No episódio 48 do Surra de Lúpulo, nosso podcast de cerveja artesanal, nosso convidado especial é o surfista profissional, base jumper, artista multifacetado e um dos fundadores da cerveja Praya – cuja receita ele é o criador! –, Marcos Sifú. A Praya é uma witbier, que acaba de receber o selo de Empresa B Certificada®, CARBONO NEUTRO 100% natural, vegana e sem aditivos químicos, graças a um rígido controle no processo de industrialização de toda a cadeia e de sua receita única.
Sifú conta que sua história e a da cerveja que hoje é seu trabalho, como acontece em muitos casos, se misturam. Surfista profissional, em uma de suas muitas viagens pelo mundo, Sifú teve contato pela primeira vez com uma cerveja artesanal em 2005, na Califórnia. “Um amigo me buscou no aeroporto e me levou no bar e um amigo. Lá dentro ele me disse ‘vou te apresentar a melhor cerveja daqui’. Ele voltou com um copo de cerveja turva e com uma rodela de laranja. Eu achei aquilo super esquisito, mas, quando provei, foi amor ao primeiro gole. Passei a procurar witbiers em todos os lugares que eu ia, mas quando voltava ao Brasil a realidade era outra”, relembra.
Anos depois, na mesma Califórnia, Sifú foi apresentado ao homebrew (“Eu estava em uma festa em que o dono da casa era homebrewer. Aluguei o coitado a noite inteira com milhões de perguntas”) e, já apaixonado pelo estilo, resolveu começar a testar sua própria receita de witbier. Quando enfim chegou ao resultado esperado (“Para mim, produzir cerveja é ir corrigindo defeitos”), percebeu que o produto que tinha em mãos e que encantava hordas de amigos que se juntavam em sua casa para beber (“Sem pagar nada!”) tinha potencial para ser comercializado e, em 2016, nascia a cerveja Praya, marca hoje tão presente nos bares e gôndolas do eixo Rio-São Paulo, mas também bastante distribuído por todo o Brasil.
“Quem já tomou Praya uma vez, sempre vai saber o que é a Praya”
A história da Praya foi sendo moldada ao longo do processo. Sifú acabou encerrando a carreira de surfista e mergulhou de cabeça no mundo da cervejaria. O que antes eram 2 mil litros mensais viraram 40 mil e hoje a Praya é fabricada em duas cervejarias (Paraná e interior de São Paulo), atuando com desempenho e penetração de mercado excepcionais no segmento das cervejas artesanais de entrada. “Sempre achei que o modelo de negócio que importamos das cervejarias norte-americanas, de produzir todos os estilos, não se alinhava muito com o Brasil. Acho que a witbier combina com o nosso clima, então resolvi investir e construir uma marca single product. A Praya tem corpo leve, álcool e amargor baixos, características que combinadas criaram um produto de baixa rejeição. Quem gosta de uma cerveja mais leve e de sabor apurado curte o sabor do que a gente oferece”.
Sifú e os sócios defendem o modelo de negócio single product e não tem planos de expandir a Praya para outras linhas de rótulos. “Temos várias cervejarias no Brasil construindo marcas voltadas em lançamentos e isso é ótimo. Quando uma pessoa pede para lançarmos outras linhas eu recomendo que ela se aventure porque existem muitas cervejas brasileiras excelentes no mercado. A nossa ideia é criar uma identificação acessível e ao mesmo tempo forte enquanto cerveja artesanal, com penetração em diversos espaços e públicos. Um dos nossos objetivos é ser, no futuro, uma local beer de referência no Brasil e no mundo. O cara vai para o México e bebe Corona, o cara vai para Bali e bebe Bintang. Um dia quem sabe as pessoas cheguem no Brasil e enxerguem que a Praya é uma cerveja de identidade Brasileira”, explica Sifú. “A gente fez uma cerveja fácil de beber e estamos construindo uma marca com conceito, design e ideologia bem legais. Somos uma marca extremamente preocupada com responsabilidade ecológica, corremos atrás de certificações que reflitam nossa forma de pensar enquanto indivíduos. Eu não me arrependo nem um pouco do caminho que estamos traçando.”