No episódio 17 do nosso podcast sobre cervejas artesanais, Surra de Lúpulo, é momento de voltar ao começo e ter um programa dedicado à cerveja artesanal para iniciantes com Leandro Viu, do ICB.
Mestre em estilos, sommelier de cervejas e com mais de 100 palestras ministradas sobre o assunto, Leandro é um especialista sobre essa paixão que a cada ano que passa ganha novos adeptos. Mas muitos se perguntam: por onde começar para gostar e ficar com as cervejas artesanais? Chegou o momento de descobrir.
Ouça o programa com Daiane Colla e aprenda mais sobre harmonização de cervejas com charutos
Conhecendo cervejas artesanais
Para Leandro Viu, a porta de entrada para este mundo é a curiosidade. As pessoas já estão acostumadas com a rotina de tomar sua cervejinha mainstream e vai descobrindo que existem outros caminhos.
“É muito importante seguir uma sequência degustativa para não ficar muito impactado e pular um degrau”.
Os 5 sentidos da cerveja
O especialista aponta que o ato de experimentar uma cerveja está vinculado aos 5 sentidos: audição, visão, olfato, paladar e tato. Ele aproveita para explicar como desenvolver e apurar cada um deles.
Audição
“É no momento em que você abre a cerveja, aquele famoso barulhinho de pressão. Nesse momento, se você tem uma cerveja que você sabe que precisa ter uma carbonatação, um gás bem presente, e você abre e não faz esse som, você já liga um alerta. Esse som estimula o consumo.
Visão
“A gente vai analisar a cor da cerveja, o brilho ou a turbidez. Se ela é amarela clássica, dourada, mais escura…, geralmente, a cerveja que tem brilho é filtrada ou tem algum tipo de clarificante. No caso de não filtrada, vai ser mais turva. E se analisa também a formação e a persistência de espuma, como ela se forma e o quanto ela persiste no seu copo”.
Olfato
“Através do olfato, você vai analisar todos os aromas da cerveja e, de acordo com o estilo, tem inúmeras possibilidades, das cervejas menos complexas às mais complexas”.
Paladar e Tato
“No paladar, a gente analisa o sabor e também, através do tato, analisamos algumas sensações. Se ela tem bastante carbonatação, gás…, sentimos através do tato e do paladar essas sensações e também a temperatura. Além do corpo no tato e o sabor no paladar (gosto + aroma + sensação)”.
Por onde começar a degustação
O mestre em estilos acredita que o mercado já vem acostumando o consumidor com coisas diferentes, como a moda das puro maltes e a Heineken. Mas Leandro destaca que deve-se começar por uma escala, com cervejas menos alcoólicas e amargas e fazer um movimento crescente.
O estilo ideal para começar seria a Weiss, por não ser amarga e ter bastante sabor, apesar do aroma complexo, ainda é uma cerveja fácil. Leandro também destaca a Witbier como uma boa bebida para iniciar no mundo artesanal.
Construindo a biblioteca sensorial
A experiência de degustação de cervejas passa por diversos aspectos, dentre eles a construção de uma biblioteca sensorial, mas que não pode ser afetada pela memória afetiva, que deve ser deixada apenas para um consumo despretensioso. Leandro então explica um pouco mais sobre como desenvolver as sensações.
Ouça o episódio com Edu Passarelli e aprenda mais sobre biblioteca sensorial
“Ela tá relacionada as nossas experiências de vida. Você vai em um lugar, sente o cheiro e lembra de alguma coisa. Dá pra treinar e construir? Dá! A gente constrói com treino. Eu vou pegar um alimento, sentir o aroma e repetir algumas vezes o nome daquela fruta, você vai gravando e quando sente o aroma em outro lugar, o cérebro puxa. É ir aguçando os sentidos, sendo curioso”.
Cervejas mainstream
Leandro explica que o termo mainstream se dá a uma posição de mercado da cerveja e não ao estilo. Ou seja, ela pode ser mainstream e ser uma premium lager, american lager…
“Aqui no Brasil é muito comum você ver escrito Pilsen como estilo. É exatamente o estilo dela? Não, mas é como a gente está acostumado a ver no nosso mercado, mas não é o estilo dela se a gente for seguir as diretrizes de estilo”.
Ouça Júnior Bottura, da cerveja Avós, falando sobre a diferença entre Ale e Lager
O especialista destaca que o uso de puro malte para destacar um rótulo é mais utilizado como marketing do que relacionada à qualidade em si.
“Tem produtos que você vê como puro malte que não são tão bons como os que tem adjunto e o adjunto não é um vilão”.