Pensar como grande, agir com inteligência

“Benchmark não é copiar, é sobreviver”. Com essa provocação, Ludmyla Almeida e Henrique Boaventura iniciam este novo episódio do Surra de Lúpulo, cheio de reflexões sobre o futuro das cervejarias artesanais. Em um mercado cada vez mais volátil, o que podemos aprender com as gigantes?

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O mundo mudou — e o mercado cervejeiro também 🌎

Inflação global, guerras e crise climática alteraram hábitos de consumo. A Alemanha, por exemplo, viu seu tradicional pint de cerveja aumentar de €2,95 para quase €4! Já o Japão enfrenta alta no arroz e flerte com o nacionalismo. E os EUA, por sua vez, ícones do consumo, registram fechamento de liquor stores e mudança no perfil do consumidor.

Nesse cenário, o consumo de cerveja caiu. Seja por falta de dinheiro ou mudança de valores, o fato é: as pessoas estão bebendo menos.

Cerveja artesanal virou luxo?

Para muitos, a cerveja artesanal deixou de ser uma alternativa e virou item supérfluo. Além disso, não ajuda o fato de que há cada vez mais opções no mercado — de águas com gás aromatizadas a bebidas com microdose de THC. Henrique, então, foi direto: “Será que a solução para a crise da cerveja é parar de fazer cerveja?”

Talvez não seja parar, mas diversificar.

Cervejarias artesanais - estratégias

O que as grandes estão fazendo que você pode copiar 🔎

Empresas gigantes operam com visão de longo prazo. Antecipam crises, analisam dados, cortam onde precisam e redirecionam investimentos. Por isso, o destino atual desses investimentos tem nome: cerveja sem álcool e cervejas premium.

A lógica é simples:

  • Resolve o problema de quem não quer mais se intoxicar.
  • Reduz o custo de produção com volume e tecnologia.
  • Ganha espaço na gôndola dos supermercados.

Além da cerveja: diversificar para sobreviver

Assim, algumas cervejarias estão ocupando tanques com kombuchas, refrigerantes artesanais e bebidas prontas. A produção desses itens é mais rápida, barata e ocupa espaços ociosos que antes dependiam do mercado cigano, hoje em queda.

Esse movimento acontece não apenas fora, mas também dentro do Brasil — e pode salvar negócios!

Premium: a mina de ouro das grandes corporações

Enquanto o poder de compra cai, os grandes miram quem pode pagar. O investimento em cervejas premium é brutal: R$17,5 bilhões foram aplicados em novas fábricas, ampliações e marketing só no Brasil. A cada 1% conquistado no mercado premium, R$1 bilhão entra em jogo.

Assim, Heineken, Ambev, Estrella Galicia e outras querem ser o próximo “luxo acessível” do mercado. E podem, dessa forma, acabar reconquistando quem já foi convertido à artesanal.

Heineken - estratégia

Quem já está surfando essa onda no Brasil? 🇧🇷

Algumas cervejarias brasileiras já entenderam o jogo:

  • Denker: cerveja premium lager em garrafa verde e marcas segmentadas.
  • Krug Bier: cervejaria tradicional mineira, mantém o frescor do conceito artesanal, mas com estratégia de negócios afiada.
  • Louvada: investe em capilaridade com fábricas em MG, SP e MT.
  • Imigração: chope a R$10 e produção em larga escala.
  • Tupiniquim: forte em PETs e cervejas de entrada com alta distribuição.
  • Laüt: com branding marcante, trabalha volume e identidade regional.

Essas marcas unem qualidade, volume e posicionamento inteligente para ocupar nichos que antes eram só das gigantes.

Conclusão: menos paixão, mais estratégia 📊

Em síntese, as cervejarias artesanais não vão vencer pelo preço. Mas podem vencer pela estratégia. A proposta é clara: inspire-se nas grandes. Copie o que funciona. Teste, analise, ajuste.

A arte de fazer cerveja pode continuar com amor, mas o negócio precisa ser encarado com a frieza dos números.

Gabriel Gurian

Historiador, com Mestrado e Doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), meus estudos são pautados por bebidas e bebedores na história do Brasil, em diferentes períodos. Atualmente integro o projeto Comer História, desenvolvo pesquisa pós-doutoral na Universidade de São Paulo (USP), com foco no nascimento da cultura cervejeira brasileira no século XIX, e colaboro com o Surra de Lúpulo.

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