No episódio 25 do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, embarcamos em uma viagem para o Rio Grande do Norte para aprender mais sobre cerveja artesanal nordestina com Cyro Neto, da Hop Mundi.
Nordeste e a cerveja artesanal
Membro da Acerva potiguar praticamente desde o início, Cyro Neto, sommelier e mente criativa por trás da cervejaria Hop Mundi, está no mercado há um bom tempo. O especialista começou a fazer cerveja em casa, há cerca de 7 anos e foi expandindo seus negócios da mesma forma que a cerveja artesanal ganhou espaço no Rio Grande do Norte.
“A maioria das cervejarias daqui tiveram como berço a Acerva, a gente viu esse amadurecimento, esse crescimento do mercado. Hoje já estamos com 20 cervejarias no estado.”
Cyro conta que o local foi o estado brasileiro com maior crescimento em 2019 e que, apesar de ainda estar engatinhando, o mercado tem crescido bastante.
Cervejaria cigana
A Hop Mundi opera de forma cigana desde o seu início, mas apesar de não ter o espaço físico, a cervejaria conta com tanques próprios junto à sua parceira de produção.
“É um modelo que funciona na cidade. A maioria das cervejarias ciganas têm tanques porque os negócios são muito pequenos e estão começando.”
Cyro explica ainda o conceito de ‘cozinha ociosa’, já que o tempo de produção é bem menor em relação ao de maturação.
“Na parte quente é onde se produz a cerveja, de 6 a 12 horas. Depois é a parte fria, indo para os tanques fermentadores. Da fermentação ao final da maturação varia de 20 dias a 3 meses.”
Saiba mais sobre beer geek com Raoni. Ouça!
Expansão da produção e tipos de envase
O dono da Hop Mundi viu sua cervejaria ampliar seu público e ganhar público nacionalmente, saindo de uma produção local. A principal razão, Cyro explica que por questões logísticas e operacionais do envase, foi melhor expandir a produção para outros estados.
“Quando você está focado em vender dentro de um estado, a melhor alternativa é produzir dentro desse estado.”
“O envase é feito apenas em garrafas. Foi o principal motivo para que a gente migrasse para a startup com as lupuladas porque a gente quer atender esse mercado mais geek com lançamentos e novidades. E é um mercado que cada vez mais só aceita latas.”
Cyro conclui dizendo que a diferença no tipo de envase muda a luminosidade, o oxigênio e o peso, fazendo diferença no frete.
Clube de Assinaturas
Ao iniciar sua produção caseira, Cyro começou a ver pelo lado empreendedor e viu a possibilidade de aliar custo-benefício e pró-atividade ao criar um clube de assinaturas. Por uma mensalidade, o consumidor tem acesso a cervejas diferenciadas.
“O clube é um sustentáculo importante da cervejaria tanto para testar receita quanto para ativação da marca e fidelizar.”
O sommelier diz que o clube é uma oportunidade de entender o consumidor e testar o mercado, focando na experiência.
“Entendo que o clube para fazer sentido, não é só a venda de cervejas. As pessoas que entram para um clube querem ser parte de algo maior, mais exclusivo. Isso requer uma participação mais ativa do dono, eventos de integração e benefícios. Ele não está comprando uma cerveja, ele está pagando por uma experiência.”
Estilos cervejeiros
A linha criativa da Hop Mundi segue, de alguma forma, fazendo alusão a algum lugar do mundo visitado por Cyro, trazendo experiências, técnicas e ingredientes que remetem ao local.
A cervejaria tem experimentado trabalhar com cervejas envelhecidas em barrica, com a ideia de aproximar a cerveja do vinho com o objetivo de colocar a bebida como um produto gastronômico.