Vamos falar sobre o Encontro Selvagem de Cervejas Ácidas Complexas? No primeiro episódio da 2ª temporada do programa Encontros Selvagens, temos a apresentação de Leandro Bulkool e Bia Amorim, com participação de Gabi Lando e André Junqueira. Ouça o episódio na íntegra:


O Encontro Selvagem de Cervejas Ácidas Complexas é um evento dentro da ABRACERVA, e vem de uma ideia da gente debater, mais do que dizer o que é, a cerveja selvagem; nesse primeiro momento em 2022, trazer uma conversa. Ano passado, fizemos um evento com mesas redondas e degustação guiada, fazendo perguntas sobre o que é cerveja selvagem, cerveja selvagem e terroir, insumos… E tivemos uma interação interessante com o pessoal de Vinhos. Esse ano ouvindo e digerindo tudo o que aprendemos ano passado, conseguimos com que o evento ganhasse mais corpo. Debates mais estruturados e um elenco administrativo e de produção muito mais organizado. Esse ano, vai acontecer na cervejaria Tarantino, e teve uma extensão aí no número de dias. Conheça o evento:

 

Encontro Selvagem de Cervejas Ácidas Complexas 

 

Encontro selvagem segunda edição do evento

 

Quem assume o papel de co-curador do encontro?

 

Bia Amorim: Acho que o papel do co-curador entra ali das duas perspectivas, e por isso que precisa vir mais gente pra mesa, é trazer pessoas que estudam, debatem, produzem, que estão dentro desse ambiente. Sempre vai faltar alguém, então várias pessoas novas entraram pra fazer esse papel de ajudar a gente a colocar pessoas interessantes pros debates na mesa. E isso está sempre mudando, ano que vem eu saio e vem novas pessoas. 

 

André Junqueira: O que eu notei da primeira edição do encontro selvagem  foi que boa parte das conversas estavam em torno da definição da cerveja selvagem, com estilos e subestilos. É um assunto relativamente novo para grande parte do nosso público. E o que notei é que faltou falar mais sobre o líquido em si. Mas era um risco muito grande, por ser uma cerveja difícil de fazer, consequentemente, tem uma infinidade de caminhos que elas podem tomar. E dentre esses caminhos, nem todos são dignos do que o produto deveria ter. Acontece um culto ao defeito, por conta da empolgação das pessoas com relação ao assunto, então podem sair resultados errados na tentativa de criação desse líquido. Por isso nos propomos a fazer esse workshop de qualidades sensoriais e características sensoriais. O peso maior precisa ser da experiência sensorial porque são raros os casos em que as pessoas conseguem fazer um líquido com a qualidade adequada. 

 

Um pouco mais sobre o curso avançado de avaliação de cervejas ácidas e complexas:

 

Pessoas reunidas fazendo degustação de cervejasAndré Junqueira: É um tema novo que eu e minha esposa, Fernanda, vemos há algum tempo. Os aromas e sabores nesses produtos são muito diferentes. Não é repetir o mesmo trabalho feito como sommelier, por exemplo. Você precisa trazer todo um novo material, entender a interação de microrganismos, então é para as pessoas reconhecerem os microrganismos que podem aparecer. Esse treinamento é focado para esse tipo de produto.

 

Esse ano, o Encontro Selvagem tem apoio do conselho federal de Química. Conta pra gente o que isso significa para o evento?

 

Gabi Lando: Isso se deu através de um edital que tinha como objetivo fomentar a atuação do profissional de química dentro desse universo. Foi um edital ganho de forma exemplar e é, pra início de conversa, um pouco mais íntima entre a química e a cerveja. O Juca estava falando da importância de passar o sensorial pro público. Nós, como produtores apaixonados por cerveja, precisamos entender como se chega na qualidade apropriada. E pra isso, o profissional de química é fundamental. Seja na parte do controle da qualidade, seja assinando responsabilidade técnica. E o meu papel é fazer uma análise científica.

 

Um dia de Encontro virou um Festiva?

 

Bia Amorim: O encontro selvagem não poderia crescer sem o aval químico e profissional que estamos nos propondo a fazer. Dito isto, desde ano passado, a Manipueira, que produz uma cerveja com mandioca, tem diversas produções em barris que serão lançadas como parte dessa semana selvagem. No dia 6, 7, 8 e 9 de setembro acontece o segundo encontro selvagem, com palestras, workshop e debates. Essa semana, já está sendo vendida pelo Sympla. E ao mesmo tempo, estará rolando o workshop que o Juca estava falando. O Workshop são só 20 vagas, e quem participar do workshop também pode participar da feira. Serão mais de 70 rótulos. 

 

O que vocês esperam para esse ano?

 

Gabi Lando: Esperando muita selvageria controlada. No dia 06 vai ter esse evento com várias manipueiras e aí umas das primeiras palestras no dia 07, vai ser com a Carol, trazendo muita divulgação científica. Quem quiser participar do dia 06 e experimentar a cerveja e depois no dia 07 entender como o produto evoluiu, sejam muito bem vindos e bem vindas. Também teremos uma palestra sobre subprodutos que a madeira traz para a cerveja. E como disse, eu sou só a ponte entre a química e a cerveja.

 

André Junqueira: Tô vendo tudo com muito bons olhos, porque o que conseguimos atingir no primeiro Encontro já foi um marco. A gente percebeu o potencial do interesse que as pessoas têm nesse assunto. Olha o tamanho que a coisa tomou agora, temos patrocínio e o evento poderá ter um padrão de qualidade muito superior. Está tudo sendo feito com muito carinho. Sem dúvida será um encontro sensacional e vai gerar vontade de próximas edições. 

 

Bia Amorim: Nossa, eu to muito feliz. A gente fica muito feliz de olhar pra tudo e poder… assim como olhamos pras lambics, e pensamos “nossa, olha que incrível, olha que delícia”, e poder construir isso no brasil, com tanta gente bacana. E fazer o investimento, né. Porque os materiais são caros, valiosos. E a gente quer apresentar tudo que sensorialmente dialogue com as nossas raízes brasileiras. Vai ser um evento imperdível, ótimo pra networking. Queria agradecer demais a ABRACERVA, o conselho federal de Química. E muito no sentido de criar essa ponte, como a Gabi falou.

 

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Leia também: O que é cerveja selvagem?

Nana Ottoni

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