No programa de hoje, vamos fazer um Dueto Cervejeiro versão Brewpub. Para isso, nós do Surra de Lúpulo, estamos aqui com Daniel Ribas, do Brewpub Zanadu (BSB), e com Alex Maracajá, do Brewpub Realidade Alternativa (PB). Ouça agora, na íntegra:


 

✨ Deixamos o nosso agradecimento aos Mecenas Empresariais: Cerveja da CasaIris PayCervejaria UçáViveiro Van de Bergen, The Beer Agency, Prussia Bier e Passaporte Cervejeiro.

 

Conte um pouco sobre o seu brewpub!

 

torneiras de um brewpubAlex em 05’49’’: Estamos abertos há dois anos e meio. Começamos no meio da pandemia e logo que alugamos o imóvel para montar o brewpub, tivemos um ano inteiro de obra e abrimos em janeiro de 2021, o salão, com as regras da época. O nome Realidade Alternativa vem porque somos uma empresa familiar. Um dos sócios, o Adriano, ele já usava esse nome, então decidimos assumir mesmo esse nome. Porque é uma realidade alternativa visto que todos tem uma atividade fora da cervejaria. Cada rótulo é como se fosse um portal para uma realidade alternativa. E aí fomos montando os rótulos e construindo o storytelling das cervejas. Hoje temos fermentação de 2 mil litros, é bem pequeno. Esse ano, entramos para um festival de St. Patrick ‘s, que foi o maior festival de cerveja artesanal a nível de público que teve aqui. 

 

Daniel em 08’11: O início foi muito parecido. Tínhamos programado nossa grande abertura pra Abril de 2020, mas aí fechou tudo, deu aquele desespero. E no nosso projeto, a gente não tinha nada indicado para o envase. A gente só tinha desenhado pro brewpub, de consumo imediato. Aí em dezembro de 2020, finalmente conseguimos abrir e aí funcionamos direto. O nome vem da cidade Zanadu, que era uma cidade de veraneio, e era conhecida por ser um lugar místico, e uma galera escreveu poemas sobre. Achei o conceito interessante, de ser um brewpub minúsculo e ao mesmo tempo ser um oásis. Todo rótulo que lançamos tem a ver com o império Mongol ou relacionado à poética toda da cidade. Nossa capacidade é menor ainda, temos 3 tanques de 250 litros. O nosso foco é atender nosso próprio brewpub, temos cozinha com cinco petiscos que a galera gosta.  

 

Qual foi a experiência de vocês para conseguir regularizar o brewpub de vocês?  

 

foto do brewpub realidade alternativaDaniel em 12’09’’: Em Brasília, tem uma dificuldade extra em tudo o que a gente faz. Aqui, o plano diretor que normatiza toda a área central da cidade, é imutável. Então pra mudar isso, não sei quanto tempo vai demorar. Eu apostaria inclusive que a mudança vem em classificar cervejarias e brewpub como outro tipo de indústria. A nossa ideia era estar no centro da cidade e não podia. Então tivemos que achar um setor de oficinas, um comércio local, pra reformar tudo. A segunda dificuldade foi em relação ao local, disseram que se a gente fosse só fazer e vender direto, poderia abrir. Mas houve um desentendimento. Só que quando o MAPA foi envolvido, as coisas andaram. Foram compreensíveis e levaram em consideração a escala do brewpub. 

 

Alex em 16’29’’: Aqui a gente estava numa expectativa na época da aprovação da lei da prefeitura que possibilita abrir brewpub. E assim que aprovaram, a gente conseguiu uma residência e aí fizemos a adaptação. Mas conseguimos colocar numa área com restaurantes, padarias e outros bares. E não é tão longe da praia. Com o MAPA foi super tranquilo também, começamos a entrar em contato com eles, montando a planta, etc. O problema aqui foi a prefeitura mesmo, em relação ao meio ambiente

 

Daniel complementa que depois da abertura do Realidade Alternativa, outros brewpubs começaram a ser abertos pela região. Alex explica que ainda não entendem o conceito do brewpub e que cabe a eles mostrar isso para os clientes.

