O Anuário da Cerveja 2025, divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) com dados referentes a 2024, é hoje a principal fonte oficial sobre o mercado cervejeiro brasileiro. Além de orientar políticas públicas, serve como guia estratégico para cervejarias artesanais e grandes indústrias.
Assim sendo, neste episódio especial do Surra de Lúpulo, Ludmyla Almeida e Henrique Boaventura conversam com Vítor Câmpio de Oliveira, auditor fiscal do MAPA, para analisar os números, identificar tendências e discutir o que eles significam para o setor.
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Principais destaques do Anuário da Cerveja 2025 do MAPA
O Anuário trouxe novidades e confirma tendências importantes no mercado no Brasil:
Crescimento das cervejas sem álcool e sem glúten
- Sem álcool: alta de 536,9% em relação a 2023, representando quase 5% de toda a produção nacional.
- Sem glúten: crescimento de 130%, somando 71 milhões de litros em um mercado de 15,3 bilhões de litros.
Dessa forma, fica evidente que o perfil de consumo no país está mudando, o que abre novas oportunidades tanto para cervejarias artesanais quando para grandes indústrias.
Empregos e abertura de novas cervejarias
Atualmente o setor emprega cerca de 42 mil pessoas diretamente.
- Novos registros: 213 aberturas.
- Cancelamentos: 111 registros encerrados.
- Saldo final: 102 novas cervejarias, totalizando 1.949 ativas.
Ou seja, isso equivale a quase uma nova cervejaria a cada dois dias úteis!
Produção concentrada em poucas empresas
A produção de cerveja no Brasil é, como se imagina, altamente concentrada:
- Apenas 1% dos estabelecimentos responde por quase 50% do volume nacional.
- Os 5% maiores produtores concentram 98,8% da produção total.
Em outras palavras, a presença de grandes cervejarias explica essa concentração, enquanto a maior parte das artesanais atua com volumes menores e um foco mais regional.
Onde estão as cervejarias no Brasil
Esse foi o ranking de estados com mais cervejarias em 2024:
- São Paulo – 427
- Rio Grande do Sul – 349
- Minas Gerais – 257
Embora o Sul do país mantenha forte tradição cervejeira, São Paulo lidera pela combinação de população numerosa e força econômica.
Além disso, a dispersão geográfica segue em expansão:
- 14,7% dos municípios brasileiros (790 cidades) possuem pelo menos uma cervejaria.
- Tocantins teve o maior crescimento proporcional (+50%).
- Goiás registrou a maior queda (-4 estabelecimentos).
Impacto das crises e catástrofes
As enchentes históricas no Rio Grande do Sul em 2024 afetaram diretamente o setor. O estado teve 32 cancelamentos de registro — quase 30% do total nacional. Ainda que nem todos os casos estejam ligados ao desastre, é inegável que os impactos econômicos e logísticos prejudicaram tanto a produção quanto o consumo.
O desafio de medir o mercado cigano
Uma questão ainda sem resposta oficial é quantas cervejarias ciganas existem no Brasil. Atualmente, o MAPA registra apenas as plantas fabris, sem contabilizar as marcas que produzem nelas.
Por isso, há discussões para que a declaração de produção inclua a distinção entre volume próprio e volume produzido para terceiros, permitindo estimativas mais precisas.
A polêmica sobre o termo “cerveja artesanal”
Não existe definição legal no Brasil para “cerveja artesanal” ou “microcervejaria”. Assim, para Vítor, o debate deve focar menos no nome e mais em critérios como volume de produção para fins de tributação diferenciada.
Vale lembrar que, em outros produtos como vinho e suco, o termo “artesanal” está associado à agricultura familiar. Logo, qualquer regulamentação no setor cervejeiro precisaria considerar impactos fiscais, sanitários e de mercado.
Um retrato para decisões estratégicas
O Anuário da Cerveja se mostra como mais do que um levantamento estatístico: na prática, é um guia para empresários, investidores e formuladores de políticas públicas.
Assim sendo, os dados ajudam a:
- Detectar tendências de consumo (como o boom das sem álcool e sem glúten).
- Identificar oportunidades regionais.
- Avaliar a evolução do número de estabelecimentos.
Conclusão: um setor que amadurece
O mercado de cerveja no Brasil continua crescendo, embora em ritmo mais moderado. Tendências como as cervejas sem álcool e sem glúten ganham espaço, enquanto questões estruturais — como mensuração de ciganos e definição legal de microcervejarias — permanecem em debate.
Como resume Ludmyla: “o número pode ser pequeno, mas é nosso”. No fim das contas, é essa construção contínua que mantém viva a chama da cerveja artesanal no país. 🍻