar o ódio, com haters, é uma boa estratégia?

 

Gabi: “Eu quero conversar com quem conversa comigo, né? Acho que eu não quero conversar com quem me odeia, com quem eu já sei que vai dar ruim, sabe? Tipo, existem pessoas que eu posso conversar de uma maneira boa, óbvio, tirando todos os “Ah, a marca falou uma besteira, por isso assim foi odiada”. Ou tirando todos os casos que de fato uma marca tem que falar com quem criticou, o hater gratuito, o funcionamento de ódio, eu não vejo motivo para entrar nesse fórum quando existem outros mil fóruns querendo falar comigo”.

 

Focar em conversar com quem está disposto a ouvir é chave. Gabi reflete também sobre como o cenário da publicidade mudou rapidamente com a ascensão das redes sociais. O que antes era um mundo de publicidade tradicional, com suas próprias regras e estruturas, transformou-se em um universo digital em constante evolução. Ela destaca como essa mudança trouxe novas oportunidades de emprego, mas também desafios únicos.

Um desses desafios, segundo Gabi, é o excesso de planejamento. Enquanto o planejamento é essencial, ela acredita que se prender a um plano rígido pode ser prejudicial. O ritmo acelerado das redes sociais, juntamente com as constantes mudanças nos algoritmos e nos interesses do público, torna difícil prever o que será relevante no futuro. Gabi argumenta a favor de uma abordagem mais flexível, onde a adaptabilidade e a prontidão para responder a eventos inesperados são tão importantes quanto a preparação prévia.

 

Amanda: “Eu acho que o pecado é o conteúdo irrelevante. É aquele conteúdo que você não tem muito objetivo, ele não tem nem pele em cabeça, e ele se torna irrelevante, ele não entretém, ele não cria relacionamento, ele não traz autoridade para a sua marca, ele não mostra uma prova social, alguém falando alguma coisa boa da sua marca, ou ruim, ou média, mas assim, alguém dando uma prova. Ó, comprei essa cerveja, chegou na minha casa e ela é boa. sabe assim? Quando ele não compra nada disso, eu acho, ele é irrelevante. Porque assim, o conteúdo, se ele não for interessante, ele não vai ser assistido, ele não vai ser distribuído e rapidinho o algoritmo vai entender isso, sabe? Rapidinho o algoritmo vai entender”.

 

Para Amanda, o maior pecado é criar conteúdo irrelevante, que não engaja, não cria relacionamento e não agrega valor à marca. Ela argumenta que o conteúdo irrelevante não só é ignorado pelos espectadores, mas também é penalizado pelos algoritmos das redes sociais, o que resulta em uma distribuição limitada.

Além disso, Amanda defende a diversidade de conteúdo, reconhecendo que diferentes tipos de postagens têm diferentes objetivos. Desde memes até informações técnicas, cada tipo de conteúdo tem seu lugar e seu público-alvo. Em destaque, fica a importância de conteúdos voltados para o topo do funil, como notícias e entretenimento, assim como conteúdos mais profundos, que tem como objetivo construir relacionamentos e autoridade no setor da marca.

 

Como lidar com as mudanças constantes no algoritmo de entrega de conteúdo e de comportamento do público? Tudo está mudando o tempo todo e como fica isso para um processo profissional?

 

Contrariando a crença comum, Amanda diz que, na verdade, eles não estão tão preocupados com as constantes mudanças nos algoritmos das redes sociais. Para eles, da Prussia Bier, o segredo do sucesso está em criar conteúdo cativante, independentemente das atualizações algorítmicas.

 

Amanda:”Eu acho que assim, a gente é engraçado. Porque eu, no meu trabalho, e a gente na Prussia, a gente não fica muito ligado em questão de algoritmo, sabe? Atualização, não sei o quê, aconteceu isso, mudou aquilo. Porque a gente sabe que, no fundo, pode ser uma imagem estática, pode ser um carrossel, pode ser um reels. Se ele for muito legal, ele vai dar certo. Sabe? Se ele for muito legal, ele vai performar. O que a gente usa muito, por exemplo, pra vídeo aqui, é que o início do vídeo tem que ser muito interessante. Sabe?”.

 

A chave para um conteúdo eficaz está no início do vídeo. Mesmo que o restante do conteúdo seja excepcional, se o início não prender a atenção do espectador, é improvável que ele continue assistindo. Um bom storytelling é fundamental, pois envolve o público e os mantém interessados na história que está sendo contada.

Amanda admite que, como muitos de nós, também costumava a passar rapidamente pelos vídeos. No entanto, ela se surpreende quando se pega assistindo um vídeo por um longo período de tempo. Isso leva a uma análise sobre o storytelling por trás desses vídeos envolventes, buscando entender o que os torna tão cativantes.

 

Gabi: “Tenho uma forma muito boa pra complementar, sobre isso de maquiagem. Eu ficava muito presa nesses vídeos de maquia e fala. Aí eu criei uma editoria chamada Tatua e Fala. Porque os fãs gostam de tatuar, vou tatuar minha banda. E aí o cara tatuava e aí você fica querendo ver por que, eu acho, que isso é uma coisa de ação, e isso é horrível também, porque quem trabalha com isso não consegue ver nenhum vídeo em paz sem pensar, como? Como postou essa voz? Então como fez essa coisa genial? É sempre, sempre um parâmetro, a gente não tem outro pensamento. E é horrível, porque cara, eu só quero ver vídeo em paz”.

