Preconceito no mercado cervejeiro com Roberta PierryNo episódio 21 do nosso podcast, Surra de Lúpulo, o preconceito no mercado cervejeiro é debatido com Roberta Pierry. Dona da Sapatista, a empresária conta como lida com o machismo e a homofobia na produção e venda de cerveja artesanal.

Biologia na produção cervejeira

Bióloga e mestre em botânica, Roberta tem um apreço pelas plantas e por tudo que é relacionado à natureza. Essa relação facilitou seu entendimento dos processos de produção de cerveja.

“Sou amante de cerveja há muito tempo e me interessei pela artesanal quando teve aquele boom em 2015, mais ou menos. Estava se falando muito e como eu me interesso por culinária e gosto de cozinhar, comecei a estudar”.

Roberta não chegou a fazer curso de técnico cervejeiro, mas tem a intenção de no futuro cursar o Mestre Cervejeiro. Na biologia, a empresária lembra que alguns colegas de profissão também têm afinidade com sua formação, como Diego da Implicantes e o Felipe da Zalaz.

Ouça Diego aqui no Surra de Lúpulo!

Cervejaria LGBTQI+

O nome da empresa, Sapatista, já diz muito sobre a mensagem de poder e inclusão que Roberta quer passar. Em um meio extremamente masculino e héteronormativo, a proposta de voz à mulher e a pessoas LGBTQI+ é um dos grandes diferenciais da empresa.

“Enquanto a gente vive numa sociedade em que todo dia morre alguma trans, mulheres são estupradas e matam gays, lésbicas e travestis, isso mostra que a gente não é visto como igual. Então, a gente precisa bater no peito, levantar a bandeira e dizer: ‘Sim. Eu sou isso’. A gente precisa se rotular para que as pessoas entendam que é normal pra que em algum ponto quando isso mudar, a gente possa se chamar de pessoas ou do que a gente quiser”.

Apesar de questionada, Roberta manteve o nome da cervejaria como uma forma de mostrar sua identidade pelo que luta.

Ouça aqui no Surra de Lúpulo, Fabrício da Zalaz!

Preconceito no mercado cervejeiro

Em 2019, Roberta participou de seu primeiro festival de cerveja sul-americano, onde chegou com apenas três torneiras de chopp e sem ser conhecida no meio. Um fato que lhe marcou foi ter levado a bandeira LGBTQIA+ para colocar no estande e as dúvidas que teve por se tratar de um ambiente super masculinizado.

“Foi um medo muito grande que deu. E teve um rapaz que questionou com o pai o motivo porque é todo mundo igual”.

Derrubando barreiras

O início foi de insegurança para Roberta. Apesar de começar a fazer cerveja em 2015 e suas amigas elogiarem, o fato de não ter estudo na área causava receio.

“Todas as pessoas que faziam cerveja de cervejaria, praticamente eram homens. Então me pesou muito a confiança, mas consegui criar coragem, apesar do medo”.

Roberta começou a estudar mais e a visitar cervejarias para entender as engrenagens da produção e do mercado. A Sapatista é uma cervejaria cigana, não há uma fábrica. E a empresária conta que tem investimento, mas o fato de não ter um espaço físico reduz os gastos fixos, tendo apenas os variáveis, que dependem do tamanho da produção.

Cerveja em forma de protesto

Para Roberta, a Sapatista traz uma forma de protesto e a empresária quis transparecer em suas produções, ao mostrar o poder feminino em seus rótulos.

Cada cerveja tem o nome de uma mulher forte e histórica, principalmente pela importância que as mulheres tiveram na descoberta da cerveja e, mais tarde, do lúpulo.

Em seus rótulos, há a influência do construtivismo russo, trazendo sempre alguém do movimento de contracultura.

Futuro da Sapatista

Com apenas 1 ano e 5 meses de marca e em um período de pandemia, Roberta afirma que é difícil planejar o futuro no momento, mas pretende lançar um novo rótulo em breve e expandir sua produção.

Surra de Lúpulo

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