 

Vamos falar de negócios: a venda de vocês é restrita do Brewpub ou existe envase para vender para outros bares, lojas, e-commerce etc? 

 

Foto do brewpub zanaduDaniel em 25’22’’: Temos planos de certos tipos de expansão, né. Que é pegar o carro chefe que temos, seja lager ou IPA, e produzir de forma cigana, em lugar de extrema qualidade. Isso para fazer a disseminação da marca e estar além do nosso Brewpub. 

 

Alex em 26’18’’: No começo, logo que a gente abriu a gente ganhou o prêmio. Então fomos catapultados pelo envase e pelo aumento geográfico. E a gente fez isso meio que atropelado porque precisávamos aproveitar o hype do concurso. Mas é muito difícil fazer envase em garrafa de cerveja não pasteurizada. E aí a gente foi dando uma freada – na venda fora do estado. Dentro do estado, a gente percebeu que não adiantava muito vender pra terceiros se não fossem bares cervejeiros que tivessem zelo com a cerveja. Então demos uma enxugada e mantemos com um ou outro bar que sabem fazer o serviço direitinho. O envase, a gente deu uma parada geral. A lata é um ótimo investimento. Eu vejo muito que o futuro da cerveja artesanal é cada vez mais local, com cerveja fresca.

 

João Pessoa é uma cidade turística. Brasília é uma das cidades mais conhecidas pelo trabalho público. O que é melhor para os negócios? Turismo em alta ou uma cidade estruturada com grande parte da população tendo emprego estável e público?

 

Alex em 37’08: Acho que no caso do turismo, ele ajuda, óbvio. Mas você tem que ter um trabalho direcionado pro turista. E o turista querendo ou não, não segura o seu negócio. Então você tem que ter também o cara do dia a dia. Você tem que ter outra estratégia, como fazer ações em hotéis etc. Mas sua estratégia do dia a dia, não é voltada pra turista. Temos muitos clientes que já são cervejeiros e conhecem a gente por algum motivo e vem já direcionados. E esse cara repassa a indicação. Não chega a ser uma vantagem porque não segura o negócio, mas é um benefício sim. 

 

Daniel em 10’50’’: O funcionalismo público é bom porque existe uma estabilidade enorme. É uma galera que ganha acima da média, então é um bom lugar para ter um bom produto de maior valor. Mas nosso trabalho não é só esse. Precisamos convencer a galera a sair de casa e ir convencer a Zanadu. E estão construindo novos prédios, próxima a rua da Zanadu e estamos enxergando como potenciais futuros clientes.

 

Motivos pelos quais vocês decidiram ser brewpubs e não uma cervejaria cigana?

 

foto de uma mão segurando um pint de cervejaDaniel em 43’10’’: Na hora que você decide que vai mexer com cerveja, todos os projetos possíveis passam pela cabeça. E no final das contas, a gente apostou no brewpub inspirado na cultura que tem lá fora, da tradição de pub, que falta no brasil. Acho que mais pessoas deveriam se aventurar no mundo da cerveja. Acho que ainda é o único comércio que tem poucos. E pra produzir algo pequeno em escala, a venda direta é uma ótima solução.

 

Alex em 05’33’’: Eu acho que o pior é você não ter o dinheiro, não ter tempo e vai lá ainda inventa isso. Mas no nosso caso foi porque aqui por perto, a gente só conseguia uma ciganagem de 1 litro. E outro só podia se você comprasse o fermentador e deixasse na fábrica do cara. Aí a gente comprou dois fermentadores de 500 litros, e pensamos que vender com o conceito da marca seria mais fácil e teríamos um payback melhor. A dificuldade eu acho que era igual, sabe? Tem cigana que fechou, tem brewpub que não conseguiu abrir. A gente vive num país complicado com alta taxa de imposto. 

 

Obrigada pelo papo incrível, pessoal!

 

✨Leia tambémE o lúpulo nacional, hein? com Felipe Wigman e Victor Marinho

✨ O que bebemos durante o programa? Daniel bebe Czech Pale Lager, da Zanadu; Alex bebe café; Lud bebe Dádiva Eazy Golden Age, sem álcool (0,5); Leandro bebe Heineken 0,0.

Nana Ottoni

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