No episódio 75 do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, os empresários Humberto Fröhlich e Guto Pinho comentam os desafios de manter uma cervejaria atualmente. Como começaram, porque seguiram nesse mercado e como está o cenário em meio à pandemia.
Criando uma cervejaria – Babel
Formado em engenharia, Humberto trabalhou por 9 anos com telecomunicações e foi em 2005 que iniciou no mundo cervejeiro. Inicialmente, tentou fazer cerveja caseira, fazendo compras de insumos no mercado público.
Em 2010, saiu do emprego e como queria empreender, começou a pensar na possibilidade de ter uma cervejaria.
“A Babel entrou em operação no final de 2013, com quatro estilos”.
Humberto afirma que muito do que aprendeu foi por conta própria, já que não tinha acesso a cursos de cervejeiro devido à falta de opções. Em 2014, foi o primeiro juiz da BJCP a atingir o nível National e também auxiliou o mercado ajudando a redigir o projeto do Simples Nacional para as cervejarias.
Iniciando uma cervejaria – Cevaderia
Biólogo de formação, Guto Pinho conta que a Cevaderia nasceu em 2012 e tinha como objetivo inicial juntar a experiência de beber cerveja e laboratório, seguindo protocolos.
No começo, tudo era meio experimental com Guto e os amigos utilizando suas casas como local para testar as produções. Após passar um tempo fora ter mais contato com cervejas na Suíça e na Alemanha, Guto voltou ao Brasil e a Cevaderia foi para um lugar neutro.
Apenas em 2017, a jornada comercial da cervejaria começou, já que não era da vontade de Guto e os amigos comercializar, apenas beber suas produções.
Na pandemia, a Cevaderia teve que se reinventar e, para não quebrar, criou um clube de assinatura de chopp, onde o assinante recebe 1 diferente por semana. De acordo com Guto, um dos benefícios é o contato direto com o consumidor.
Ouça o episódio anterior do Surra de Lúpulo!
Desafios de manter uma cervejaria
Com uma participação local maior, Humberto diz que o mercado gaúcho teve durante muito tempo a maior concentração de cervejarias do país. Ter um diferencial é fundamental.
“A concorrência é muito acirrada. Porto Alegre tem mais de 40 cervejarias, o mercado anda muito disputado. O grande desafio é se diferenciar e conseguir conquistar o seu mercado, seu nicho…, então é um trabalho de marketing muito grande em relação a isso”.
Já para Guto, o maior desafio da Cevaderia no início foi ter apenas um rótulo no mercado, pois a vantagem de ser novidade acabava rápido, diminuindo o interesse e virando um problema.
“O desafio que continua até hoje é que esse mercado é meio antagônico. Cerveja é um produto que você precisa de volume pra ganhar e ao mesmo tempo, na cena craft você precisa de diversidade. Você não consegue ganhar volume, porque você tem uma diversidade e você pra manter a diversidade não consegue ganhar volume. Essa é a questão mais desafiadora pra gente”.
E-commerce: salvação na pandemia?
No último ano, por conta dos contratempos e prejuízos causados pelo coronavírus, Humberto teve que passar por uma reinvenção bem grande com a Babel. O principal foi a criação de um e-commerce, que não estava nos planos atuais, apenas para o futuro e a diminuição da produção.
“A gente tinha 11 produtos na nossa linha. Estamos comercializando apenas 6 da nossa linha base porque está temerário manter estilos sazonais e especiais no ar, ficar estocado com eles. Tem que escolher muito bem a dedo o que a gente vai fazer”.
Escolhendo estilos
Na hora de ver a sua cervejaria como um negócio, qual a melhor forma de atuar? Na Babel, o foco é trazer várias linguagens concentradas, várias escolas cervejeiras. Enquanto isso, na Cevaderia, o objetivo é atender as demandas do mercado, mas com personalidade, oferecendo cervejas com experiências diferentes, pois ignorar o mercado é doloroso.