 

Gabi prossegue destacando a eficácia de vídeos que combinam ação e narrativa, como os que mostram alguém lavando louça enquanto compartilha histórias pessoais. Esses vídeos prendem a atenção do espectador até o final, criando um desejo de ver o desfecho da atividade em questão.

A essência de Tatua e Fala, assim como de outros conteúdos similares, está na combinação de ação e história. Contar uma história sem uma ação envolvente pode ser entediante, mas quando há uma atividade em andamento, como a finalização de uma tatuagem ou a conclusão da maquiagem, o espectador se sente compelido a permanecer até o fim. Gabi ressalta que essa dinâmica é emblemática da forma como ela e Amanda encaram a criação de conteúdo, sempre buscando envolver o público em uma narrativa cativante e repleta de ação.

 

Viralizei e aí? Taí um problema que muita gente nem pensa e talvez ache que viralizar só tem pontos positivos. Mas o que acontece em perfis que viralizam e deixam a base de seguidores sem identidade? Como moldar ou aquecer esse público?

 

Gabi comenta que é preciso se preparar para as consequências da viralização. Ela enfatiza que, mesmo que o sucesso momentâneo seja gratificante, é importante entender que isso pode ser apenas um ponto fora da curva, a exceção. Os relatórios mensais podem variar significativamente após um pico de viralização, então é crucial não se desmotivar caso os números subsequentes não correspondam às expectativas.

 

Gabi:” Cara, se você é uma pessoa ligada a dados, e eu sou muito ligada a dados, eu fico tentando entender mensalmente. Como foi uma semana ali das redes da gravadora ou alguma outra rede que eu acompanho e, sei lá, uso de bench. Viralizei e aí? Primeiro, se prepara porque o seu próximo relatório vai ser um sucesso e o do mês que vem vai ser ridículo, vai ser horrível e você não vai poder achar o meu Deus, eu sou uma péssima profissional. Por que não? Porque clarear é uma coisa fora da curva. Isso tem muito a ver com influenciador também, né? É a famosa taxa de engajamento. Qual é a minha taxa de engajamento? Cara, um influenciador que ficou muito pop aí na internet há um tempo atrás, ele tinha uma taxa de engajamento hoje, ele não é tão pop assim. Então, assim, Isso de você ver a taxa de engajamento da galera pelos últimos seis posts, retirar, igual nota de escola de samba, o pior e o menor”.

 

Além disso, ela destaca a importância de analisar a taxa de engajamento, especialmente para influenciadores. Gabi compara essa métrica ao desempenho de uma escola de samba, onde os pontos mais baixos são descartados. Isso permite uma compreensão mais precisa da verdadeira comunidade que acompanha o perfil.

No mundo do Instagram, a dinâmica da comunidade está mudando devido à ascensão dos Reels e outras formas de conteúdo efêmero. Isso pode gerar confusão ao analisar os seguidores versus não seguidores. E sempre é válido refletir sobre casos em que vídeos que foram feitos como conteúdo “comum” viralizam do nada. Imprevistos bons acontecem!

 

Amanda: “ Eu não consigo acompanhar todas as mudanças de algoritmo. Ninguém consegue mais. Porque elas são bizarras. Elas são, assim, do dia para a noite. Minha amiga está me respondendo agora. Mandei várias mensagens importantíssimas. Estava hoje passando por uma situação chata. Mandei mensagem pra ela, só deu um tique, aí ela, ‘amiga, o WhatsApp’ caiu. Então é uma mudança comportamental que a gente não consegue mais acompanhar tudo E isso de conteúdo é óbvio, né? Eu sou estrategista de conteúdo, tem que ter um planejamento. Tem que ter constância. Mas você também tem que ter a percepção que, cara, o conteúdo mais despretensioso ou o conteúdo que eu não apostava foi o que viralizou”.

 

No contexto do conteúdo digital, Amanda destaca a importância do planejamento e da consistência. No entanto, ela reconhece que nem sempre o conteúdo mais planejado é o que viraliza. Às vezes, é o conteúdo mais simples e despretensioso que ganha destaque.

Ela enfatiza a necessidade de manter a sanidade mental diante da viralização, lembrando que nem sempre é possível prever ou controlar esse fenômeno. Além disso, Amanda destaca a importância de não perder de vista a comunidade que a acompanha, tanto os seguidores de longa data quanto os recém-chegados, mesmo durante períodos de viralização.

 

 

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✨Leia também: Surra de Lúpulo Ep.135: Marketing Cervejeiro (direto da FICC)

✨O que bebemos durante o programa? Gabi bebe IPA, da Prussia Bier; Amanda bebe RYE IPA Uaisterix, da Prussia Bier; Lud bebe água; Leando bebe Red Ale, da Prússia Bier.

Nana Ottoni

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